sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Capítulo Seis - Celular

Ela balançou a cabeça e foi o suficiente para eu sentar na frente dela. Puxei um cardápio que estava na minha frente e olhei as opções. Eu nunca comi hamburguer, ou coisas do tipo. Não me faz mal, tem o mesmo gosto, eu só prefiro outras coisas.
- Você me indica alguma coisa? - Perguntei sem tirar os olhos do cardápio.
- Peça o de picanha, é o melhor.
Balancei a cabeça ainda sem tirar os olhos do cardápio. Era fácil escolher. Mas como eu pediria? Nunca fui nessas lanchonetes, ou em qualquer outra.
- Não sei comer nesses cantos. Pode me ajudar?
- Você nunca comeu aqui? - Ela perguntou como se fosse obvio comer ali. Se ela soubesse o que eu preferiria. Balancei a cabeça respondendo a pergunta dela. - Vamos.
Ela se levantou e me puxou pelo braço. Se eu tivesse um coração estaria batendo igual ao dela, freneticamente. O coração dela acelerar foi como uma música de sua banda favorita em um show. Ela continuou andando, me segurando, até o balcão. Ela soltou meu braço e seu coração ainda estava frenético. Sorri vendo como aquilo era bom para mim.
- Vai pedir aquele mesmo? - Ela interrompeu o meu momento de apreciação.
- É grande? Não estou com muita fome. - Na verdade nenhuma.
- Vou pedir um pequeno então. - Ela se virou para a atedente sorridente e jogou seus cabelos contra mim. O cheiro dela era doce e único. Não era possível alguém ter aquele cheiro. Inalei todo o ar que possuia o cheiro dela. - Queria um X-Burguer normal. Alguma coisa para beber? - Ela se virou para mim de vez fazendo seu cabelo bater no rosto.
- Não.
- Seis e cinquenta. - A mulher atrás do balcão disse.
Tirei o cartão do bolso e a mulher o passou na máquina. Alguns segundos depois ela o devolveu para mim.
- Vamos. - Ela disse.
Ela deu as costas e passou em direção à mesa onde estávamos. Ela não encostou em mim. Sorri vendo ela andar mexendo nas mãos soltas. Ela sentou-se e eu também. Uma mulher veio deixar uma bandeija com um sanduiche grande para ela.
Viviane comia como uma humana desajeitada, mas com elegância. Eu não pude disfarçar que estava olhando-a. A mesma mulher de antes veio deixar uma bandeija com um sanduiche da metade do tamanho do que a Viviane pediu para ela. Olhei para aquele bolo de comida, não tão gostosa.
- Você não gosta? - Ela perguntou rindo. Fiz uma careta para o sanduiche e olhei para ela. Ela mastigava um pedaço do seu sanduiche com tanta beleza. - Tô melada?
Ela pegou o porta-guardanapo em cima da mesa e puxou um lenço limpando a boca.
- Não, não. Você é bonita de se ver.
Ela ainda olhava para mim. Eu sorri para ela e virei o rosto para o lado. Era uma coisa que deixava os humanos confortáveis, saber que éramos desconfortáveis com algumas situações tanto quanto eles. Ela ainda olhava para mim. Virei-me para ela me esforçando como antes para não tirar o barulho dos ovidos daquela garota.
- Se você não gosta. Porque pediu?
- Não sei. - Disse no meio de um suspiro. Eu sabia porque tinha pedido aquele bolo de comida. - Eu tive medo de lhe perder de vista. - Soltei sem querer.
- Oh.
Eu continei olhando para ela, mesmo ela estando com um toque rosado no rosto. Eu sorri e ela deu um meio sorriso perfeito para mim. Ela baixou a cabeça para a sua bandeija vazia.
- Desculpe. - Pedi. Não queria ter constrangido ela à esse ponto. Ela levantou o rosto olhando para mim.
- Não, está tudo bem. Não tem pelo que se desculpar. - Ela deu um sorriso forçado.
- Estou vendo.
- Não, sério. - Ela disse mexendo as mãos. - É que eu não estou acostumada a receber... elogios.
Sorri por dentro. Como aquela garota não recebia elogios? Ela botou os cotovelos na mesa e encostou o queixo nas mãos. Ela tem noção do quanto é bonita?
Eu queria saber mais sobre ela. Queria saber tudo sobre ela.
- Você é dona da loja? Marie's Story? - Perguntei tentando parecer uma pergunta comum.
- Minha mãe é. Só gasto o dinheiro.
Baixei a cabeça para o bolo de comida e o peguei. Dei uma mordida relativamente pequena e segurei uma careta. Viviane puxou o ar para não rir.
- Me desculpe perguntar. Mas você tem quantos anos? - Ela perguntou.
Minha idade era tão relativa. Eu podia controlar meu sistema, como todos nós, fazendo a gente parecer mais velhos. Mas nunca podia voltar. Eu mudei meu sistema para vinte anos, mas me arrependi quando vi aquela garota mais jovem que eu.
- Vinte.
- Sério? Pensei que tinha 17.
Ergui minhas sombrancelhas para não deixa-la sozinha na conversa. Mas eu olhava o bolo de comida me preparando para a próxima dentada.
- Não tem problema se não quiser comer. Gosto da sua companhia. Não precisa se sacrificar para ficar aqui.
Levantei a cabeça mas ela a baixou imediatamente. Ela acabara de dizer que gostava de minha companhia. Se eu não estivesse sentado eu cairia. Mas eu sabia que era isso. Quando um coração canta para um vampiro, vai existir amor entre os dois. Ela mordeu o lábio inferior.
- Tudo bem então. - Empurrei um pouco minha bandeija quando ela olhou para ela. Ela sorriu ainda de cabeça baixa.
- Você gosta da minha compainha? - Perguntei e ela ficou vermelha. Ela riu nervoso. - Certo. Não vou deixar mais você vermelha. - Ela levantou a cabeça e olhou para mim enquanto eu sorria como um bobo. - E você tem quantos anos?
- Dezessete. Sou uma criança comparando à você.
- Não a vejo assim. - Eu disse.
- Obrigada.
- Você sabe meu sobrenome e eu não sei o seu. - Disse em um tom brincalhão para não confundir ela.
- Viviane Marie Duarte.
- A loja levou o nome por sua causa? - Franzi a testa para demostrar interesse.
- Não. O nome de minha mãe é Marie. Eu só peguei o segundo nome.
- Seu pai tem a loja também, ou...?
- Ele é empresário de muitas lojas daqui. Mas porque o interrogatório? - Eu disse rindo.
- Desculpe. Só queria saber mais sobre você.
- Não precisa pedir desculpas. Estava brincando. - Ela disse com um meio sorriso.
Eu ri ajudando passar aquele momento e ela riu junto comigo. Sua risada era de uma criança de apenas dois anos mas com voz de alguém mais velho. O telefone dela tocou atrapalhando a nossa risada. Ela pegou a bolsa nas costas da cadeira e tirou o celular de dentro.
- Oi, mãe. - Ela disse olhando para o nada. - Já estou indo. - Ela desligou o celular e o jogou de volta na bolsa.
Ela botou a bolsa no ombro e se levantou. A acompanhei.
- Tenho que ir. - Ela disse.
- Certo.
Eu estava tão perto dela agora. Nossa distância era mínima agora e eu podia sentir o cheiro dela de novo. Ela balançou os lábios tentando falar alguma coisa, depois fechou a boca.
- Você parece meio perdido aqui. Vou te dar meu telefone. Você pode ligar quando se sentir perdido. - Ela disse e eu sorri. Ela me queria por perto?
- Obrigado. - Eu disse e tirei o meu celular do bolso. A entreguei e ela ficou o olhando por alguns segundos.
Ela digitou o seu número e seu nome e salvou. Me entregou o celular e sorriu.
- Pode ligar. Tchau. - Ela me deu as costas e saiu andando.
Sai andando com mais calma que ela e sentei em um dos bandos do shopping. O que tinha sido aquela noite para mim? O coração dela tinha uma armonia graciosa de ovir. Ouvi o som e me ajeitei na cadeira. Esperei o som chegar perto e a vi com um homem, deve ser o pai pelos olhos, com um braço na cintura dela. O que eu daria para estar no lugar dele? Ela mexeu em uma mecha solta do cabelo e quando levantou a vista deu de cara comigo. Ela sorriu e não me olhou nos olhos. Eu sorri de volta e ela continuou andando com aquele homem.
Fui para o estacionamento e peguei o carro branco. Dirigi até o condomínio dela e o parei um pouco distante. Corri para dentro das árvores. Hoje tinha um barulho vindo do meio da praça. A vi andando em direção a uma das ruas com árvores divindido do condomínio. Ela estava concentrada no chão. Subi em uma das árvores e fiz um barulho que a fez olhar para trás.
