segunda-feira, 30 de março de 2009

Capítulo Dezesseis - Quase fim

Fiquei em silêncio apenas escutando a respiração dela.
- Alô? - Ela disse em um tom baixo.
- Viviane. - Meu coração explodiu, se ele pudesse sentir alguma coisa. Não pude mais ouvir a respiração dela. - Você está ai? Não escuto sua respiração. - Ela soltou o ar. - Você está bem?
- Aham. - Ela disse no tom baixo novamente.
- Desculpe sumir assim. Mas você, quem sabe, um dia entenderá. - Disse com remorso.
- Entender? Você sumiu! Sumiu sem se despedir e agora vem pedindo desculpas e dizendo que eu vou entender. Tenha dó, Roberto. Eu aqui trancada nesse quarto faz duas semanas. - A voz dela foi alta pela primeira vez na noite.
- Me desculpe. - Foi a única coisa que consegui falar. - Não queria magoá-la. Mas será melhor assim. - Não queria magoar o amor da minha vida.
- Onde você está?
- Oxnard.
- Que fica...?
- Na Califórnia. - Disse rápido.
- Isso tem alguma coisa haver com a loira que eu vi no meu quarto?
- Tem. - Não menti.
De novo, apenas nossas respirações. Que saudade que eu tinha daquela respiração junto ao meu peito. Fechei os olhos e fiquei ouvindo ela.
- Eu acho que eu um dia vou ter que lhe contar a verdade. - Falei depois soltei minha respiração.
- Eu iria agradecer. - Ela falou ironicamente.
- A loira no seu quarto, o nome dela é Maddie. - Ela ficou em silêncio, esperando eu falar. - Ela é... uma ex namorada minha. Ela deve.... - Minha voz falhou e eu puxei o ar duas vezes. - Ela deve ainda sentir algo por mim.
- Mas o que isso tem haver com você ir para outro país?
- Ela é perigosa. Podia fazer algo com você se me visse perto de você. - Meu estômago virou só em pensar naquilo.
- Nossa Roberto, você é realmente inacreditável.
- Você tem que apenas acreditar nisso por en...
- Como assim? Ela é perigosa como? Vai me matar por ter você como namorado?
- Mais ou menos.
- Isso é totalmente ridículo! - Ela falou com o tom mais elevado.
- Ela pode lhe fazer muito mal, de um jeito que você nem pode imaginar.
- Isso deve explicar como ela entrou no quarto e saiu sem ninguém ver e em tempo muito curto.
- É exatamente isso.
Houve silêncio de novo. Nossas respirações estavam apressadas e desarmoniosas- O que isso significa pra gente, Roberto?
- Como assim? - Passei os dedos no meu cabelo tentando fugir daquilo. A última coisa que eu queria era dizer adeus.
- Nós não podemos continuar tendo alguma coisa com você guardando segredos e nos Estados Unidos.
- Oh. - Minha boca emitiu um som junto com minha respiração. Se eu não tivesse sentado eu cairia no chão pensando naquela hora, que tinha chego, infelizmente. Eu iria dar adeus para minha Viviane e talvez ela nunca fosse entender os meus motivos e nunca me perdoar. Houve um pequeno fungado.
- Você está chorando? - Perguntei e ela não me respondeu.
Depois da minha pergunta seu choro ficou mais claro. Eu podia ouvir seus soluços, suas fungadas, quase pude ouvir suas lágrimas. Queria poder ouvir, naquele momento, seu coração cantando para mim, apenas para me deleitar naquele som. Pude ouvir ela puxando o ar para o choro.
- Você está chorando. - Não era uma pergunta. - Me desculpe Viviane. Eu sinto tanto quanto a isso.
- Eu também.
- A Maddie. Você a viu alguma outra vez desde que eu fui? - Mudei de assunto.
- Não.
- Isso é menos ruim. Mas ficar longe de você é o pior. - Voltei ao assunto. Conversar com ela era difícil não falar sobre como eu me sentia sobre ela.
- Para mim também. - Ela falou com a voz rouca, me fazendo notar que ela ainda chorava.
- Eu não vou voltar a lhe perturbar. - Queria eu.
- Não, não. - O quase grito dela me querendo perto dela me fez ficar ali, se eu pudesse, para sempre.
- Algum problema? - Perguntei.
- Não sei exatamente. E se ela voltar? O que eu faço? Corro?
- Diga que eu não estou mais com você. Diga à ela que eu estou de volta em Oxnard e ela lhe deixará em paz. - Eu espero.
- Certo. - Houve silêncio novamente. Minha respiração estava desregular e à dela estava entre os soluços. - Isso é um adeus?
- Creio que sim.
- Certo. Adeus então, Roberto. - Aquilo doía ouvir.
- Adeus, Viviane. - Doía mais ainda dizer.
Nenhum de nós falou mais nada, apesar de saber da presença do outro. Eu amava a minha Viviane, e talvez essa fosse uma boa desculpa para deixá-la livre. Sem saber da existência de vampiros, sem saber o quanto eu vou amá-la pelo resto dos dias da minha existência, sem saber nada mais sobre a Maddie, sem se transformar em uma igual à mim.
O pi do telefone interrompeu meus pensamento junto com a respiração dela. Desliguei o telefone e o fiquei encarando. Joguei ele para baixo da minha mesa de TV, ali eu não ficaria vendo ele e pensando sobre isso. Como se não pensar sobre nosso adeus fosse possível.
Lembrei de tudo que passei com ela. Desde o cinema ao telefonema. Cada palavra, cada olhar, cada sorriso, cada cheiro, cada som.

Passou dez ou quinze minutos e minha porta se abriu, mexi apenas meus olhos. A Amanda mordeu o lábio ao me ver afundando na poltrona. Ela inalou o ar com força e em questão de segundos estava de pernas cruzadas na minha frente.
- Você tem que voltar para o Brasil, querido. - Ela disse.
Revirei os olhos e fiz uma careta para ela. Eu não voltaria, eu deixei minha Viviane ir e não teria volta agora. Eu não podia simplesmente voltar para Juazeiro e dizer que a amava. Amanda suspirou irritada e se levantou batendo o pé no chão, fazendo um barulho com a sandália dela. Consegui mexer o rosto para ver sua expressão e estava realmente irritada. Ela tocou meu ombro, fazendo eu ver seus pensamentos.
O pavor subiu em todo meu rosto e não consegui pensar mais em nada além de pegar um avião de volta para Juazeiro.

