domingo, 3 de maio de 2009

Capítulo Vinte e Um - Reencontro

Eu aproveitei as horas que eu tinha voado para botar meus pensamentos no lugar. Não que desse muito certo. O ronco do senhor ao meu lado não me deixava dormir e a incerteza de Thomas estar em Fortaleza me consumia. A aeromoça me perguntou se eu estava bem em três línguas diferentes, até chegar ao inglês de novo. Respondi que sim e agradeci. Desde então ela não tirou os olhos de mim nem um segundo.
Resolvi me acalmar então. Pensar nos meus pais me acalmaria, ou não. Eles não me deixariam sozinhos sem ter uma desculpa a dar pelo dia, ou dois, que passei longe. Lembrar da mentira que eu teria que bolar me fez arranhar a palma de minhas mãos de nervosismo.
- Você já andou de avião? - Uma senhora ao meu lado me perguntou em português. Assenti. Ela sorriu e voltou a se encostar na cadeira.
Encostei-me também e fechei os olhos. Eu sabia como me preocupar com as coisas antes do tempo, o ruim era tirar as preocupações da cabeça.
Depois de algumas longas horas a aeromoça anunciou nossa chegada em inglês e depois em português. A luz de apertar os cintos acendeu e eu coloquei-os depressa. O avião baixou e eu, enfim, sai em um lugar que conhecia.
Arrastei minha bolsa grande e a pequena botei nos braços. Encostei a bolsa grande nos bancos e me sentei lá. Abri a bolsa pequena e tinha uma carteira de couro marrom. A abri e estava repleta de dinheiro. A fechei depressa, eu já estava no Brasil afinal de contas. O celular estava desligado e o liguei.
Ele começou a tocar segundos depois de ligado. Era o número que eu conhecia.
- Thomas? - Falei sem fôlego. Ouvi um suspiro dele e eu sorri.
- Onde você está, querida?
- Sentada em um banco.
- Estou lhe vendo. - Ele disse e eu me levantei.
Passei a vista por o meio das pessoas na minha frente, levantei os pés e nada. Olhei para trás de mim e fiz o mesmo, e nada. Virei-me para frente e o vi a dez centímetros de mim. Meu coração acelerou covardemente e eu vi o sorriso perfeito dele na minha frente.
Os olhos dele traziam um azul claro, como um céu sem nuvens. O barulho perturbador do local parou e eu sorri para ele.
Agora éramos apenas nós, sem loiras loucas ou vampiros.
Lembrei de que ele era um vampiro agora. Baixei a cabeça tentando consertar meus pensamentos.
Eu poderia me sentir apaixonada com alguém que não se encaixava na realidade? Ele olhou nos meus olhos e eu esqueci de tudo no momento. Sim, eu poderia me apaixonar por ele.
Sorri o mesmo sorriso que tinha se desfeito do meu rosto. Senti a mão dele na minha cintura e seu rosto se aproximou do meu. Meu coração acelerou novamente.
Eu fechei os olhos e senti a respiração dele na minha pele. Tentei igualar minha respiração à dele, mas parecia impossível.
Ele encostou seus lábios nos meus e, se suas mãos não estivessem em mim, eu cairia. Nos beijamos, não como antes, mas com um amor que agora nós dois sabíamos que éramos retribuídos. Consegui botar minha mão sobre sua nuca.
Soltei meu rosto do dele pela falta de ar. Baixei a cabeça tentando fazer meu coração bater normalmente.
- Pronta para ir? - Ele perguntou.
- Pronta.
Ele pegou minha mala e a carregou junto com a dele de mão, levei minha bolsa pequena em um braço. Demos as mãos e atravessamos o aeroporto até chegar à empresa aérea que ia para Juazeiro.
Uma moça atrás da bancada sorriu para nós educadamente.
- Duas para Juazeiro. - Ele disse.
- O primeiro vôo é daqui a duas horas.
Thomas olhou para mim e depois para moça.
- Duas, por favor. - Ele repetiu.
Demorou um tempo até que a moça nos entregasse as passagens.
Com as passagens compradas nós fomos atrás de um restaurante no aeroporto. Notei agora que minha barriga roncava. Nada estava no meu agrado, até achar um McDonalds. Nada melhor que uma boa cota de gordura depois de passar dois dias sem comer.
- Isso não vai lhe fazer mal? - Thomas perguntou quando a gente entrava no McDonalds.
- Quero isso. - Fiz de teimosa.
Fui para o balcão e pedi. Paguei com o dinheiro da bolsa que Sophia havia me entregado.
Sai com minha bandeja para a mesa onde o Thomas estava sentado e as bolsas aos pés. Sentei-me e devorei meu Cheedar enquanto ele fazia caretas olhando para meu sanduíche delicioso.
- Temos uma hora e alguns minutos de sobra. - Ele disse quando eu acabei de comer.
- Que tal conversarmos sobre a desculpa que devo dar a minha mãe por passar.. er... alguns dias fora.
- Dois. - Ele ficou em silêncio e encarou o nada, parecendo pensar. - Vamos dizer a verdade. - Arregalei os olhos. - Vamos dizer que você foi sequestrada por uma mulher. Eu a achei depois de um dia procurando. Ela fugiu e pronto. Nada de dizer fora do país. Ou sobre quem eu.. sou.
- Parece bom. E toda minha família vai lhe idolatrar. - Ele riu.
- Esse é um dos motivos da história.
- Mas e quanto a minha roupa? Eu não devia estar vestindo a mesma?
- Diz que ela mandou você trocar. O que ela fez.
- Verdade.
Com minha história pronta eu me senti mais tranquila. Um pouco. Eu ainda tinha um frio na barriga que não dava para explicar por que. Talvez por querer gritar de medo, mas meu coração não deixava eu me afastar do Thomas.
Ele mexia em algumas coisas dentro da bolsa dele enquanto eu o observava.
Toda vez que eu o olhava ele estava mais lindo. Talvez a beleza dele estivesse relacionada ao que ele é. Todos os vampiros que eu havia visto esses dias eram maravilhosamente lindos.
- Vamos? - Ele interrompeu minhas lembranças dos vampiros. Assenti com a cabeça e seguimos de mãos dadas para um banco vazio.
Ele voltou a mexer na bolsa. Me distrai com as outras pessoas, para tirar minha cabeça dele. Passou um grupo de quatro meninas, todas olhavam para o Thomas. Será que se elas soubessem que ele é um vampiro continuariam olhando para ele e fazendo comentários sobre sua beleza? Elas sentariam ao lado dele sabendo disso? Elas o amariam mesmo sabendo de toda a verdade? Duvidava que sim.