Ela olhou para a sua casa e depois para as árvores novamente. Ela mordeu o lábio e deu passos até a árvore que eu estava. Ela podia me ver? Ela balançou um galho e eu me mexi agitando as folhas da árvore toda. Ela se assustou e quando deu um passo para trás bateu em uma das pedras do calçamento e caiu sentada no chão.
Ela ficou alguns segundos sentada no chão. Sua respiração estava errada. Eu soltei um suspiro de adimiração e ela se levantou. Ela continou seu caminho, ainda olhando para o chão e limpando o seu vestido amarelo.
Me ergui para sair da árvore e o galho quebrou. Cai em pé ao lado da árvore. Ela olhou em direção do barulho na praça e depois para as árvores. Ela parou na árvore que eu estava.
- Quem é você? - Ela perguntou quebrando o silêncio da noite.
Ela tinha me visto? Eu daria que desculpa? Mandei um vento para ela sentir um pouco de falta de ar. Ela puxou o ar e de repente estava no chão. Corri em direção à ela mas ela estava se erguindo. Passei para trás dela e ela sentou-se olhando para onde eu estava. Ela se levantou e limpou o vestido. Ela estava se virando quando eu sai correndo em direção as árvores que cercavam a rua. Ela engoliu em seco e saiu andando com o passo rápido para sua casa.
Ela abriu a porta e passou para dentro com pressa. Ela a fechou fazendo barulho. A luz sobre a porta acendeu mas ninguém saiu. O perigo dela saber a verdade tinha acabado.
Eu corri para a àrvore atrás de sua casa e a escalei. Dei algum tempo para ela, ela podia estar se trocando. Quando olhei ela estava pegando um livro e se deitando na cama. Ela olhava para o livro, talvez lendo.
De repente ela pulou da cama e puxou a sua bolsa que ela usava antes. Pegou o celular dela e o olhou por alguns segundos. Juntou com o livro e o deixou na sua mesa do lado da cama. Ela apagou as luzes. Ela estava olhando se eu tinha ligado para ela?Lembrei que eu estava com o telefone dela e teria que bolar alguma coisa para ligar para ela.
Eu não poderia ficar ali de novo. Fui pelo lado externo do condomínio e peguei o carro. Voltei para minha casa. O carro da Amanda não estava na garagem. Entrei na sala e o silêncio estava em toda a casa.
Andei em passos humanos pelo corredor e vi a Sophie deitada na cama dela e o Richard lendo um livro ao seu lado. Passei para a minha cabana e deite-me na cama.
Fechei os olhos para dormir e o rosto dela veio à minha mente.

(Gente, queria pedir a ajuda de vocês. Queria que vocês me dessem opniões de como divulgar meu blog. Porque eu não tive nenhuma idéia.

E queria pedir desculpa pela minha gramática. Qualquer erro, me desculpem, só tenho 16 anos.)

Capítulo Cinco - Companhia

Claro que eu deixaria. Eu sorri e balancei a cabeça. Ele sentou-se e pegou o cardápio que estava na frente dele.
- Você me indica alguma coisa? - Ele perguntou.
- Peça o de picanha, é o melhor.
Ele acentiu e continuou olhando para o cardápio.
- Não sei comer nesses cantos. Pode me ajudar?
- Você nunca comeu aqui? - Perguntei. Ele balançou a cabeça. - Vamos.
Me levantei e o puxei pelo braço. O meu coração acelerou quando nossas peles se encostaram, senti ele olhando para mim mas finji não ter sentido nada. Continuei andando segurando o braço dele até o balcão. Parei na frente de um caixa vazio e soltei o braço dele. Me virei para ele e ele estava sorrindo olhando para o nada.
- Vai pedir aquele mesmo?
- É grande? Não estou com muita fome. - Ele disse.
- Vou pedir um pequeno então. - Me virei para a mulher que sorriu como uma boa atendente. - Queria um X-Burguer normal. Alguma coisa para beber? - Me virei para ele.
- Não.
- Seis e ciquenta. - A atendente sorridente falou.
Ele deu o cartão para ela e ela o passou na máquina. Ela o devolveu e ele botou no bolso.
- Vamos.
Eu não o peguei de volta. Fui direto para a mesa e ele me seguiu. Assim que me sentei o meu sanduiche chegou e ele ficou me observando comer. Fiquei vermelha e baixei a cabeça apenas pro meu sanduiche. Minutos depois de silêncio entre a gente o sanduiche dele chegou e ele ficou olhando ele por alguns minutos.
- Você não gosta? - Perguntei rindo. Ele fez uma careta para o sanduiche e levantou os olhos para meus lábios. - Tô melada?
Peguei um lencinho e limpei a boca, mas estava limpa.
- Não, não. Você é bonita de se ver.
Fiquei vermelha e ele sorriu virando o rosto para o lado. O rosto dele não tinha uma posição mais bonita que a outra. Ele suspirou e voltou o rosto para mim. Ele me olhou mas o silêncio não invadio o lugar.
- Se você não gosta porque pediu?
- Não sei. - Ele disse num suspiro. - Eu tive medo de lhe perder de vista.
- Oh.
Meus olhos não sairam do dele mesmo eu estando tão constraginda com aquela situação. Ele sorriu e eu dei um meio sorriso agora olhando de volta para o minha bandeja agora vazia.
- Desculpe. - Ele disse e eu olhei para ele.
- Não, está tudo bem. Não tem pelo que se desculpar. - Tentei sorrir mas não saiu tão bom.
- Estou vendo.
- Não. Sério. É que eu não sou acostumada a receber... elogios.
Encostei meus cotovelos na mesa e botei o queixo na mão o observando enquanto ele pensava, ou estava apenas me olhando. As emoções dele nunca davam para perceber demais. Tinha sempre uma interrogação no final do que eu descrevia ele.
- Você é dona da loja? Marie's Story? - Ele perguntou.
- Minha mãe é. Eu só gasto o dinheiro.
Ele pegou o sanduiche ainda completo em cima da bandeija e deu uma mordida e segurou a cara feia. Eu segurei o riso.
- Me desculpe perguntar. Mas você tem quantos anos? - Perguntei.
- Vinte.
- Sério? Pensei que tinha 17.
Ele ergueu as sombrancelhas ainda olhando o sanduiche e se preparando para a segunda mordida.
- Não tem problema se não quiser comer. Gosto de sua companhia. Não tem que se sacrificar para ficar aqui.
Ele ia levantando a cabeça, mas eu baixei a minha. Eu ficaria constragida demais com a minha demostração de afeto. Eu não fazia coisas assim. Mordi meu lábio inferior.
- Tudo bem então.
Levantei a cabeça sem olhar para ele e ele tinha fastado a bandeija para o lado. Sorri ainda com a cabeça baixa.
- Você gosta da minha companhia? - Ele perguntou e eu senti meu rosto ficar todo vermelho. Ri, mas fiquei com a cabeça baixa. - Certo. Não vou deixar mais você vermelha. - Levantei a cabeça e o olhei, ele sorria de lado para mim. - E você tem quantos anos?
- Dezessete. Sou uma criança comparando à você.
- Não a vejo assim.
- Obrigada.
- Você sabe o meu sobrenome e eu não sei o seu.
O sobrenome dele? Me deu branco. Era tão difícil e estrangeiro que eu não lembrava. Miller Green. Lembrei.
- Viviane Marie Duarte.
- A loja levou o nome por sua causa?
- Não. O nome de minha mãe é Marie. Eu só peguei o segundo nome.
- Seu pai tem a loja também, ou...?
- Ele é empresário de muitas lojas daqui. Mas porque o interrogatório? - Eu disse rindo.
- Desculpe. Só queria saber mais sobre você.
- Não precisa pedir desculpas. Estava brincando.
Ele riu sua risada rouca e suave, eu ri apenas por ovir sua risada. Meu telefone tocou atrapalhando aquele momento tão bom pra mim. Abri a bolsa e peguei o meu celular.
- Oi, mãe.
- Seu pai já está aqui. Terminou?
- Já estou indo. - Desliguei e joguei o celular na bolsa vazia.
Botei a bolsa no ombro e me levantei. Ele se levantou junto e sorriu para mim.
- Tenho que ir. - Eu disse.
- Certo.
Eu balancei os lábios para falar, mas os olhos dele me distrairam mais agora que estavam tão perto dos meus. Ele era uns vinte centrímetros mais alto que eu. Seu cheiro era bom, uma mistura de cheiro próprio com perfume.
- Você parece meio perdido aqui. Vou te dar meu telefone. Você pode ligar quando se sentir perdido. - Eu disse e ele sorriu.