Gente, me desculpem o tamanho ok? Mas é tudo que eu pude escrever nesse capítulo. Os próximos serão maiores. Beijo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Capítulo Quinze - Adeus

Atendi ao telefone e não disse nada. Mas eu podia ouvir a respiração de alguém do outro lado da linha.
- Alô? - Eu disse quase sem voz.
- Viviane. - Roberto disse com sua voz rouca, fazendo meu coração palpitar pela primeira vez depois da última vez que nos vimos. Meu ar acabara e eu não teria mais forças de pronunciar outra palavra. - Você está ai? Não escuto sua respiração. - Soltei minha respiração. - Você está bem?
- Aham. - Fiz apenas o som, pois sabia que nada ia sair.
- Desculpe sumir assim. Mas você, quem sabe, um dia entenderá.
- Entender? Você sumiu! Sumiu sem se despedir e agora vem pedindo desculpas e dizendo que eu vou entender. Tenha dó, Roberto. Eu aqui trancada nesse quarto faz duas semanas. - As palavras saíram de uma vez, passando uma por cima das outras.
- Me desculpe. - A voz dele falhou. - Não queria magoá-la. Mas será melhor assim.
- Onde você está?
- Oxnard.
- Que fica...?
- Na Califórnia. - Ele disse rápido.
- Isso tem alguma coisa haver com a loira que eu vi no meu quarto?
- Tem.
O silêncio no telefone agora era perturbador. Eu podia ouvir a respiração dele e a minha. Não era o silêncio que eu antes gostava de ouvir quando eu olhava nos olhos azuis dele.
- Eu acho que eu um dia vou ter que lhe contar a verdade. - Ele soltou a respiração.
- Eu iria agradecer. - Falei ironicamente.
- A loira no seu quarto, o nome dela é Maddie. - Esperei ele falar mais. - Ela é... uma ex-namorada minha. Ela deve. - A voz dele falhou e ele respirou duas vezes. - Ela deve ainda sentir algo por mim.
- Mas o que isso tem haver com você ir para outro país?
- Ela é perigosa. Podia fazer algo com você se me visse perto de você.
- Nossa Roberto, você é realmente inacreditável. - Revirei os olhos mesmo sem ele poder ver.
- Você tem que apenas acreditar nisso por en...
- Como assim? Ela é perigosa como? Vai me matar por ter você como namorado?
- Mais ou menos.
- Isso é totalmente ridículo! - Eu quase gritei.
- Ela pode lhe fazer muito mal, de um jeito que você nem pode imaginar.
- Isso deve explicar como ela entrou no quarto e saiu sem ninguém ver e em tempo muito curto.
- É exatamente isso.
O silêncio voltou novamente. Minha respiração estava tão nervosa, e a dele igual. Aquilo não cabia na minha cabeça de modo algum. Segurei o telefone no ouvido e, a outra mão coloquei no meu cabelo despenteado.
- O que isso significa pra gente, Roberto?
- Como assim?
- Nós não podemos continuar tendo alguma coisa com você guardando segredos e nos Estados Unidos.
- Oh. - Ele soltou junto com o ar.
Meu coração apertou por saber que naquela noite tudo acabaria entre a gente. Era tão inaceitável para mim acabar por telefone. Mas não tinha outro jeito. Senti meus olhos marejados e os fechei deixando cair minhas lágrimas.
- Você está chorando? - Ele perguntou, mas eu não respondi.
Mais lágrimas caíram, fazendo eu me desmanchar. Eram apenas duas semanas de namoro com a presença um do outro e eu estava chorando por ele. Estava chorando pelo nosso fim. Estava chorando por não entender o por que.
Entender não era muito desse relacionamento. Eu não entendia porque do silêncio nos olhos dele. Não entendia como a gente se aproximou tão rápido. Não entendia porque aquela mulher perturbou tanto ele. Não entendia o porque de todas as minhas lágrimas da vida estarem descendo agora. Puxei o ar três vezes tentando parar com as lágrimas, e consegui fazer elas descerem silenciosas.
- Você está chorando. - Não foi uma pergunta. - Me desculpe Viviane. Eu sinto tanto quanto a isso.
- Eu também.
- A Maddie. Você a viu alguma outra vez desde que eu fui?
- Não.
- Isso é menos ruim. Mas ficar longe de você é o pior.
As lágrimas desceram, pelo menos com minha boca fechada. Eu estava realmente apaixonada por ele, e eu só notei isso quando ele estava na Califórnia.
- Pra mim também. - Disse com a voz rouca.
- Eu não vou voltar a lhe perturbar.
- Não, não. - Quase gritei. Ele não podia desligar.
- Algum problema? - Ele perguntou.
- Não sei exatamente. E se ela voltar? O que eu faço? Corro?
- Diga que eu não estou mais com você. Diga à ela que eu estou de volta em Oxnard e ela lhe deixará em paz.
- Certo.
Voltei a ouvir apenas nossas respirações. A dele, desregular e a minha entre soluços.
- Isso é um adeus? - Perguntei.
- Creio que sim.
- Certo. Adeus então, Roberto. - Doeu dizer aquelas palavras, mas teria que dizer-las essa noite.
- Adeus, Viviane. - Ele disse.
Nenhum de nós desligou, ficar ouvindo as nossas respirações devia ser tão bom para ele quanto era para mim. Eu desliguei para não ocorrer mais nada. O relógio do celular marcava meia noite, ele não devia ter se adaptado ao horário. Ele nunca me acordaria se soubesse.
Joguei o celular na gaveta e a fechei. Botei a mão nos meus cabelos despenteados e mais lágrimas desceram. Encostei minha cabeça no travesseiro e o deixei molhar. As lágrimas saiam silenciosas e muitas.
Senti uma mão acariciar minha cabeça, mas nada tiraria minha cabeça do travesseiro e meus olhos fechados não se abririam para ver o mundo. Apesar do rosto do Roberto estar na minha mente, era bom vê-lo, nem que fosse em minha mente.
- Fique assim, meu amor, sem crescer. Porque o mundo é ruim, é ruim e você vai sofrer de repente, uma desilusão. Porque a vida é, somente, teu bicho-papão. - Minha mãe cantou, me fazendo saber de quem era aquela mão na minha cabeça.
As lágrimas caíram mais e mais e eu abri os olhos. Minha mãe estava sentada na beira da minha cama com seu roupão branco e seu cabelo despenteado. Eu me virei e botei a cabeça no seu colo e minhas lágrimas desceram mais ainda. Ela continuou cantando a mesma música da Arca de Noé.
Me lembrei de todos os momentos que minha mãe cantou aquela música para mim. Sempre que eu chorava ela cantava. Ela dizia que era minha música. Porque um dia eu ia crescer e ver que o mundo não era tão lindo. E tinha razão.
Eu vivia em uma casa de campo até meus sete anos, onde minha mãe estudava e meu pai trabalhava com pequenas lojas. Eu cuidava do meu irmão enquanto eles saiam. Nunca achei ruim, nem bati o pé no chão quanto a isso. Meus pais sempre fizeram o melhor possível para nos tirar da nossa pequena casa no meio de verduras e nos levar para estudar. Quando meu pai ganhou dinheiro minha mãe abriu a loja dela com seu curso de moda e meu pai começou a trabalhar com lojas maiores. Nos mudamos para uma casa pequena no centro de Juazeiro e quando completei 13 anos, nos mudamos para a casa de porta azul. Eu já estudava, juntamente com meu irmão. Nos esforçamos muito para acompanhar os de nossa idade. Aprendemos outras línguas e nos acostumamos a estudar sem dar trabalho para um dia agradecer tudo o que nossos pais fizeram por nós.