Ouvi a bolsa sendo jogada no chão e pulei de susto. Ele passou o braço no meu ombro e eu segurei a mão dele no meu ombro. Ficamos o resto que faltava de tempo ali, sem dizer uma palavra. Apenas aproveitando a presença um do outro, e eu mais ainda. Sabia que quando minha mãe soubesse do meu suposto sequestro eu ficaria em casa e quando fosse sair seria com ela ou o papai. Mas por o Thomas ter, supostamente, me salvo, eles iriam o idolatrar.
Minha mente agora foi para 600 quilômetros dali. Meus pais sempre eram tão atenciosos comigo, sempre tão amáveis, tão amados. Meu irmão, tão lindo e eu o amava tanto. Minhas melhores amigas, que sempre me davam atenção demais comparada a minha com elas. Eu os amava tanto, e eu nunca me perdoaria se qualquer coisa acontecesse com eles por um dos vampiros. E sem esquecer do meu novo amigo, que ele com certeza seria um grande amigo.
- Está na hora do avião. Vamos?
Assenti com a cabeça e nós fomos para a sala de embarque.
A viagem foi igualmente silenciosa, mas boa.
O aeroporto de minha cidade era minúsculo comparado com o de Fortaleza e principalmente o de Los Angeles, mas estava cheio de gente. Pegamos as malas e fomos para o estacionamento, onde o carro preto dele estava na frente da porta.
- Deixou o carro aqui? - Perguntei.
- Eu não pretendia lhe abandonar.
Eu sorri para ele e ele abriu a porta do passageiro pra mim.
Passei a mão no seu pescoço e depois na sua nuca. Ele aproximou nossos rostos e encostou os lábios nos meus. Nos beijamos por um bom tempo, até meu ar acabar totalmente.
Ele encostou nossos rostos enquanto eu tentava ajeitar minha respiração desregular.
- Eu amo você. - Eu sussurrei.
- Eu também amo você.
Ele beijou minha testa e eu entrei no carro.
O caminho conhecido para minha casa estava me dando náuseas.
- Seus pais e a Amanda vão voltar para cá?
- Espero que sim. Gostaria de viver com vocês quatro.
- Eles gostam de mim, né?
- Claro que gostam. Principalmente o Richard.
- Não parece.
- Ele entende o que eu sinto por você mais do que ninguém.
- Quer dizer que ele e a Sophia... - Não terminei a pergunta e ele assentiu com a cabeça.
- E a Amanda ainda falta.
- Eu adoro ela. Ela parece tão... - tinha alguma palavra para descrevê-la? - única.
- Amanda é especial. Ela é uma criança, apenas quer ajudar a todos. - Houve silêncio. - Queria um dia conhecer sua família e poder falar de todos.
- Meu pai é protetor. Ele tem um jeito de querer esconder todo o amor que sente, mas a gente sempre nota. E ele é um completo louco por minha mãe. Pra ele só existe uma mulher no mundo: minha mãe. Minha mãe é... perfeita! Ela parece ser aquelas chatas, sabe? Mas ela é a melhor pessoa que eu conheci. Ela tem essa maneira de saber o que você quer, pensa. Meu irmão é uma criança. Ele sempre tenta esconder as coisas, mas nunca dá certo. Ele é lindo e legal. Ele tem bons amigos e é um bom amigo.
- Parece uma família e tanto. Mas e quanto à seus amigos?
- Bom. A Ana é tão absurda. Ela tem os olhos cor de mel e cabelos como um anjo, mas não parece nada como um anjo, sabe? Mariane é o tipo de pessoa que lhe conquista com as palavras. Ela com certeza seria uma boa escritora e namorada. De bons amigos eu só tenho elas.
- E quanto a um menino da sua escola? Amanda me contou.
- Ah. O George. Ele é tão legal e tem uns olhos lindos.
- Hã? - Thomas abriu a boca em sinal de indignação.
- Não chegam nem perto dos seus, querido. - Ele sorriu. - Ele é bem legal e talvez eu vá ser muito amiga dele.
- Que bom, querida.
Nosso caminho tinha acabado e agora estávamos na frente do meu condomínio. Thomas baixou o vidro e eu me estiquei pra falar com o porteiro.
- Deixe-me entrar, por favor. - Falei com voz de cansaço e ele abriu o portão depois de abrir os olhos surpresos.
Thomas subiu o vidro e entramos no condomínio.
- Boa atriz.
- Acabei de ser sequestrada.
Minha casa parecia a mesma. As paredes continuavam em um branco perfeito com as janelas de vidro e suas cortinhas claras. A porta azul ainda tinha o mesmo tom de azul. Paramos o carro e vi minha mãe abrindo a porta da frente.
- Fique ai. - Thomas disse saindo do carro.
Ele e minha mãe passaram pelo carro para meu banco. Fiz cara de triste e abatida, afinal eu acabara de ser sequestrada. Thomas abriu a porta e minha mãe se ajoelhou perto de mim, envolvendo os braços em minha volta. Botei meus braços nela. Que saudade que eu tinha dela. Eu não sabia o que aconteceria a ela se eu não voltasse. Os olhos dela estavam vermelhos, juntamente com seu nariz. Eu fiz o máximo para sorrir um sorriso abatido pra ela. Creio que funcionou, pois ela voltou a me abraçar.
- Querida, você está bem? - Assenti com a cabeça e vi meu irmão chegando.
- Me tire daqui, sim? - Pedi para o Thomas e ele me ajudou a sair do carro.
Passei um braço no pescoço dele, como se precisasse de ajuda até para andar. Paramos na frente do Bruno e ele me abraçou apertado. Usei minha mão livre para abraçá-lo.
- Que saudade. - Ele disse.
Ouvi um carro parando na nossa frente e estiquei o pescoço para ver. Meu pai estava descendo do carro, deixando a porta aberta.
Ele chegou perto de mim e eu soltei o braço do Thomas e cai em seus braços. Ele me abraçou, me segurando, pois eu botava meu peso nas pernas.
- O que houve querida? - Ele perguntou.
- Vamos lá para dentro.
Ele passou meu braço pelo seu pescoço, como o Thomas. Usei meu braço livre para chamar o Thomas para entrar com a gente.
Meu pai me botou no sofá e minha mãe sentou ao meu lado, botando minha cabeça no seu ombro e me dando toda a atenção. Meu pai sentou do outro lado e o Bruno sentou ao lado da mamãe.
- Sente-se, por favor. - Minha mãe falou e o Thomas sentou no outro sofá.
- Então.. O que houve? - Meu pai repetiu a pergunta.