- Obrigado. - Ele tirou o celular do bolso e me deu.
Um celular que não era comum aqui. Ele era lindo e tinha as instruções em inglês. Digitei meu número e meu nome e salvei.
- Pode ligar. Tchau. - Sorri e dei as costas para ele andando de volta para o único corredor do shopping.
Andei em direção à loja e meu pai estava vindo na direção contrária. Ele acenou e eu sorri para ele. Ele passou o braço na minha cintura e andamos de volta para uma das duas portas para o estacionamento. Mexi numa mecha de cabelo e quando levantei a cabeça o Roberto estava sentado em um banco. Dei um meio sorriso e olhei para os lábios dele dando um sorriso e olhei para baixo.
Entrei no carro preto de meu pai e andamos em silêncio de volta para a minha casa. O condomínio estava com a praça do meio acesa e muita gente nos bancos. Meu pai buzinou e parou o carro.
- Se importa de eu ir? - Perguntei.
- Não.
Desci do carro e andei pela rua do condomínio até minha casa. Passei o caminho olhando para o chão por ser de pedra e eu não me dar muito bem com chão de pedra. Ouvi as folhas da árvore se mexer e olhei para trás por cima do ombro. As ruas eram dividas por altas árvores com muitas folhas. As folhas estavam quietas, apesar de eu ter escutado. Olhei para frente e minha casa era a quarta depois da que eu estava.
Mordi o lábio inferior e me aproximei das árvores. Houve um silêncio, mas não completo. Eu ainda podia ovir o barulho na praça do condomínio. Mexi no galho de uma das árvores e ela toda balançou. Me assustei e cai sentada no chão.
Eu podia escutar a minha respiração errada e o barulho da praça. Podia ovir outra coisa também. Mas o que seria? Era como se fosse um assobio, ou um assopro barulhento. Botei a mão no chão e me levantei. Continuei andando para minha casa, olhando para o chão e limpando o meu vestido.
Outro barulho veio da árvore, agora mais perto de mim. Me virei com os olhos quase caindo do rosto e parei. O barulho da praça agora era quase inotável, apenas ouvi minha respiração. Escutei outra repiração, mais correta que a minha. Olhei por todos os lados das árvores e vi uma sombra abaixo de uma árvore.
- Quem é você?
Meu ar faltou e eu só pude ver o preto do céu sobre mim. Me sentei em seguida e a sombra tinha ido embora. Me levantei e limpei o meu vestido novamente. Me virei para minha casa de novo e uma sombra passou para dentro das árvores ao meu lado. Engoli em seco e quase corri para minha casa.
Abri a porta azul e a fechei depressa. Fiquei encostada na porta até minha repiração voltar ao normal. Me virei para a porta e olhei no olho mágico para fora. A imagem era ruim e acendi a luz externa da porta da casa, mas não vi nada de estranho ou diferente na rua do meu condomínio. Surpirei de alívio e subi para o meu quarto.
Tirei meu vestido amarelo agora sujo do chão e joguei no chão do banheiro. Vesti minha roupa de dormi e peguei um livro. Era minha hora de desligar ao mundo.
Eu tentei me concentrar no livro. Mas o rosto do Roberto vinha à minha cabeça. Pulei da cama e peguei meu celular.
Nenhuma ligação.
O botei em cima da cabeceira da cama junto com o livro e apaguei as luzes. Ou eu iria dormir ou ficar como uma adolecente ridícula pensando no sorriso de menino maravilhoso que conheceu.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Capítulo Quatro - Vestido Amarelo

Eu senti o sol iluminar entre as folhas da árvore atrás de mim. Olhei para o céu e ele estava começando a clarear. Olhei novamente para a menina deitada sobre a cama e totalmente descoberta do frio. Desci da janela dela e pulei para o lado de fora do condomínio. Corri o mais rápido que eu pude para casa já estava clar e corria o risco de me verem.
Abri a porta da minha casa que não tinha necessidade de estar fechada e dei de cara com a Amanda de braços cruzados na minha frente.
- Volto logo? - Ela repetiu o que eu disse me julgando. - Se eu não visse que você voltaria eu ficaria arrancando os meus cabelos. A Sophia está preucupada, e o Richard nem me fale. Rob, você não pode apenas sumir para ver uma garota dormir.
- Culpe você mesmo.
Ela abaixou a cabeça e saiu em menos de um segundo da grande sala rústica de minha casa.
A sala tinha um piso de madeira escuro mas as janelas eram grandes e iluminava toda a sala. Na frente do sofá beje tinha uma TV grande e na parede direita ao lado da porta do corredor tinha estantes de dvds e cds de todos os tempos.
Passei pelo corredor e a cozinha estava vazia. O balcão de madeira estava vazio e o único barulho era do freezer com muitos dos produtos que os japoneses inventaram para nós para não termos que matar os humanos inocentes.
O corredor era igualmente de piso de madeira e sua parede era branca para dar luz. A porta do escritório do Richard estava aberta. Ele estava sentado em uma das poltronas de cor verde com uma mesinha pequena no meio. Tinha quadros de grandes artistas e estantes com nossos livros favoritos. Uma mesa repleta de papeis estava na frente da janela de vidro que dava para ver o jardim particular da Sophie.
- Conheceu uma garota? - Richard me perguntou em seu tom casual.
- Sim.
- Isso é muito bom. Até hoje o som que lhe deixa apaixonado por aquela garota canta para mim.
- Sophia? - Ele concordou com um sorriso de adoração à ela.
- Sei como você se sente. Mas você terá que fazer escolhas difíceis agora. A vida dela está em suas mãos agora. Você tem duas escolhas. E você sabe quais são.
- Sei sim.
Me retirei do escritório e segui pelo corredor.
Duas escolhas: Torná-la imortal como eu, ou deixá-la seguir sua vida. Torná-la imortal? Ela ter que seguir uma vida pela qual ela não sabe nada. Deixá-la ir? Eu conseguiria deixar de ver aqueles olhos azuis?
Sophia saiu do seu quarto parando em minha frente.
- Fiquei preucupada. - Ela disse me deixando confortável. Ela era a mãe que eu nunca tive.
- Desculpe.
Ela me puxou para dentro do quarto dela e me sentou na cama com uma coxa verda clara cobrindo-a. O quarto dela era grande e tinha uma grande porta dupla com espelho que ia para o closet dela. A cama era grande e confortável. Tapetes brancos estampavam o piso de madeira.
- Conte-me sobre ela. - Sophia disse quase pulando de alegria e eu sorri com aquela demostração de curiosidade.
- Bom...
- Não. - Ela me interrompeu. - Quero ver.
Ela esticou a palma da mão para eu dar a mão à ela e ela saber tudo o que eu penso no momento. Botei minha mão sobre à dela e nós dividimos nossos pensamentos. Ela não pensava em nada de demais, apenas em como deveria ser aquela garota. Eu fechei os olhos e pensei naquela garota linda.
Pensei nela no restaurante do cinema, esticada sobre a bancada de balas. Ela encarando seu refrigerante na mesa e depois ela me encarando com os olhos azuis pequenos. Pensei na batida do coração dela cantando para mim enquanto eu me encarava no espelho. Ela passando de cabeça baixa pela loja. Ela e a mulher da loja conversando do lado de fora da loja e depois ela me encarando pelo lado de fora da loja. Depois pensei nela entrando pela porta azul e ela dormindo sobre a cama de panos brancos.
Retirei a minha mão da Sophia e vi ela sorrindo.
- Ela é... linda.
- Eu sei.
- Espero muito que vocês consigam um futuro. - Apenas sorri. - Agora vá dormir, você deve ter passado a noite a observando.
Andei pelo corredor e cheguei na porta de vidro do fim do corredor. Passei pela porta e vi o lindo jardim da Sophia. Várias cores nas flores transmitiam um cheiro bom e me deixava bem.
- Está zangado? - Amanda perguntou saindo de cima de uma árvore à cinco metros de mim.
- Como poderia? Você é minha irmã.
Ela sorriu e em um pulo estava na minha frente.
- Eu sei que você vai fazer a escola certa, Rob.
- Você sabe mais do que ninguém.
Ela riu uma risada como uma sinfonia angelical e doce.
- Creio que você ia descansar.
- E vou.
Dei as costas à ela e andei em direção ao meu quarto que era apenas uma casinha do lado direito do jardim. O da Amanda ficava atrás do jardim por ela adorar andar pelas flores para pegar o perfume de cada uma para si.
- Eu te amo, sabe disso. - Ela disse e eu me virei para ela.
- Também amo você, Amanda.