Deixei meus olhos caírem enquanto ouvia a música conhecida da boca de minha mãe, até conseguir dormir. Por talvez trinta minutos.
A partir daquele dia seria cada vez mais difícil. Eu sabia que não o teria mais nunca. A gente deu adeus um para o outro e tudo terminou. Segurei as lágrimas dentro do carro, apesar de minha mãe ter me visto chorar a noite quase toda, eu não queria dar mais preocupação para ela. Desci do carro e ouvi ela desejar uma boa aula para mim e para o Bruno. O corredor aberto trazia sol para todas aquelas fardas brancas fazendo eu ficar tonta.
- Você está bem? - Uma voz masculina perguntou atrás de mim. Me fazendo virar de vez. - Ow, cuidado ai.
O George estava me olhando com um sorriso no rosto, mas logo ficou sério e suas sobrancelhas enrugaram-se e os olhos cor de ouro passaram para meu corpo. Acompanhei o olhar dele. Talvez eu tenha esquecido de alguma coisa, ou trocado. Mas estava tudo ali. Calça, blusa, tênis, meia, bolsa, cadernos. O que havia de errado se eu estava exatamente como ontem? Ele não podia ver meu coração em pedaços dentro de mim.
- O que foi? Algo errado em mim? - Perguntei.
- Você parece triste. - Desviei o olhar dele e soltei um hunf pelos meus lábios. Ele continuava com as sobrancelhas enrugadas quando olhei para ele. Seu par de olhos ouro estavam agora com dó, ou algum sentimento que eu não tinha tempo de ver o que seria. - Posso levar seus cadernos?
- Obrigada. - Entreguei os cadernos e seguimos para a nossa sala.
A sala já estava cheia e o frio da sala me fez querer ficar torrando lá fora. O frio era muito calmo e menos perturbador que o sol para eu ficar o dia todo. Minha cadeira estava no mesmo lugar que ontem. George botou os cadernos em cima e eu sentei nela. Vi a Ana e a Mariane sorrindo para mim e eu sorri para elas, tentei. Não sei se consegui, mas eu também não ligava para isso. George sentou do meu lado e o professor entrou na sala.
As aulas passaram lentamente e eu estava com vontade de sumir. O George não parara de me perguntar o que estava acontecendo o dia todo. Mas me abrir com um colega de sala que eu conhecia fazia um dia não era algo que eu apreciava. Não queria contar para minhas melhores amigas, imagine alguém que conheci.
O sinal tocou indicando o intervalo. O dia já não tinha acabado? Me arrastei até a porta e procurei uma mesa vazia embaixo de uma árvore no corredor aberto.
- O que você tem? - Ana e Mariane fizeram um coral.
- Nada. Apenas não dormi direito.
- Tem certeza? - Ana perguntou. Acenti com a cabeça.
- Quer lanche? - Mariane perguntou. - Estamos indo comprar.
- Não, estou sem fome.
Elas saíram, me olhando por cima dos ombros. Desejei poder contar tudo a elas. Mas se eu não estava entendendo, que convivi com ele, elas não iriam entender. Fiquei observando as pessoas conversando com as outras para tentar ocupar minha cabeça, como fiz toda a aula. Mas nada naquele dia estava tirando as frases do Roberto de ontem da minha cabeça.
- Oi. - George sentou-se na minha frente. Dei o meu melhor sorriso. - Vai me contar o que está acontecendo, por favor? Eu prometo guardar segredo.
- Não sei se dá para contar.
- Tenho certeza que sim. - Ele relutou com um sorriso branco no rosto. - Você vai se sentir melhor dividindo isso com alguém.
- Eu estava namorando com um cara. Ele é da Califórnia e tem vinte anos. Passamos duas semanas boas e duas neutras. As duas primeiras semanas ele estava comigo e as outras duas não. Eu tive sonhos com uma mulher e ele voltou para Oxnard. Só que ele ligou ontem perguntando sobre essa Maddie e me disse adeus. E eu estava realmente me apaixonando por ele.
Ele não disse nada, apenas ficou olhando para mim, racionalizando tudo o que eu falei. Claro que eu espremi a história, mas eu tinha me aberto para alguém. Não sei se ele entendeu a história toda.
- Tudo bem se não tiver entendido.
- Estou apenas pensando sobre isso.
- Não diga as meninas. Eu não quero contar para elas agora.
- Claro, claro. Como é o nome desse cara?
- Roberto.
- Você é especial. Se ele não te deu valor, o errado foi ele. Mas eu tenho certeza que ele deve estar arrependido.
- Não sei.
Ele se levantou e sentou no banco de cimento que eu estava sentada. Botou a mão no meu ombro, como um melhor amigo e beijou-me a testa. Sorri para ele e ele mostrou todos seus dentes em um sorriso.
- Obrigado por confiar em mim. - Acenti com a cabeça.
Eu acabara de me abrir com um quase estranho. Mas algo nele me levava a contar qualquer coisa para ele. Ele era confiável, e apesar de dizerem para não acreditar na primeira impressão, eu precisava me abrir com alguém, e eu gostava dele para me abrir. Ele não dava opiniões, ou perguntava coisas, ele apenas escutava.
Agradeci quando minha mãe apareceu com o carro na porta da escola. Entrei e esperei o Bruno. Seguimos para casa em silêncio, pelo menos eu.
Meu quarto parecia o mesmo de ontem. Joguei minha bolsa em cima da mesa e tirei as roupas. Botei um vestido branco e desci para cozinha. Estava apenas o Bruno sentado na mesa e a comida servida. Botei pouca comida no meu prato e fiquei mexendo a comida até o Bruno se retirar. Botei o prato na pia, e subi para meu quarto.
A tarde estava sendo mais lenta que o dia. Tentei ver meu caderno de cálculos, mas hoje nada estava conseguindo prender a minha atenção. Fechei o caderno e desci segurando um livro qualquer da minha estante.
Passei pela porta azul e fui em direção da grama onde tinha as árvores dividindo as ruas. Ventava, apesar do calor. As folhas faziam um barulho bom. E apesar de manter minha cabeça totalmente desocupada era melhor que tentar ocupar. Fiquei observando as folhar dançando entre elas e algumas caindo com a ventania que levantava meu cabelo um pouco, por causa do muro.
Abri o livro na primeira página e tentei ler. Mas minhas pálpebras estavam se fechando pela noite mal dormida de ontem.
- Viviane. - Alguém me chamou em um tom baixo, mas o suficiente para eu acordar do meu sono.
Abri meus olhos e o pôr-do-sol estava se formando na minha frente, apesar das nuvens cobrirem quase todo o céu. Meu livro estava aberto sobre meu peito talvez ainda no primeiro capítulo, não lembro onde parei. Eu estava deitada na grama, com a cabeça encostada numa árvore. Me sentei. Os postes já estavam ligados e vi minha casa do mesmo jeito de sempre, mas ela estava totalmente escura.
Mas o que prendeu minha atenção daquele cenário que eu já conhecia foi a figura extremamente linda parada no meio da rua de pedra do condomínio.