GEEENTE, que saudade KK Mas eu voltei ok? Com esse capítulo eu descobri que vai demorar um pouquinho mais para acabar, mas não muito ok? :D Bom gente, espero que goste do meu capítulo depois de quase um mês. Superbeijo :*

8 comentários:

  1. amém! ;) {+1
    Poxa por favor não demore mais tanto tempo assim para postar! Estava quase arrancando todos os meus cabelos!
    O cap. ficou otimo!
    Beijooo

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  2. Poxa por favor não demore mais tanto tempo assim para postar! Estava quase arrancando todos os meus cabelos!
    O cap. ficou otimo! (+1

    caara,qe bom que vai demora um pouco mais pra acabar o/
    mas tomara que voce nao demore tanto mais pra pstar o proximo cap. *-----*

    beijos :*

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  3. Oba...Amei o capitulo!!
    Não demore a postar!
    =D

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  4. Capítulo Doze acabou de sair, olha lá, por favor! *.*
    http://historiamaisqueavida.blogspot.com/2009/05/capitulo-doze-cicatriz.html

    beeijos!

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  5. Nova leitora \o/
    A história tá muito boa... ^^
    Me deu até uma inspirada pra história que eu estou escrevendo, mas meus vampiros não são tão... resplandecentes... xD

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  6. Capitulo 12 postado lá pri, dá uma olhada depois *-*

    e poosha, saudades de mais do Roberto/Thomas e da Viviane ;( vê se posta loogo,

    beeijos :*

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