Ela sorriu e voltou correndo para o meio das flores e plantas altas. Andei em direção à minha pequena cabana. A cabana tinha uma pequena varanda na frente da porta. As janelas eram pequenas do lado das portas e tinham uma cortina de cor azul clara. Abri a porta e por dentro parecia mais moderno do que pelo lado de fora.
Um pequeno frigobar estava ligado abaixo da janela direita, contendo os líquidos que matavam a nossa sede. Um armário com uma TV e dvds estava na parede do lado esquerdo, ao lado da porta do banheiro. A cama era de casal e ocupava quase todo o lado direito da cabana. Uma mesinha com um abajur em cima ocupava um pequeno espaço comparado com o da cama. Uma outra porta estava do lado direito, o closet pequeno que guardava minhas não muitas roupas.
Tirei meus sapatos e os joguei ao lado da poltrona abaixo da janela esquerda e me deitei na cama. Não demorou muito mais de um minuto para eu pegar no sono.
Acordei e o sol que entrava pela janela estava mais forte. Abri a gaveta da minha mesinha e peguei o pequeno relógio que estava ali. Duas e meia. Me levantei da cama e fui para o banheiro tomar um banho.
Vesti uma calça jeans qualquer e uma camiseta vermelha que estava em cima da poltrona. Abri a porta do frigobar e peguei uma lata do nosso líquido contendo sangue. Virei ele todo, apesar de não estar com sede, eu não queria correr o risco de sentir desejo do sangue daquela doce garota.
Sai da cabana e fui em direção à casa do Richard. Passei diretamente para sala que vinha o som de TV de lá. Sophia estava sentada com as pernas cruzadas e um pequeno caderno no colo. Richard estava observando a Sophia escrever com ternura. Amanda estava sentada aos pés deles com o controle da TV. Me aproximei deles e a Sophia me deu um largo sorriso.
- Vou sair de casa. - Disse.
Eles sabiam para onde eu ia. Parei em frente à mesa pequena do lado da porta e peguei a chave de um dos carros comuns por aqui da nossa garagem. Abri a porta para descer para a garagem. Entrei no carro branco com os vidros fumês. Um Honda. Abri o portão e dei a ré.
O caminho era pequeno dali para a casa dela. Quando eu passava lentamente pela frente do grande condomínio um carro cinza saiu do dentro e eu ouvi de longe o barulho cantando para mim.
O segui, mas não dando muita pista. Ele parou na frente da porta do estacionamente e eu parei em uma vaga.
A Viviane saiu de dentro do carro. Ela vestia um vestido amarelo, era possível ela ficar mais linda a cada segundo? Aquele vestido a deixava mais bonita e eu notei vários olhares masculinos para ela. Eu poderia deixar ela ser feliz com um deles. Ela ajeitou uma bolsa marrom no ombro e entrou no shopping. Eu não podia deixar ela. Eu não aguentaria deixá-la.
Eu desci do carro. Andei pelo estacionamento até a entrada. Eu não a vi mais. O lugar estava cheio de gente. Ela devia estar na loja.
Andei sem pressa para a loja e a vi sentada atrás do balcão com a cabeça baixa para o balcão. Eu precisava de um motivo para entrar na loja. Lembrei da blusa que comprei ontem ali. Eu poderia trocá-la.
Praticamente corri de volta para o carro e voltei para casa. Deixei o carro na garagem e de um pulo purei o muro grande da minha casa. Abri a porta da sala e ainda estavam todos lá. Sophia agora assistia TV junto com Amanda enquanto o Richard lia o caderno que estava nas mãos da Sophia antes.
- Amanda, pode me dar a blusa que comprei ontem?
- Está ao lado de sua poltrona.
Corri pelo corredor e pelo jardim até minha cabana. Correr era algo realmente bom. Mas eu gostava de andar para me sentir mais humano. Mas eu estava realmente com pressa. Peguei a blusa que ainda estava na sacola e corri de volta para a sala. Sophia lançou-me um sorriso e voltou para a TV. Pulei de volta para a calçada onde estava o carro.
Voei de volta para o shopping e andei com pressa para a loja onde aquela menina estava. Ela agora estava olhando para duas mulheres, uma loira e uma ruiva, que estavam conversando. Eu pude ovir o barulho baixo pelo barulho do lugar. Queria que meu poder servisse em mim também. Eu manteria tudo em silêncio apenas para ovir aquele som.
Entrei na loja e o som que o coração dela emitia estava mais alto. Uma mulher de cabelos castanhos apareceu na minha frente.
- Vim trocar uma camisa. - Disse olhando-a nos olhos e tentando funcionar não sair o som para ela.
Parece ter funcionado que ela apenas sorriu e apontou para o balcão onde a Viviane estava.
- Trocas é no balcão.
Acenti e segui para o balcão olhando para o chão. Eu sabia que ela me olhava, mas eu não queria olhá-la agora. Parei em frente ao balcão e coloquei a sacola sobre ele. Dei um sorriso ainda olhando para a sacola.
- Comprou quando? - Ela disse com a voz fraca.
- Ontem. - Disse e ergui minha cabeça para olhá-la nos olhos.
O som ficava mais próximo quando eu a olhava. Ela ficou com os olhos pequenos nos meus. Eu sabia que o som não sumir estava funcionando, mas ela piscou o olho duas vezes e olhou para a sacola em cima do balcão.
- Vai trocar por outra peça? - Ela perguntou.
- Queria. Mas ainda tenho que escolher.
- Certo. - Ela parou por um segundo e meio. - Vou chamar uma...
Uma moça de cabelo loiro apareceu ao meu lado e limpou a garganta, foi a moça que me atendeu ontem. Olhei para a sacola querendo fugir daquela situação.
- Ela irá lhe atender no que precisar. - Viviane disse mas sua frase saiu no meio de uma risada que segurou.
- Obrigado. - Eu disse distraido com a beleza dela.
Dei as costas para o balcão e fui para uma arara de roupas que pareciam ser masculinas. Passei as roupas e tentei me concentrar no que a loira me dizia sobre as vantagens de cada roupa. Ela me mostrou uma azul e encostou no meu peito.
- Combina com seus olhos. - Ela disse com um leve tom de adimiração.
- Você acha ela bonita? - Perguntei. - Na verdade eu não sei escolher roupas.
- Você deveria levar. Mas ela é mais cara que a outra.
- Não tem problema.
Ela pegou a blusa e caminhou de volta para o balcão onde a Viviane estava sentada ainda olhando para baixo. A loira saiu sorrindo para mim, mas eu não à olhei. Sorri talvez mostrando todos os dentes para aquela garota. Ela me olhou nos olhos e eu não estava preparado para botar o barulho do lugar nos ovidos dela. Mas ela sorriu de orelha à orelha, e eu não respondi. Eu voltei o som para ela.
- É você que faz isso? - Ela me perguntou ainda com os olhos nos meus.
Eu me esforcei para manter o barulho ainda.
- Fazer o que? - Soltei uma risada mas talvez não tenha sido tão convincente quanto eu queria.
- Nada. Deixa pra lá.
Ela baixou a cabeça e olhou para a blusa azul que eu tinha escolhido. Ela sorriu sem graça ainda olhando para a blusa enquanto procurava a etiqueta.
- Me desculpe. Devo ter sido grosso. - Eu disse tentando parecer confiante.
- Não. É só uma idiotice da minha cabeça. - Ela disse sem tirar os olhos da camisa.
- Eu sou o Roberto. - Estiquei o braço para ela apertar minha mão. E ela o fez sem pensar. A mão dela tinha um toque suave e sua pele fina era macia. O som do coração dela aumentou mais com apenas o toque de nossas mãos. Nesse instante eu queria que o poder de vampiros se comunicarem desse certo com humanos, assim eu poderia ver o que aquela garota estava pensando.
- Viviane. - Ela disse sem tirar os olhos da camisa azul. - Essa é mais cara.
Eu tirei o cartão de crédito do bolso e a entreguei. Ela o virou e leu o nome. Um nome totalmente diferente do que ela estava acostumada a ver.
- Seu pai? - Ela perguntou.
- É sim. - Para ela, ele era meu pai.
Ele não podia ser meu pai biológico, mas foi o que me ajudou no momento que eu mais precisava de alguém.
- O nome de vocês. Vocês são daqui? - Ela perguntou com uma curiosidade grande.
- Não. Somos da Califórnia. - Eu era pelo menos.
- Ah.
Ela se abaixou e mexeu dentro do armário do balcão. Eu me estiquei sobre o balcão e descansei ali. Ela se levantou e deu de cara com meu rosto, mas não olhou nos meus olhos. Ela fastou sorrindo e eu ri daquele desconforto que ela sentiu.
- Desculpe. - Disse ainda soltando um pouco da risada. Ela me entregou a sacola. - Obrigado.