Ele tá pequeno. Mas tá chegando no fim, certo? Uma hora tem que acabar ;)

domingo, 22 de março de 2009

Capítulo Quatorze - Outro país

Fazia duas semanas que eu não a via. E a saudade estava matando o pouco que me restava. Eu estava na minha cidade na Califórnia, que eu prometi nunca mais ir, mas depois do incidente eu preferiria ficar longe da minha Viviane, para mantê-la salva.
A cidade de Oxnard ficava próxima de todas as cidades importantes da Califórnia. Los Angeles, Santa Bárbara. E ela era incrivelmente pequena para estar no meio delas. Eu morava próximo à South Mountain, na verdade. Havia trilhas nela, mas nada que chegasse muito próximo da nossa casa. Os parques de Golf davam para ser vistos de todas as janelas do fundo da nossa casa.
Essa casa era bem mais equipada do que a do Brasil. Ela era toda de vidro, e com cortinas beges para fechar as janelas. Uma escadaria de pedra dava para a sala que tinham sofás de couro brancos e mesas de centro de vidro. Uma estante de vidro segurava muitas peças de artesanatos caras. Havia outra escada de cinco degraus que dava para a cozinha. Ela era branca e totalmente desocupada de comida.
Uma mesa estava no meio dela, de vidro. Com cadeiras brancas e um jarro com flores amarelas em cima da mesa. Outra escada, também de cinco degraus, descia para a sala onde tinha livros e uma lareira.
Voltando para a sala tinha uma escada maior onde dava para o segundo piso. Lá ficavam os quartos. O quarto da Sophia tinha quadros perfeitamente pintados por ela, assim como no corredor. O corredor tinha uma janela enorme onde dava para ver o campo de Golfe Ozzie Osborn's. Uma porta na frente da escada dava para o quarto da Amanda, que ela o tinha decorado de várias cores e estilos diferentes.
A segunda porta indicava o quarto da Sophia, e o último dava para o meu quarto. Meu quarto era pintado de um branco profundo e as janelas davam para ver o mar distante e toda a cidade, entre as árvores. Minha cama estava na parede do banheiro, a cama de casal não ocupava nem um terço do quarto. Um guarda-roupa estava na parede em frente à cama. Uma mesa com a TV estava do lado da porta e embaixo havia vários dos meus DVDs favoritos. Uma poltrona estava encostada ao lado da cama. Meu quarto tinha um quadro com o desenho de um pôr-do-sol no mar e um barco.
Meu banheiro era comum, como todos da casa. Banheiro não era uma coisa muito utilizada por nós, mas gostávamos de nos sentir limpos, mesmo sem sentir a sujeira.
Eu passava a maioria do tempo deitado na minha cama. Quando não dormia eu via o sol se pôr no mar entre as árvores da montanha. Era lindo. Mas tudo que seria lindo me faria lembrar a Viviane.
Quantas vezes eu não já disquei o telefone dela para ligar, mas desisti? Eu preferiria vê-la viva e sem mim, do que comigo e morta.
Me pergunto todo dia porque a Maddie surgiu na minha vida. Porque eu fui para aquela festa de confraternização da casa dos Evans para não haver brigas entre vampiros na cidade de Oxnard. Eu lembro entrando naquela sala e a Amanda arregalando os olhos para a Maddie.
Foi a primeira visão da Maddie que tive. Os seus cabelos loiros iam até sua cintura e caiam em cachos falsos por todos os lados. Ela vestia um vestido xadrez azul e branco. As pernas dela dentro do vestido solto eram lindas e a marca da sua cintura estava visível. O corpo dela era o mais lindo que eu vira. Seu rosto era liso como o de um bebê e seus lábios eram rosados. Ela sorriu e mostrou todos os seus dentes brancos e perfeitos em um sorriso. Duas covinhas se formaram em seu rosto. Deixei o olho por último, pois quando eu a olhasse ela nada ouviria. Os olhos delas tinham uma cor de mel derretida, chegava a ser dourada. Ela não parou de sorrir quando ficou tudo em silêncio. Nós andamos um em direção ao outro e ela se apresentou.
Nos amamos por muito tempo. Até eu descobrir que o que ela sentia por mim era o que eu sinto pela Viviane. Eu não sentia isso por ela, e fiquei com medo de magoá-la. Maddie era muito doce para ser magoada. Passamos muito tempo juntos até eu descobrir isso, por Amanda.
Conversei com a Maddie e ela disse que sentia realmente aquilo, com naturalidade. Quando eu disse que não sentia por ela, ela começou a rir e quase não parou mais. "Thomas querido, nenhum vampiro se engana sobre isso." Ela disse isso entre uma risada musical e rouca. Meu coração apertou quando a deixei e ela foi embora sem dizer nada nem para a sua família.
Mas todos sabiam que ela ficaria bem, por ela já ter o dobro da minha idade. Eu tinha, no tempo, 76. E ela tinha 140. Ela controlava tão bem o seu metabolismo que ela parecia ser uma jovem vampira, que acabou de se transformar. Eu sentia falta dela. E todos os dias eu a esperava vir para mim novamente. Até que eu pensei que eu nunca me apaixonaria de verdade, como um vampiro. E que a pior coisa que me aconteceu foi me transformar nesse corpo.
Até que vi a Viviane na bancada do cinema. E se eu tivesse um coração ele iria voltar a bater. Eu sabia que a Maddie ainda me amava quando fiquei com a Viviane, mas nada poderia me impedir de ficar com ela. Até que eu vi que havia alguma coisa que poderia nos impedir de nos amarmos. A Maddie. Ela pode machucá-la. Ela tem mais de 150 anos e ela é uma das mais espertas vampiras que ainda existem. Ela tem controle das emoções dela, sabe rir, chorar na hora certa. Ela com certeza poderia enganar a Viviane e matá-la em questão de segundos.
Senti-me enojado de mim mesmo quando pensei na minha Viviane sozinha sem poder se defender de nada. Quanto mais da Maddie.
Fazia uma semana e meia que eu estava em Oxnard e não tivemos nenhuma notícia da Maddie. Os "pais" dela disseram que ela passou por lá no começo do ano, mas foi uma passagem rápida. Disse que ela parecia bem e não parecia triste por eu ter ido embora de Oxnard. Mas ninguém entendeu porque ela não quis ficar na sua cidade.
Amanda entrou no meu quarto e se jogou junto comigo na cama. Amanda estava feliz por voltar a sua cidade. Mesmo estando todos escondidos da vista dos moradores de Oxnard, por nenhum de nós terem mudado. Eu não poderia mudar, se eu fosse ver a minha Viviane novamente?
Eu escutava apenas a respiração da Amanda e meus pensamentos. Quando sem querer encostei a mão no braço da Amanda e vi suas visões.
Vi a minha Viviane andando com uma calça jeans e uma blusa branca com faixas azuis. Ela carregava livros e de repente todos caíram no chão. Um menino a ajudou a levantar os livros e ela agradeceu. Eles conversaram enquanto ela notava cada parte do seu rosto. O ciúme subiu e eu estava totalmente descontrolado. Aquele garoto não podia se aproximar dela assim. Temi que ela pudesse não estar apaixonada por mim, assim como eu pela Maddie.
- Me desculpe. Você não deveria ver isto. - Amanda disse.
- Ela não está apaixonada por ele, está?
- Eu não leio mentes.
- Ler mentes é algo preocupante para mim.
- Maddie deve ter desistido de ir atrás dela. Eu não a vejo mais.
- Isso que mais me preocupa. - Eu disse e ela me beijou a testa.
- Ficará tudo bem. Você vai ver.
- Espero, Amanda.
Ela não disse mais nenhuma palavra e eu senti o vento de seu corpo indo embora. Mas eu sabia que sua mente ainda estaria comigo. Como eu todo tempo nesses últimos dias. Ela tem se esforçado para ver a Maddie e a Viviane. A Viviane era mais fácil, apesar dela ser apenas uma humana, ela tinha certa facilidade de vê-la. A Maddie estava sempre desligada. Só saberíamos dela se ela fizesse algo que tivesse haver com algum de nós.
Mas quando a Amanda saiu, eu só pude pensar na minha Viviane. E no novo garoto. Aquilo me preocupava, apesar de saber que ela seria o amor da minha vida. Mas e se ela fosse como eu? Não necessariamente dentro da regra. Dizem que todos que sente esse tipo de amor, a outra pessoa sempre sente. Mas eu não. E se a Viviane também fosse exceção? E se ela quisesse apenas uma vida humana comum. E não uma vida vampira em qualquer lugar do país que ela quisesse.
A noite já tinha chegado e eu não tinha saído do quarto. Fui ao banheiro e vi meu rosto. Ele estava deprimente. Qualquer pessoa teria pena de mim. Meus olhos estavam com um azul escuro, como o do céu da noite. Eu não ligava mais para o meu bem estar. Eu ainda vestia uma roupa que eu não me lembro de quando vesti. Tomei um banho rápido, e vesti-me com roupas limpas. Desci para a cozinha, que estava vazia assim como a sala. Bebi o máximo que pude do "sangue engarrafado" e subi para o meu quarto. Me olhei novamente no espelho e meu olho já estava mais claro, mas nada como antes.
Passei para a minha TV e vi meu celular sobre uns DVDs de filmes. O peguei e sentei na poltrona. Passei a agenda quase vazia até o nome da Viviane e disquei com o DDI necessário.
Cada chamada me causava ânsia. O pi do telefone estava me dando dores por dentro. Até que atendeu e só pude ouvir uma respiração.