Ela deu um meio sorriso bonito, ainda sem me olhar nos olhos. Eu sai da loja. Porque era tão ruim me afastar dela? Mesmo estando perto sem nem nos conhecermos?
Sentei-me em um banco botando em ordem na minha cabeça o que acabara de acontecer. Olhei para o teto de vidro e já estava anoitecendo. Já ia me levantar e ir embora quando a ouvi de longe. Me acomodei mais ainda no banco e esperei o som chegar mais perto até ela passar por mim.
Ela entrou em uma loja de sorvete e saiu com um copo branco com um canudo. Ela passou para o outro lado da praça de alimentação. Andei até lá devagar. Passei pelo primeiro restaurante e ela não estava. No segundo ela estava saindo do balcão ainda com o copo e se sentou em uma mesa do lado equerdo. Ela puxou o cardápio e ficou lendo ele.
Me aproximei da mesa e parei do lado da cadeira vazia na frente dela.
- Posso sentar? - Perguntei amigável.
Eu sorri de lado e ela olhou-me nos olhos. Eu fiz o mais cedo que pude o barulho voltar, mas tenho certeza que ela notou.








(Gente, não sei quantas pessoas estão lendo. Mas quem tiver, eu agradeço. Queria que vocês deixassem comentários sobre o que acham bom e ruim na minha história. Queria dizer que talvez eu não poste mais todo dia agora porque eu tenho escola. Mas eu prometo postar assim que o capítulo tiver pronto. Obrigada e beijos ;*)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Capítulo Três - Foto

Eu estava em uma casa, com um corredor de paredes de madeira. Ele era longo e eu fui em frente sem saber para onde exatamente eu estava indo. O corredor deu um curva sutil e eu só notei quando olhei para trás. Era o fim do corredor escuro apenas com luzes amarelas clareando o lugar. Tinha uma mesa alta com pés finos e uma gaveta com um puxador de ferro. Em cima dela não tinha nada além de poera. Abri a gaveta e tinha um papel. Tirei ele e virei a frente para mim. Era uma foto. Sacudi a foto tirando a poeira e virei de novo.Na foto tinha quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, e era preto e branco.
O primeiro homem estava vestido formalmete, com paletó e gravata. Ele tinha traços bonitos, e seu corpo tinha a postura de um soldado. Não dava pra saber a cor de seus olhos, mas dava para notar que era claro. E seu cabelo era escuro, mas não preto, era mais claro que isso. Ele passava um dos braços na cintura da primeira mulher.
Ela era elegante e vestia um vestido talvez beje, ou rosa claro. Ela mostrava todos os dentes em um sorriso e seus olhos estavam com rugas nos lados do sorriso. Seu vestido era longo e parecia ter pedras em detalhes, mas muito pequenas. Os olhos dela tinha uma cor mais escura, mas eram gentis. O cabelo dela estava preso à uma faixa da cor do vestido, puxando seu cabelo para o alto, mas deixando o solto. Era um penteado elegante que dava para sair para um casamento com ele. Ela tinha a mão no ombro de uma garota.
Era a garota do cinema de ontem. Ela estava sentada com as duas mãos no joelho. Ela dava um meio sorriso bonito e seus olhos mostravam ser claros. O vestido dela ia nos joelhos mas era elegante tanto quanto o da mulher atrás dela. Tinha uma cor mais escura, mas não chegava a ser preto. Seu cabelo estava em um liso bonito e estava na altura da cintura, não até o ombro como ontem.
Na cadeira ao lado dela estava o garoto dos olhos azuis. Mas seus olhos, que foi a primeira coisa que eu olhei, tinha um tom escuro. Ele estava com o queixo rígido e vestido formalmente como o homem atrás. O cabelo dele não estava mais para um lado e sim para trás como se estivessem em 1930. As mãos dele estavam sobe a cadeira e mostrava a sua camisa branca por dentro do paletó. Voltei para os olhos dele e não pareciam ser a mesma pessoa. Podia ser irmão gêmeo. Os olhos dele eram pretos comparando ao paletó. Mas ele continuava sendo lindo. Virei as costas da foto tentando ver o nome dele.
Tinha uma coisa escrita em uma letra linda nas costas da foto: "Setembro de 1926."
Deixei a foto cair entre minha mão e fez mais barulho do que deveria. Ouvi vozes vindo do começo do corredor e virei-me para trás.
Vi sombras entre as luzes amareladas. Eram dois homens e uma mulher. Eles vinham agora mais rápidos. Dei um passo para trás, impenssado. Uma porta saiu dentro da parede com uma luz forte que fez eu proteger os olhos.
- Saia dai, Viviane. - A voz masculina pareceu ter saído do quarto com a luz.
Olhei para frente e eles estavam na curva já. Dei um passo e entrei no quarto. Tudo ficou branco.
Acordei e dei um pulo me sentando na minha cama. Era bom não estar mais em um corredor com três pessoas que eu não sabia quem eram.
"Setembro de 1926". Isso era impossível. Se fosse verdade era para ele ter mais de 90 anos, e não um jovem com olhos perfeitos. Sacudi a cabeça tentando tirar aquelas imagens de minha cabeça e fui para o banho.
Desci as escadas me arrastando depois de me vestir com a roupa mais confortável do meu guarda-roupa. Era domingo, e estávamos nas férias. Nada mais tediante. Encontrei minha mãe na cozinha fazendo um suco para ela.
- Bom dia Vivi. - Ela disse quase cantarolando.
- Bom dia mãe. - Eu disse abrindo a geladeira.
Tirei um iogurte e a jarra de suco de maracujá e sentei na mesa.
- Me dá uma colher, por favor?
Ela me entregou e sentou na minha frente.
- Pode ir ficar na loja hoje à tarde? É que eu preciso resolver umas coisas no telefone. - Ela disse.
- Não acredito - murmurei. - Vou sim.
- Obrigada, querida.
O dia passou, lentamente, mas passou. Tomei meu banho sem muita pressa para ir na loja, passar o resto da tarde. Vesti-me com um vestido amarelo e coloquei uma faixa na cabeça. Peguei minha bolsa marrom e joguei o meu mp5 dentro. A tarde iria ficar mais entediante sem ele comigo. Desci e minha mãe estava esperando por mim no carro.
A viagem não era tão longa quanto eu queria. Ela me deixou na porta mais perto da sua loja e eu desci do carro.
- Te devo uma, querida. - Ela disse.
Acenei dando tchau e entrei no shopping. Domingo era um dia para descansar, mas o povo de minha cidade usava o domingo para ir ao shopping. O shopping estava quase lotado, mas ele era pequeno demais para saber o que era lotado ali dentro. Atravessei o shopping sem olhar para os outros rostos que estavam me cercando. Entrei na loja e estavam duas vendedoras mostrando roupas a uma turma de cinco mulheres. A outra vendedora me aguardava no balcão.
- Daqui a poco fica cheio. Ainda bem que a sua mão lhe mandou. - A vendedora loira, Juliana, disse.
- Certo.
Me sentei no balcão e fiquei observando revistas de moda que estavam no balcão. Chegou mais duas mulheres e a Juliana se ocupou com elas.
Trabalhar no balcão não era cansativo. Eu ficava ali sentada somando as contas e entregando as notas fiscais.
Ainda não tinha botando o mp5 e ouvi a Juliana conversando com a vendedora ruiva de corpo perfeito, Maria.
- Você viu aquele menino que eu atendi ontem à noite? - Juliana perguntou a ruiva.
- Vi de longe. Mas deu para perceber que era muito bonito.
- Ele aperenta ser mais novo que eu. Mas os olhos dele são tão lindos, apesar de eu não ter olhando nos olhos.
- Ele deve ter 17 anos - a ruiva disse.
- Qual menino não gosta de uma mulher mais velha? - A loira disse rindo.
Eles estariam falando sobre o garoto de olhos azuis? Lembrei que quem tinha atendido eles foi a Juliana mesmo.
Uma voz masculina, mas bonita, saiu do meio da loja.
- Vim trocar uma camisa - ele disse.
- Trocas é no balcão. - A vendedora de cabelos castanhos disse.
Virei para a loja e ele estava ali. Ele vestia uma calça jeans azul clara com uma camiseta vermelha. O cabelo dele estava para o lado igual à ontem. Ele olhava para o chão enquanto caminha em direção ao balcão.
- Meu Deus. Não acredito. É ele. Olha. - A loira disse em um tom de excitação.
Ele parou na minha frente e botou uma sacola em cima do balcão. Ele ergueu a cabeça com um sorriso, mostrando os dentes. Tive que morder o lábio inferior para não deixar minha boca abrir. Engoli em seco e dei um meio sorriso.
- Comprou quando? - Perguntei quase sem voz.
- Ontem. - Ele disse em um tom de voz sexy e confortável.
Ele olhou nos meus olhos. Os olhos dele estavam no mesmo tom de azul inacreditável de ontem. Mas o som não sumiu, como eu previa. Pisquei os olhos duas vezes e baixei a cabeça para a sacola em cima do balcão.
- Vai trocar por outra peça? - Perguntei.
- Queria. Mas ainda tenho que escolher.
- Certo. - Alguém, que não seria eu, teria que atender ele. - Vou chamar uma...
Juliana parou do meu lado limpando a garganta, interrompendo a minha frase. Olhei para ela e ela sorria de orelha à orelha. O cabelo loiro dela estava presto em um rabo de cavalo bem feito. E seu sorriso era radiante, talvez de animação. Ela não tirou os olhos do garoto. Olhei para ela e para ele e segurei um sorriso.
- Ela irá lhe atender no que precisar. - Eu disse.
- Obrigado. - Ele disse sem o tom sexy mais.
Olhei para ele enquanto ele dirigia para a arara de blusas masculinas. Ele era incrivelmente lindo e todas as garotas de minha faixa etária na loja estavam olhando para ele. Baixei a cabeça de volta para a revista e passei as páginas. Eu às vezes olhava por baixo ele. Ele não aparentava olhar para mim. Nem para a Juliana com a calça jeans apertada.
Juliana caminhou junto com ele para o balcão segurando uma blusa azul, o tom quase igual o da blusa dele. Juliana saiu sorrindo para ele depois de deixar a blusa no balcão. Ele mostrou seus dentes em seu sorriso de tirar o fôlego.
Olhei nos olhos dele e o silêncio invadio o lugar. Minha reação não foi a de sempre, piscar e desviar o olhar. Eu sorri mostrando meus dentes mas ele não sorriu de volta e o barulho voltou.
- É você que faz isso? - Perguntei.
- Fazer o que? - Ele perguntou rindo sem humor.
- Nada. Deixa pra lá.
Baixei a cabeça e olhei para a blusa. Sorri da idiotice que acabei de fazer. Mas era sempre que eu olhava nos olhos dele ficava um silêncio absoluto em meus ovidos.
- Me desculpe. Devo ter sido grosso. - Ele disse em seu tom sexy de volta.
- Não. É só uma idiotice da minha cabeça.
- Eu sou o Roberto. - Ele esticou a mão para mim e eu a apertei. Sua pele era macia como mostrava ser.
- Viviane.
Eu não me atrevi olhar mais nos olhos dele. Mexi na blusa. Era uma camisa de botões com o tom de azul dos olhos dele. A blusa era mais cara que a que ele devolveu.
- Essa é mais cara.
Ele tirou o cartão de crédito do bolso e me entregou. Era no nome de Ricardo Miller Green.
- Seu pai? - Perguntei.
- É sim.
- O nome de vocês. Vocês são daqui?
- Não. Somos da Califórnia.
- Ah.
Devolvi o cartão dele e me abaixei para pegar uma sacola. Levantei a cabeça e ele estava esticado para frente. Sorri e fastei o rosto. Ele deu uma gargalhada rouca e suave ao mesmo tempo.
- Desculpe. - Ele disse. Entreguei a sacola. - Obrigado.
Acenti com um meio sorriso e ele deu-me as costas. Ele andou elegantemente de costas para mim. Meu coração apertou por ele estar indo embora, mas eu não podia fazer nada. Sentei-me de novo na cadeira e o resto da tarde passou devagar.
Estava anoitecendo já e minha mãe chegou na loja. Me levantei e ela sentou no meu lugar.
- Seu pai vem já lhe buscar.
- Vou comer alguma coisa - eu disse.
Peguei minha bolsa e fui para a praça de alimentação. Pedi um milkshake e fui andando até a loja de sanduiches. Me sentei em uma mesa de duas cadeira no canto esquerdo da lanchonete enquanto meu pedido não chegava. Fiquei lendo o cardápio, por mania.
- Posso sentar? - Uma voz masculina me perguntou.
Ergui a cabeça e ele estava sorrindo com a mesma roupa de mais cedo. Olhei nos olhos dele e o silêncio invadio a minha cabeça, mas por apenas alguns segundos e depois o barulho voltou.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Capítulo Dois - Olhos doces

Eu iria ter que suportar minha, digamos, irmã o dia todo? Ela me carregou faz uma hora para acompanhar ela no shopping. Eu não gostava de ficar no meio dos humanos. Eles nos achavam lindos e não sabiam o quanto nós éramos perigosos.
Minha irmã entrou no cinema, mas nós não tinhamos comprado ingresso. Ela parou na frente de um cartaz de filme, do qual eu não olhava. Olhei para a parede e tentei ver as falhas das tintas, mas aquilo não seguraria minha ansia de ir embora dali.
Amanda atrapalhou meus pensamentos com uma risada dela. Virei-me para ela com uma sombrancelha erguida perguntando sobre aquilo. Ela apenas sorriu e balançou a cabeça. Prendi os olhos nos dela e eu sabia, tanto quanto ela, o que aquilo significava. Ela ficaria surda, só existiria o som que eu quisesse.
- Não faça isso - ela pediu fechando os olhos.
Tirei os olhos dela e virei-me novamente para a parede enquanto ela via o mesmo cartaz de filme. Ela me puxou para perto dela e botou a boca perto do meu ovido.
- Tá na hora, Rob. - Ela sussurou.
- Do que, Amanda? - perguntei. - Não quero es...
Um som invadio o lugar onde eu estava. Meu coração podia bater? Naquele momento eu quase senti que eu podia bater.
Era o som do coração pulsando para mim. Nós, vampiros, sabíamos o que isso significava. Amor. Sem mais saídas. Apenas o amor mais puro. Era uma humana, uma humana fraca sem poderes contra mim. Uma garota a qual eu iria amar assim que botasse os olhos nela, e eu sabia disso.
Começei a virar para ela, mas a Amanda botou a palma da mão na minha e deixou eu ler seus pensamentos. Esse era o meio de comunicação silencioso entre os vampiros, apenas um toque. Ela pensou em eu vendo aquela garota. Ela poderia ser mais linda?
Seus olhos azuis eram mais claros que o meu, claro. Seus cabelos caiam em cachos pretos nas pontas. E seu sorriso era relusente, o qual eu iria me deslumbrar. Seu corpo era lindo, usava um
vestido preto colado em seu corpo que via todas as suas curvas bem definidas, e eu o desejaria como nunca desejei nenhuma mulher.
Tirei a mão de Amanda das minhas e virei-me para onde aquele coração pulsava cantando para mim. Ela estava sentada em uma mesa sozinha, ela encarava a sua lata de refrigerante. Me sentei na mesa ao lado da dela, de costas para ela ainda. Amanda sussurava coisas de seus sonhos, mas eu não parei para ovir, ela sorriu para o nada e eu olhei para trás.
Ela absorveu meus olhos, como se fosse tudo naquela sala. Eu sabia que ela estaria surda nesse momento. Mas ela não fez nada, apenas ficou olhando meus olhos, e eu olhando os dela. O barulho que cantava para mim apareceu novamente. Eu não podia fazer nada aquela garota. Ela deu duas piscadas rápidas e na terceira fechous os olhos. O som voltara para ela naquele instante. Eu olhei novamente para a Amanda que estava imóvel sentada ao meu lado.
Ouvi a cadeira dela se mexer e ouvi os passos dela de volta para a sala de cinema dela. Amanda sorriu para mim como se tivesse satisfeita de apresentar a mulher que eu amaria para o resto da vida. Talvez fosse um favor, mas eu não me sentia assim. Se eu a machucasse? Eu nunca me perdoaria.
Mesmo não sabendo de nada sobre ela. Se quer seu nome. Eu tinha uma adoração por ela, que não dava para simplesmente sumir. Eu guardaria a imagem dos sonhos da Amanda e dos olhos daquela garota linda para sempre.
Talvez eu deixasse ela viver sem mim, deixar ela livre de qualquer perigo. Mas eu suportaria a dor de ver ela sem mim? Meus olhos feixaram e a Amanda passou a mão sobre as minhas costas como se me segurasse.
Ela me guiou para fora do cinema e nós paramos em um dos bancos do shopping pequeno de Juazeiro do Norte. Sentei e botei o rosto nas minhas mãos.
- Desculpe por isso, Rob. Não sabia que lhe faria tão mal. - Amanda disse em um tom que alcamaria todos.
- Não. Não tem o que se desculpar.
- Só queria que você a conhecesse.