Queria agradecer a Nicole, sem ela meus posts estavam todos escritos errados.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Capítulo Treze - Nem todos os relacionamentos são iguais

Era minha última semana de férias e esses últimos dias foram bem, digamos, ruins. Eu só sai do meu quarto para comer. Era sexta e na segunda eu teria que ir para a escola e ver as mesmas pessoas sorrindo para mim. E minhas amigas. Eu abandonara elas e disse para dizer que eu não estava quando elas ligavam. Contar a elas que eu tive um namorado que me abandonou não era uma coisa na minha lista de afazeres. Me levantei e me arrastei para meu banheiro.
Virei as costas e vi meu quarto, lembrando da mulher que mudara totalmente minha vida. Por causa dela eu perdi o Roberto. Minha mente estava totalmente ocupada sobre quem era ela e o que o Roberto tinha com ela para ficar daquele jeito. Meu banho foi lento, não lembrava a última vez que eu tomara banho.
Me vesti como uma pessoa e peguei minha caixa de maquiagens. Tampei as minhas olheiras e desci as escadas. Meu irmão estava na sala com mais dois meninos. Eu sorri para eles e o Bruno sorriu com pena, tentei imaginar o que eu andara fazendo esses dias.
Fui para a garagem e o Carlos estava conversando no telefone ao lado do carro que era apenas para meu uso e de meu irmão. Ele me levou ao shopping e eu andei diante aquela zuada toda para a gráfica do shopping pequeno dali. Comprei tudo que eu iria precisar para as aulas. A loja de minha mãe estava cheia então resolvi não atrapalhar. Voltei para casa em quase uma hora e voltei para o fundo do meu quarto. Notei agora com as cortinas abertas que ele estava imundo e cheio de roupas no chão. Meu celular estava ao lado do tapete com a bateria próximo a porta do banheiro e a tampa do celular perto da minha cama. Apanhei as partes do celular e juntei ele. Torci para ligar, não saberia como explicar que eu o joguei na parede, por não receber ligações do meu namorado, para meus pais. Tinha trinta e duas ligações não atendidas. Ana, Mariane, Mamãe e Bruno.
Fiz uma ligação tripla para Ana e a Mariane.
- Oi. - Eu disse.
- Oi, dorminhoca. - Ana disse brincando. - Andou curtindo a cama nos últimos dias de férias, hein? - Mariane riu e concordou.
- Acho que sim. - Concordei. - Estou com saudade de vocês.
- Querida! Eu combinaria alguma coisa, mas meu final de semana está lotado. Acho que só nos veremos na segunda. - Mariane disse com voz de choro.
- Eu também. - Ana disse.
- Não, não. Não se preocupem quanto à isso. Eu estou bem. Aguento três dias sem vocês.
Passamos o resto da tarde falando. Elas falando, como o de costume. Eu fiquei apenas escutando suas aventuras. Não contei do Roberto. "É meu namorado fugiu depois que falei de uma mulher.". Extremamente ridículo! A noite chegou logo e elas tiveram que desligar.
Desci para a cozinha e minha casa estava vazia. Esquentei um pedaço de pizza que estava na geladeira. Fiquei vendo a pizza girando para ocupar um minuto e meio de minha noite. O interfone tocou me fazendo pular de susto.
- Oi.
- Tem cartas hoje. Recebe apenas amanhã? Ou quer vir buscar?
- Vou buscar depois do jantar. - Isso me manteria ocupada. - Obrigada. - Desliguei.
Comi a pizza quase fria e botei o prato na pia. Fui para o lado de fora e estava totalmente escuro, à não ser pelas luzes externas de cada casa. Os postes estavam apagados. Liguei a luz externa da casa e encostei a porta. Andei sem pressa para a casa do porteiro na porta do condomínio.
- Aqui. - Ele me entregou uma caixa pequena e leve.
- Obrigada. - Peguei a caixa e andei de volta para minha casa.
No caminho eu abri a caixa e fiquei revirando as correspondências. Um barulho saiu das árvores, exatamente como o daquele dia à noite. Derrubei a caixa no chão, fazendo os papeis caírem nas pedras. Nada de diferente estava entre as árvores. Me agachei e juntei tudo, jogando na caixa. O barulho se repetiu e eu apressei o passo para casa. Fechei a porta e olhei pelo olho mágico.
- Mas que bela segurança eu estou aqui dentro. - Falei sozinha quando notei que eu estava totalmente sozinha. Botei a caixa em cima do sofá e subi para meu quarto. Fechei a porta de chave e fiz o mesmo com a janela. Vesti minha roupa de dormir e me deitei, com a luz acesa. Agora estava mais fácil dormir com a luz acesa, não me incomodava mais.
O sábado e domingo passaram mais lentos, por eu não ter o que me ocupar o dia todo.