- Entendo. E agradeço. Mas eu não sei o que fazer quanto à isso.
- Você fará a escola certa, Rob - Ela pronunciou meu nome com sutaque inglês dela.
Ela se levantou e entrou em uma loja que estava na frente do nosso banco. Marie's Story. Alguém daqui sabia traduzir isso? Uma cidade de interior, que eu usei para me abrigar, não vi muitas pessoas que soubessem mais do que o português aqui. A acompanhei e ela estava falando elegantemente com uma moça de cabelos loiros. Amanda sorriu para mim e a moça olhou em minha direção. Evitei olhar nos olhos dela mas vi seu rosto com um pouco de adimiração. Era isso que eu causava em humanos, adimiração. Mas eu não precisava de nada disso.
Depois de minutos longos com Amanda provando roupas e mais roupas ela jogou uma blusa preta de botão para eu provar. Entrei no provador e começei a trocar a roupa.
Ouvi um barulho conhecido para mim, agora. O som do coração dela cantando para mim. Tirei a blusa preta em quentão de segundos estava vestida em outra. Abri a porta da cabine e a Amanda estava conversando com a mesma moça. Mas eu a vi passando de cabeça baixa pela loja. Ela passou pela vitrine de cabeça baixa ainda, mas ela olhou por baixo para onde eu estava.
Ela teria me notado então? O que eu faria agora? Eu não podia mais ovi-lá, mas ela estava a poucos metros de mim. Uma mulher linda com um vestido preto passou pela loja, suas feições me lembravam o rosto daquela garota. Os olhos dela tinham o mesmo tom de azul da garota, mas o cabelo era um castanho escuro e não preto. Ela parou de pé na porta da loja.
- Viviane! - Ela gritou.
De repente eu a vi passar pela vitrine olhando ainda para a mulher. Ela parou em pé na frente da mãe que entregou alguns papeis para ela. Notei agora o que a garota vestia. Uma calça jeans azul clara com uma blusa branca de manga. Eu sentei em um dos bancos em frente ao provador. Ela virou para a loja e eu a olhei nos olhos. Deve ter ficado um silêncio incomum novamente nos ovidos dela. Ela não piscou, apenas ficou olhando para meus olhos, com aqueles olhos doces e de um azul lindo. Eu dei um meio sorriso e ela saiu de minha vista.
- Vai levar a blusa? - A moça loira me perguntou olhando para a blusa preta que estava abaixo dos meus braços. Ela segurava uma pilha de roupas de diferentes cores.
- Sim - disse.
Entreguei a blusa e ela levou em direção ao balcão onde estava a mulher linda que falou com a Viviane, junto estava a Amanda com o cartão de crédito nas mãos. Me juntei à ela e a mulher deu a conta para Alice. Fiquei olhando para os óculos de sol que estavam em cima do balcão para distanciar os olhos daquela mulher.
Amanda pegou as muitas sacolas e entregou-me algumas para levar.
- Porque você compra tantas roupas? - perguntei.
- Preciso delas.
Andamos até o estacionamento e entramos no carro preto do Richard, seu nome brasileiro era Ricardo para não haver curiosidade sobre nossas origens. Richard era como nosso pai, ele cuidou de nós desde que acordamos para essa nova vida.
A vi entrando em um carro branco acompanhada de um homem que não parecia ser sua família. A segui, sem querer parecer muito para a Amanda. Era o caminho de nossa casa até ela entrar em um condomínio grande e nós precisavamos ir direto. Parei o carro ao lado do condomínio.
- Pode dirigir? Vou ficar por aqui. Chego em instantes - eu disse.
Amanda fechou os olhos e eu sabia que ela estava vendo para onde eu estava indo. Ela deu um sorriso ainda de olhos fechados e virou-se para mim. Olhei nos olhos dela e ela os fechou rápido.
- Claro. Mas você tem que aprender a controlar esse seu poder.
Fechei a porta do carro.
- Droga de poder desnecessário - murmurei.
Entrei entre umas árvores ao lado do condomínio e eu sabia que ali ninguém me veria por já estar escuro. O carro branco tinha estacionado na frente de uma casa branca. Corri para as árvores ao lado da casa branca e fiquei no escuro de uma árvore na frente da casa branca. Ela saiu do carro e meus ovidos encheram com aquele som. Ela andou pela pacarela de pedra em caminho a porta azul de sua casa. Ela a abriu e eu não a ouvi mais.
Aquela garota na porta azul era sedutoramente a garota mais linda que já vi. A que iria fazer parte dos meus sonhos e talvez do meu futuro imortal.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Capítulo Um - Estranho o Suficiente

Eu estava sentada em um dos banco do único shopping da minha cidade com duas amigas. Elas tagarelavam sobre algo irrelevante para mim. Por mais que eu fosse garota eu não me interessava o suficiente sobre essas coisas. Minhas amigas sempre estiveram do meu lado. Ana com seus cabelos loiros e cachiados como o de um anjo era mais corajosa que ninguém, se metia em todos os problemas e sempre saia deles; seus olhos cor de mel eram pequenos e sempre faziam com o que a pessoa se atordoasse com eles. Mariane tinha os cabelos castanhos e em um liso perfeito; seus olhos eram da cor do cabelo e ela sabia falar as coisas, agradar uma pessoa com apenas uma frase. Se elas participassem de um filme de ficção, com certeza, esses seriam os seus poderes.
Já eu não tinha muitas coisas. Não sabia falar algo que agrade alguém e não sabia deslumbrar alguém com os olhos. Em termos de dinheiro não dava para eu reclamar. Minha mãe dona de uma loja de roupas se dava muito bem e meu pai tinha um dos maiores hospitais da minha cidade pequena. Eu não era a pessoa mais comunicativa do mundo. Eu não gostava de falar com pessoas que eu acabei de conhecer, ou falar demais mesmo com alguém que eu já conheça. Minhas amigas sempre diziam:

- Viviane, você vai morrer solteira se for assim para sempre.
Não me incomodaria com isso. Em minha cidade pequena nunca ninguém agradou meu gosto. Nem eu parei para procurar algo, como as meninas de 17 anos fazem. Acho que minha mente pode aproveitar esse tempo para fazer algo mais construtivo.
- Vivi - Ana chamou.
- Oi - disse.
- O que você acha de irmos ao cinema? - Ela começou a tagarelar sobre filmes que estavam passando, atores, diretores.
- Parece legal - disse.
Compramos um ingresso e entramos para a sala onde tinha ainda pouca gente. Sentamos no canto de uma fila e elas começaram a falar, agora sobre meninos, alguns que estavam à duas filas da gente. Isso não era constragedor? Para mim era.
As luzes abaixaram até estarem apagadas. A tela do cinema ligou e começou a passar patrocinadores de filmes.
- Vou comprar alguma coisa para beber - disse me levantando.
Andei, quase me arrastando, até a lanchonete do cinema. Tinha uma variação de bombons no balcão de vidro e atrás tinha geladeiras de refrigerante. Ao lado uma máquina de fazer pipoca. O lugar estava vazio, a não ser por uma menina e um menino parados na frente do cartaz de algum filme. Fui até o balcão e comprei uma coca. Sentei em um dos bancos tentando me livrar de horas de um filme do qual não sei nem o nome. Eu teria que olhar o nome do filme na saída, para se as meninas perguntarem alguma coisa eu saber pelo menos o nome.
Olhei para o banco ao lado e vi o mesmo casal sentados no banco ao meu lado. O menino era lindo. Os cabelos eram pretos e para um lado. Ele se vestia bem, mas não demostrava gostar de pessoas do mesmo sexo. A calça jeans azul combinava com a blusa azul clara de botões. Ele estava olhando para o chão enquanto a menina falava alguma coisa sem parar, mas baixa o suficiente para eu não ouvir. A menina era igualmente linda. O cabelo preto ia até seu ombro. Ela vestia uma calça jeans apertada, realçando todas suas curvas. Vestia também uma blusa vermelha que parecia ser feita à mão de tão linda que era.
O menino levantou a cabeça e eu pude ver o seu rosto. Ele tinha um queixo firme e seus lábios formavam duas linhas de espessura perfeita. Seu nariz era reto e no lugar correto.
Ele com certeza teria a mulher que quisesse nas suas mãos. Ele passou a mão nos cabelos e virou-se para o lado onde eu estava.
Dois grandes olhos azuis me olhavam com curiosidade. O azul dos olhos dele era um doce azul que talvez fosse a mistura perfeita do céu com o mar. Eu não escutei mais nada no momento. Era como se todo o mundo estivesse acabado naquele exato momento. Minha vontade era de olhar para o resto da sala, mas eu não queria desviar dos olhos que me olhavam. Pisquei o olho duas vezes e na terceira deixei ele fechado por dois segundos.
Ouvi barulhos novamente. Olhei para aquele garoto novamente, mas ele estava encarado a moça linda que o acompanhava. Me levantei, trazendo a coca e voltei para a sala do cinema.
Sentei e o filme já tinha começado. Me sentei e fiquei em silêncio. Era de comédia, eu estava afim de tentar prestar atenção, mas os olhos daquele menino que eu nem sabia o nome estavam em minha cabeça. Meu ar acabou e eu puxei o ar com força.
- Você está bem? - Mariane me perguntou.
- Meu ar faltou. Acho que esse fechado não me ajuda à respirar. Espero vocês lá fora. - Me levantei e elas também.
- Vamos com você - Ana disse.
- Não precisa.
- Mas vamos.
Saímos do cinema pela entrada, onde tinha a lanchonete. Ninguém estava mais lá. Não achava que ele estaria mesmo. Tinha passado mais ou menos uma hora de filme depois que eu entrei, ele com certeza estava em algum filme agora, ou já tinha ido embora. Mas não cabia a mim tentar imaginar onde ele estava naquele momento. Eu não fazia aquilo, é insignificante demais. Ir atrás de algo que você não tem certeza é absolutamente ridículo.
Dei de cara com o motorista de minha casa, Carlos. Agradeci internamente, não queria ficar mais ali.
- Gente, eu já vou - disse.
- Mas, não - Ana disse.
- Carlos tá aqui. Eu não sei por quanto tempo. Melhor ir logo.
- Ok, então - Mariana disse.
- Tchau gente - disse.
- Amo você. - As duas disseram em um coral.
Dei um sorriso aberto praticamente dizendo que eu também as amava. Me declarar nunca foi meu forte. Sair dizendo eu te amo para todo mundo, mesmo que eu amasse, não era uma coisa muito útil da minha parte.
Passei com o Carlos por todo o shopping, pequeno, até a loja de minha mãe. Tinha duas mulheres olhando calças com uma das vendedoras, e outra vendedora estava no corredor do provador, talvez esperando alguém sair. Fui para o balcão onde estava a minha mãe, Marie, na frente de um computador.
Minha mãe era o simbolo da beleza para mim. Seu rosto tinha tudo no lugar certo. Seu nariz era pequeno mas cabia corretamente no seu rosto. Seus lábios pareciam feitos em um quadro de tinta à oleo.Seus cabelos castanhos escuros caiam em cachos pelo ombro e seus olhos estavam mais azuis olhando para a tela do computador. Ela levantou a vista e deu-me um sorriso mostrando todo os seus dentes perfeitos.
- Vai para casa querida? - Ela perguntou.
- Vou sim. Vim aqui avisar.
- Peça para seu irmão sair da frente do computador, por favor.
- Certo.
Fui andando sem pressa para a porta onde o Carlos estava em pé esperando. Passei a vista pela loja novamente e a vendedora que estava perto do corredor de provadores não estava mais só. Uma linda moça com uma blusa vermelha estava de costas para mim e conversando com ela. Era a mesma mulher do cinema. Ouvi a porta do outro provador abrir e abaixei a cabeça sabendo que aquele mesmo menino estaria saindo dali.
Não seria coicidência demais? Nos vermos novamente na loja de minha mãe? Passei pela porta de vidro e olhei pelo canto do olho para a direção de onde eles estavam. A de blusa vermelha estava ainda conversando com a vendedora. Mas o menino olhava para fora. Para mim? Não me atrevi subir o olhar e ver para onde ele estava olhando. Andei de cabeça baixa até sair da vista dele e depois levantei a cabeça. Andei mais dois metros e ouvi um a voz gritar por mim na direção da loja. Virei para lá e minha mãe estava acenando para mim. Ela vestia um vestido preto que mostrava todas suas curvas e um salto alto preto. Minha mãe não podia ser mais bonita do que aquilo. Notei olhares de homens para minha mãe, ficavam abobados. Eu ainda tinha esperança de quando crescer pegar pelo menos um quarto de sua beleza.
Me aproximei dela e ela tinha uma pilha da papel no braço esquerdo. Ela o empurrou para mim, e eu o peguei.
- Entregue à seu pai, por favor.
- Certo, mãe.
- Não esqueça de tirar seu irmão do computador.
Acenti e virei de costas para ela. Olhei novamente para a loja e o menino estava sentado em um dos bancos. Dessa vez eu olhei dentro dos olhos azuis dele. O silêncio invadiu o shopping, como se não tivesse ninguém ali. Ele deu um meio sorriso para mim e eu sai da vista dele. O barulho voltou e eu pisquei duas vezes tentando entender o que era aquilo. Porque não fazia sentido nenhum para mim. Era como se eu ficasse surda por um curto tempo. Aquilo era estranho o suficiente para botar minha curiosidade para fora.

Minha casa era a maior entre as outras casas grandes do meu condomínio. Eu não me socializava muito com os meus vizinhos por serem todos mais novos ou mais velho do que eu, eu não me sentia bem perto deles. Minha casa era a única branca entre as outras coloridas. A porta azul escura era um contraste entre as paredes brancas com as janelas com cortinas também brancas. Depois da porta azul estava a sala, com móveis modernos e bonitos, um sofá de couro branco e uma mesa de centro toda vidro. A escada era de uma madeira clara com os corrimãos brancos, a baixo da escada estava uma estátua de obra de arte. Passei pela sala de jantar com uma mesa de vidro redonda e fui para a cozinha.
Minha cozinha era de dar inveja à todas as mulheres da idade de minha mãe. As bancadas eram brancas como o resto de minha casa e tinha muitos aparelhos modernos nela toda. A geladeira era as típicas americanas, com duas portas. A abri e peguei um pote de sorvete pequeno que estava no congelador. Abri a primeira gaveta da bancada e peguei uma colher.
Na frente da cozinha tinha o escritório do meu pai. Era o único lugar da casa que tinha móveis rustícos. Era toda com madeira escura. Uma mesa grande de madeira estava no meio da sala. Atrás tinha a janela de vidro que dava para o quintal. Duas estantes de livros estavam dos dois lados das janelas e o móvel abaixo da janela estava cheio de papeis.
Meu pai, Emanuel, era lindo. O cabelo preto dele combinava com sua pele branca, assim como eu. Seus olhos eram azuis iguais ao da minha mãe e ao meu, e obviamente, igual ao do meu irmão. Ele era alto e musculoso na precisão dele. Ele tinha um sorriso que tirava o fôlego de qualquer mulher que estava por perto. Ele e minha mãe ficaram junto talvez por suas belezas serem exageradas.
Eu talvez tenha pegado as coisas ruins da minha família, além meu cabelo ser lindo e eu ter um par de olhos de cor maginifica. Nada se encaixava no meu rosto. Meu corpo ainda não era de todo bonito, mas eu ainda tinha esperança de ficar.
Já meu irmão ficou com tudo de bom da família. Os olhos azuis como todo mundo mas os cabelos da cor do de minha mãe. Seu rosto era lindo e eu estou esperando muitas mulheres na minha casa daqui a mais ou menos dois anos. Ele ainda mantém escondido por ter só 14 anos.
Dei um beijo na testa de meu pai e entreguei os papeis para ele.
- Obrigada querida - ele disse.
Apenas sorri e subi para o quarto do Bruno. Ouvi a música saindo do quarto assim que entrei no corredor do andar de cima. O quarto dele era depois do meu e antes do dos meus pais. Bati na porta e a abri. Ele estava na frente do computador, como sempre. Ele virou-se para mim e sorriu, talvez sabendo que eu vinha dar o recado da minha mãe.
- Mamãe disse para você sair daí - disse.
- Sabia. - Ele disse revirando os olhos.
- É bom sair.
Eu passei pro corredor e fechei a porta. Andei o corredor de volta para o meu quarto. O meu quarto obedecia o branco da casa. O guarda-roupa era embutido e as portas eram brancas. Minha cama, em baixo da janela, sempre era forrada por um pano branco. No chão tinha um tapete branco em frente a televisão e a estante de livros, filmes e cds. Do lado da cama tinha minha escrivaninha com livros e meu computador. Tirei minha sandália e a joguei na gaveta de sapatos do meu guarda-roupa. Peguei uma roupa da gaveta e a levei pro banheiro para me trocar.
Meu banheiro tinha azuleijos cinzas-claro. A pia era coberta de produtos que minha mãe ensistia em eu usar. Na parede tinha a banheira, que eu só usava quando queria tirar o
estresse dos estudos, conjunta com um chuveiro. Tirei minha roupa e vesti um vestido folgado para deitar-me e ler um livro até ficar tarde demais para eu ficar acordada.