Acordei cedo, e com sono. E fui para meu chuveiro. Banhos cedo me davam mais sono; tinham que ser rápidos e sem muito que pensar. Ter que me ocupar no banho não era bom. Vesti a calça jeans e a blusa da farda. Calcei meu tênis e desci para a cozinha.
Meu irmão estava encostado na parede dormindo com seu café na sua frente. Me sentei e me servi. O barulho da colher o acordou, ele esfregou os olhos e saiu da cozinha. Meu café era sempre a mesma coisa: café ou suco e sanduíche. Como eu tava caindo de sono escolhi o café hoje.
Subi para escovar meus dentes e desci para a garagem, onde minha mãe me esperava passando batom e o Bruno dormia no banco de trás. A viagem não levava mais de dez minutos e eu estava na escola de sempre.
As ruas estreitas da escola fazia tudo ficar congestionado. Os montes de alunos nas calçadas também ajudava. Desci com o Bruno para dentro da escola. A parede com azulejos amarelos e azuis estavam os mesmos, as caras pareciam as mesmas. Entrei pela recepção e parecia que nada tinha mudado nas férias sem ser minha vida. Me arrastei pelo corredor externo do da escola, onde dos lados tinham os dois prédios. O do fundamental I e II e o outro do Ensino Médio. O corredor era externo e cheio de árvores, várias mesas de cimento estavam espalhadas pelo lugar. Minha sala ficava no meio do prédio, era um lugar bom, por ser perto da saída e perto da cantina.
Me virei para ver as outras salas e esbarrei em alguém fazendo eu derrubar os livros da pessoa.
- Me desculpe. Acho que ainda estou dormindo. - Disse.
- Não tem problema, eu é que estou perdido. - Sorri e me virei para ele.
Eu nunca tinha o visto por ali e minha escola não é das maiores. O rosto dele tinha um formato redondo, mas não parecia de um bebê. Mas seu queixo era meio pontiagudo e seu nariz era médio. Seus lábios tinham um tamanho ideal para uma boca masculina. Seu sorriso era lindo, e sua pele era morena, realçando o sorriso. O cabelo preto dele estava molhado e espetado. Mas seus olhos eram as coisas mais lindas que eu já vi, fora os do Roberto. Eram amarelos, e brilhantes. Eu nunca vira olhos dessa cor antes.
- Você é novo aqui?
- Sou. E estou perdido.
- Talvez eu possa ajudar já que derrubei seus livros.
- Eu agradeceria muito. - Ele suspirou de alívio.
- Vai fazer que sala?
- Terceiro ano, sala C.
- É a minha. Vou lhe ajudar mais do que pensei. - Andamos para minha sala conversando. - Você veio da onde?
- De Fortaleza. - Ele disse. - Meu pai arranjou um emprego aqui e tivemos que nos mudar.
- Desculpe, mas eu não sei seu nome.
- Claro, nem eu o seu. - Ele trocou os livros para o outro braço e estendeu a mão para mim. - Sou o George.
- Viviane. - Apertei a mão dele. - É aqui nossa sala. - Apontei para a porta de madeira acima dos dois degraus.
A sala já tinha muita gente e quase todas as cadeiras já estavam ocupadas. Minha sala tinham cadeiras de ferro com estofados amarelos. Fechei a porta quando passei pelo ar condicionado e fui procurando uma cadeira desocupada. Vi a Ana abanando para mim e fui para lá, junto com o George.
- Que saudade, linda. - Ela me abraçou.
Sentei na cadeira atrás de onde ela tinha botado uns cadernos para guardar o lugar da Mariane. Uma cadeira estava desocupada do meu lado.
- Senta ai, George. - Ele sentou e tentou ajeitar suas coisas.
- Tenta botar pouca coisa em cima, a cadeira é pequena demais. - Ele sorriu agradecendo e jogou tudo na bolsa novamente. Um dedo me cutucou.
- Quem é? - Ana fez apenas com a boca.
- George, essa é a Ana.
- Prazer. - Ele esticou a mão e ela apertou. Ele voltou a ver seus cadernos.
- Lindo! - Ela fez com a boca novamente foi para o lado de fora da sala, onde tinham vários alunos.
- Então. - Eu disse sentando na cadeira ocupada por uma bolsa na frente dele. - Você vai fazer vestibular para que?
- Direito. E você?
- Economia ou Administração. Minha mãe tem uma loja.
- Nossa, é bem legal.
O resto da conversa fluiu normalmente, sem ninguém contar nada íntimo. Apenas conversando. E eu conseguia conversar com ele, mais até do que com o Roberto.
- Vivi! - Mariane gritou e eu me virei para onde vinha o som.
Ela andava pelas cadeiras, algumas ocupadas e outras não, para meu encontro. Me levantei e a abracei. A Ana veio logo em seguida.
- Mariane, esse é o George. Ele é novo.
- Prazer. - Mariane disse erguendo a mão branca dela na direção dele. Ele sorriu e apertou.
O sinal tocou e a sala foi enchendo mais ainda. As cadeiras estavam todas ocupadas e tinha um barulho constante de pessoas conversando. George conversava com a Ana e a Mariane e eu apenas balançava a cabeça quando via alguém balançar. O professor entrou na sala e todos ficaram em silêncio.
As aulas passaram rápidas e o George estava conversando com todo mundo ao lado dele, mas ele me dava uma atenção à mais. Que me fez conversar com ele mais do que o de costume. Eu logo iria para casa, meu quarto e minha solidão. Parar de forçar o sorriso.
- Então, você tem namorado? - George perguntou quando estávamos juntando as coisas para sairmos. O que eu diria?
- Não sei, na verdade. Me pergunte daqui à uns dias.
- Vejo isso como problemas.
- Nem todos os relacionamentos são iguais.
- Claro, claro. Tchau, até amanhã. - Ele deu um beijo na minha testa e entrou em um carro branco.
Mas que tipo de relacionamento era o meu na verdade? Passamos uma semana juntos e ele sumiu depois que falei de uma mulher, cuja beleza não era nada comum. Quanta raiva aquilo me deixava. Eu teria jogado meus cadernos no esgoto se meu pai não estivesse buzinando como um louco e o Bruno gritando por mim. Entrei no carro e fui para casa.
Meu pai nos deixou na porta do condomínio e saiu para uma reunião. Andamos o caminho de pedra a pé com um sol bem em cima da gente.
Almocei ainda de farda e subi para meu banho demorado de hoje. Passei talvez uma hora dentro da banheira. Saí quando notei que meus dedos estavam prestes à cair. Vesti uma calça de tecido marrom e uma blusa branca.
Estudei o que devia estudar hoje. Parei quando vi meu quarto escuro. Desci para a cozinha e toda a minha família estava na mesa. O cheiro era agradável apesar do barulho que eles faziam. Não conseguia prestar atenção em uma só palavra do que eles diziam. Minha mente estava sempre no Roberto, desde aquele dia de noite. Botei meus pratos na pia e subi para meu quarto sem dizer uma palavra.
Liguei a TV e passei os canais sem achar nada de muito interessante. Um filme com um nome interessante me fez parar nele. Mas eu mudei quando vi o nome do personagem principal: Thomas. Me fez lembrar do sonho. E do rosto do Roberto, imediatamente. Me virei para o outro lado da TV e fechei os olhos.
Abri os olhos com meu celular tocando. Minha TV ainda estava ligada, mas eu não ouvia mais barulhos da cozinha. Puxei minha bolsa e peguei o celular. "Roberto".




Gente, o personagem novo, George, é humando ok? O olho amarelo dele é comum. Eu tenho o olho amarelo ao sol, não é um amarelo, e sim um ouro. Mas o do George vai ser permanente.
Espero que todo mundo esteja gostando, beeijo ;*

domingo, 15 de março de 2009

Capítulo Doze - Problemas

O telefone chamou quatro vezes, quando eu ia apertar o botão desligar ela me saudou, com a voz cheia de sono.
- Desculpe. Acho que acordei você. - Disse num sussurro.
- Não tem importância. Que horas já são?
- Duas da tarde.
- Nossa. Acho que dormi demais.
- Posso ligar mais tarde.
- Não, não. - Ela pediu, e eu quase pude ver seus olhos me pedindo. - Pode falar agora.
- Certo. O que você acha de conhecer meus pais? -
- Parece muito bom. - Quase suspirei.
- Ás quatro?
- Claro.
- Eu passo ai e lhe pego.
- Vou adorar.
- Tchau, querida. - Eu disse.
- Tchau. - Ela desligou o telefone e eu voltei à sentar em minha poltrona.
A porta da minha cabana se abriu e a Amanda passou deixando seu cheiro por todo lado. Levantei uma sombrancelha e ela sentou-se no tapete ao lado da minha poltrona.
- Não sei como não veio mais cedo. - Revirei os olhos.
- Eu queria deixar você ter a idéia. - Ela disse batendo os joelhos dobrados no chão.
- O que você quer, Amanda?
- Nada. Mas só eu sei que ela vem. Você tem que contar à Sophia e ao Richard.
- Eu sei.
Me levantei e ela levantou-se junto. Andei com Amanda ao meu lado até a cozinha, sem utilidade, onde estava a Sophia e o Richard sentados na mesa. Sentei-me também e a Amanda fez o mesmo.
- Bom, hoje eu vou trazer a Viviane para conhecer vocês. - Os olhos de Sophia fizeram rugas nos lados pelo sorriso enorme em seu rosto. Sorri de volta para ela. Era impossível não olhar para o rosto maternal da Sophia e não a amar mais ainda. Virei para o Richard e ele encarava as mãos atadas sobre a mesa. - Algum problema em ela vir?
- Não sei quanto perigoso isso pode ser. - Ele disse ainda olhando as mãos.
- Richard, não terá nada de perigoso. Eu vou contar para ela. Mas no seu tempo.
- E se quando ela souber não gostar? - Ele me olhou nos olhos. - Não sei como ela não já desconfia. Esse seu... - ele mexeu os olhos pensando em alguma palavra - Não tem como esconder.
- Ela já sabe sobre isso. Mas não contei a verdade mesmo.
- Isso é um perigo. Não podemos nos mudar agora! - Ele bateu o punho na mesa. - Eu arranjei um emprego dando aulas em faculdades. A Amanda irá entrar na faculdade e a Sophia está fazendo amigos. Não podemos nos mudar por um simples amor.
Como ele dizia ser um simples amor? Ele sabe que o nós, vampiros, sentimos quando isso acontece. Existe apenas aquela pessoa. Olhei nos olhos dele e trouxe apenas o som do coração da Sophia para nossos ovidos. Para mim era apenas um coração, mas para ele era o que eu escutava sempre que a Viviane se aproximava de mim.
- Ainda acho um absurdo. - Ele se levantou e saiu pelo corredor.
- Não se esquente com ele, querido. Ele vai entender isso. - Sophia disse passando a mão no meu ombro e eu pude ver a mente dela, e ela a minha. Ela tirou a mão.
Isso era o máximo de encomodo que podíamos sentir. Um ver a mente do outro. Acontecia com todos. Tinhas as exceções claro, mas era muito raras. E tinha os que podiam ler mentes sempre, sem o toque. E os que podiam ler mentes de vampiros e humanos.
- Creio que eu vou ter que me vestir muito bem. Ela nota tudo em uma pessoa. Dos pés à cabeça.
- Ela não é assim.
- Quando não é com você. - Amanda revirou os olhos.
- Não é irritante saber o dia das outras pessoas que lhe circulam?
- Não. - Ela saiu pulando como uma criança.
- A Amanda é especial. Não seja dura com ela. Ela é apenas uma criança. - Sophia disse ainda escutando os passos da Amanda no corredor.
- Ela aumentou muito o seu metabolismo. Devia ter quantos anos? Doze?
- Foi um momento difícil para ela. Assim como foi para você. Mas você manteve a calma e ela não.
- Eu entendo isso. - Me levantei. - Com licença.
O resto da tarde foi monótona até eu me vestir e ir buscá-la. Peguei o carro preto pelo sol e fui para o condomínio dela. O porteiro disse que eu podia entrar e segui de carro pelas ruas de pedra dali.
Parei o carro mas ela não estava ainda ali. A porta azul se abriu e ela saiu, totalmente linda. Ela usava uma calça jeans clara e uma blusa de mangas curtas branca. Sai do carro e pude escutar o coração dela se aproximando do meu. Ela sorriu e eu sorri de volta, como um tolo apaixonado. Beijei a testa dela e a acompanhei para a porta do passageiro.
Vi um homem na janela do andar de cima da casa dela, mas não dava para ver seu rosto, porque ele estava atrás da cortina. Dei a volta no carro e entrei. O caminho foi silencioso. Ela era tímida o suficiente para conseguir passar cinco minutos calada.
Passamos pelo portão e paramos na garagem. Ela olhou os três carros que estavam ali. Andamos pelo jardim da frente para dentro da casa. A Amanda estava sentada no sofá, como sempre. Ela se levantou e andou elegantemente, para minha surpresa, até nós. Ela andava com um sorriso enorme no rosto, mas não forçado. O cheiro dela invadio e eu vi a Viviane inalando o ar duas vezes.
- Meu nome é Amanda. - Ela disse em um tom musical.
- Viviane.
- É um prazer, enfim, conhecê-la.
- Igualmente.
- Onde está a Sophia? - Perguntei. Ouvi passos de salto do corredor. Viviane virou-se para lá e a Sophia andou até nós, com o mesmo sorriso da Amanda.
- Meu nome é Sophia.
- Ela é minha... mãe. - Eu disse.
- Prazer conhecê-la. Você é realmente bonita. - A Viviane disse com os olhos adimirando a Sophia.
- Obrigada, querida. O Richard já vai vir.
Ouvi os passos dele pelo corredor e ele apareceu na porta. Ele caminhou, com um meio sorriso no rosto.
- Olá. Sou o Ricardo.
- Ele é... meu pai. - Eu disse.
- Prazer conhecê-lo. - Viviane disse e ele sorriu, talvez pela primeira vez no dia.
Houve um silêncio contragedor, para todos.
- Vou lhe mostrar o resto da casa. - Quebrei o silêncio.
Ela segurou a minha mão e eu a guiei pelo corredor. Não precisei apresentar a cozinha. Ela adimirava os quadros que estavam por todo o corredor.
- Aqui é o escritório. O quarto principal. - Apontei as devidas portas.
Abri a porta de vidro e ela passou por mim. Ela olhou para o jardim com sua boca semi aberta. Depois olhou para a minha cabana e ficou examinando-a.
- Parece a casa dos sete anões. - Ela sussurrou e eu ri.
- É a minha casa. Na verdade só tem meu quarto lá.
- Desculpe. Eu pensei alto.
- Tudo bem. Quer entrar? - Estendi a mão para ela e ela ficou revezando o olhar entre minha mãe e minha cabana. - Tudo bem se não quiser. - Baixei a mão.
- Não, não. É que eu não sei se é correto. - Eu sorri com a beleza dela. Eu estava cada vez mais apaixonado por ela. O rosto dela ficou vermelho.
Andei pela trilha que levava até a cabana da Amanda. A trilha era curta e ia fechando à medida que ia aproximando. Viviane olhou para cada detalhe do lugar, como se tivesse memorizando.
- Estou em dúvida, agora.
- Sobre o que? - Perguntei.
- Não sei onde os anões moram agora.
Eu ri e ela riu junto. Sua risada era infantil e deliciosa.
- É a... casa da Amanda. - Disse.
- É linda. Mas porque vocês não ficam na casa principal?
- Nós somos adultos. Morar com os pais sim, mas na mesma casa?
- Não vejo problema.
- É apenas para ter mais privacidade. - Segurei a mão dela e a entramos novamente pelo caminho.
- De quem é esse jardim?
- Sophia.
- Sua mãe, não? - Ela perguntou. Sorri e acenti com a cabeça.
Levei ela pela outra trilha, que levava para o lugar mais lindo do jardim. O caminho tinha cercas vivas dos lados, mas era bem iluminado. Paramos na frente da fonte onde tinha peixes que a Sophia alimentava e cuidava como se fosse os filhos dela.
Fiquei observando os peixes nadarem entre eles. Era tão bonito. O rosto da Viviane tampou minha visão dos peixes. Era mais bonito ainda. Passei a palma da mão nas costas dela e senti ela tremer. Ela esticou os pés, ecostando os lábios nos meus e senti ela tremer novamente. Ela fechou os olhos e eu fiquei observando aquele rosto perfeito. Nos beijamos e o barulho do coração dela era a única coisa que podia ovir agora.
Nos sentamos na beira da fonte e eu acariciei as costas dela. Ela olhava para o céu, sem sequer notar que eu a adimirava. Ela suspirou, baixando os ombros.
- Algum problema? - Perguntei.
- Eu vou ter que ir para casa logo. - Ela virou os rosto para o meu, e eu não ligava mais de segurar o barulho.
- Você não sabe como me sinto sabendo que você gosta de ficar comigo.
- Claro que gosto. - Ela sorriu e encostou a cabeça no meu ombro.
O céu agora estava completamente escuro. Ela teria que ir embora agora. Levantei junto com ela e andamos de volta para a casa principal. Atravessamos o corredor e a mesa que estava guardada na garagem estava na sala agora e a Sophia estava escrevendo alguma coisa.
- Já vai, querida? - Sophia levantou-se e foi até nós.
- Está escuro. Não quero preucupar meus pais.
- Pode voltar quando quiser.
- Obrigada.
Amanda levantou-se do sofá e veio até nós. Soltei a mão da Viviane e fui para a mesa pegar alguma chave de carro.
- Foi um prazer conhecê-la. - Amanda disse.
- O prazer foi meu.
- Sempre que quiser voltar, será bem vinda.
- Obrigada.
Amanda a abraçou e eu ergui uma sombrancelha para ela e ela me deu lingua. Andamos para a porta que dava para a garagem e a Viviane acenou para elas. Descemos as escadas e desliguei o alarme do carro. Abri a porta do passageiro para ela.
- Não precisa fazer isso sempre.
- Eu gosto. - Disse.
Não se entendo as mulheres. Querem que sejamos cavalheiros, mas quando somos elas acham ruim. Tirei o carro da garagem e ela olhou o jardim da frente no total escuro. Ela enrijeceu. Olhei para o jardim mas não vi nada.
- Algum problema, querida? - Botei a mão no ombro dela.
- É que eu ando tendo sonhos... estranhos. E quando eu acordo não sei se foi bem um sonho. Quer dizer, os outros foram sonhos. Mas o de hoje eu não sei realmente.
- O que acontece nos sonhos?
- Eu vejo uma mulher, loira de cabelos compridos. - Apertei a mão que eu estava segurando o volante.
- E o que ela fez? - Perguntei.
- Até ontem nada. Mas hoje, eu acordei para ir ao banheiro e a vi no meu quarto. Ela andou até mim e eu tive um susto por seu movimento ser impossívelmente rápido. Ai eu apaguei as luzes sem querer. Fechei os olhos e eu pensei que ia morrer. Mas meus pais apareceram e ela tinha somido. Deve ter sido um sonho. Sempre tive problemas com sonâmbulismo.
Não consegui dizer nada. Apenas fiquei imaginando a Viviane sem ter como se defender da Maddie. A visão da Amanda com a Maddie enfurecida me criou pânico por dentro. Eu não podia perder a Viviane. Seria como se eu perdesse a minha própria vida.
- Disse alguma coisa errada, Roberto? - Ela me interrompeu.
- Não, não é nada.
Parei o carro na entrada do condomínio,
- Não precisa entrar. Eu vou apé daqui.
- Tem certeza? - Perguntei ainda olhando para o volante.
- Tenho. Tchau.
- Tchau.
Ele entrou pela porta do porteiro e eu dei macha ré e voltei para a minha casa. Entrei quando voando dentro da casa e a Amanda estava sentada no chão observando a Sophia escrever alguma coisa.
- A Maddie visitou a Viviane. - Eu disse.
As duas se levantaram de uma vez e seus olhos eram de agunia. Mas ninguém sabia a dor que eu tinha no meu peito. Saber que a Maddie estava por perto da minha Viviane era doloroso demais.
- O que faremos? - Sophia perguntou para si mesmo.
- Vamos esperar o Richard chegar. - Eu disse.
- Ele ficará muito zangado. - Amanda disse para si mesmo também.
- O que eu mais posso fazer? - Perguntei.
As duas vieram em velocidades iguais e cada uma me abraçou de um lado. A porta da garagem se abriu.
- O que aconteceu? - Richard perguntou ainda da porta.
- Maddie. - Sophia sussurrou.
- Não acredito! - Ele gritou. - Eu sabia que isso iria acontecer.
- O que eu posso fazer quanto à isso?
- Você não devia se envolver com ninguém. Você tinha essa opção. Agora não tem mais.
Ele tinha razão. Minha cabeça girou entre a Maddie e a Viviane.
Maddie tão doce no início, mas tão furiosa sabendo que eu não sentia o que ela sentia por mim. Eu pensava que eu não podia ter amor como os outros vampiros tem por não sentir nada pela Maddie, até a Viviane passar pela porta do cinema.

sábado, 14 de março de 2009

Capítulo Onze - Jardim

Abri os olhos e meu quarto estava escuro. Tirei o cobertor e vi que minha roupa ainda era a mesma de ontem. Me ergui do lado da cama e caminhei até o banheiro. Procurei o interrupitor e quando acendi a luz do banheiro iluminou boa parte do meu quarto. Na cadeira da minha escrivaninha uma figura feminina olhava para mim.
Minha boca se abriu, mas nenhuma voz saiu de minha garganta. Reconheci o rosto perfeitamente medido dela. Era a mulher dos sonhos de ontem. Os olhos dela não tinham o mel indurecido e sim um mel liquido. Perfeita! Ela riu como se pudesse me ovir. Examinei para ver se o que eu tinha dito tinha sido em voz alta. Ela se levantou de vez, ficando a menos de um metro de mim. Fastei para trás involutariamente, desligando a luz. E um grito saiu da minha garganta.
Seria minha morte. Não tive força de me levantar e acender a luz. Fechei os olhos do preto e esperei a dor da morte invadir cada espaço do meu corpo. A luz acendeu e eu abri meus olhos, sem pensar no que aquilo resultaria.
Minha mãe e meu pai estavam parados na porta. Olhei ao redor do meu banheiro e estava vazio. Me levantei e passei por meus pais e acendi a luz do meu quarto. Estava vazio. Atravessei o quarto e abri a cortina da janela. Um quadrado de luz estava no quintal da casa vindo do meu quarto. Mas estava vazio. Suspirei de alívio e cai na cama.
- Você está bem, querida? - Minha mãe perguntou.
- Estou. Não foi nada. Eu levei um susto com uma coisa... que não existe.
- Qualquer problema nos chame. - Meu pai disse e eles sairam fechando a porta.
Passei pro meu banheiro e lavei meu rosto. Aquilo fora um sonho? Quando pequena eu era uma sonâmbula, mas faz tempo que isso me deixou. Apaguei a luz do banheiro e fechei a porta. Vesti-me com um camisolo confortável e me deitei.
Eu teria que me esforçar para dormir com a luz acesa, mas era melhor do que não dormir com ela apagada.

Meu celular estava tocando e eu abri meus olhos sem vontade. O sol já entrava por entre a cortina do meu quarto. Tateei a minha mesinha até encontrar de onde vinha o som. Abri um olho para ver o nome de quem ligava. "Roberto". Atendi sem esperar mais nenhum segundo.
- Alô? - Eu disse com voz de sono.
- Desculpe. Acho que acordei você. - Ele disse com a voz baixa.
- Não tem importância. Que horas já são?
- Duas da tarde.
- Nossa. Acho que dormi demais.
- Posso ligar mais tarde. - Ele disse.
- Não, não. - Quase supliquei. - Pode falar agora.
- Certo. O que você acha de conhecer meus pais?
- Parece muito bom.
- Ás quatro? - Ele perguntou.
- Claro.
- Eu passo ai e lhe pego.
- Vou adorar. - Falei pulando da cama.
- Tchau, querida.
- Tchau. - Desliguei o telefone.
Fui para o banheiro escovar os dentes. Olhei pro meu quarto do banheiro e as imagens daquela desconhecida veio à minha mente novamente. Engoli em seco pensando no que poderia acontecer. Se aquilo era realmente de verdade.
Desci para a cozinha e comi o almoço sozinha. Olhei para o relógio e era duas e meia. Me apressei no copo d'água.
Fui para o quarto da mãe e ela estava deitada na cama com uma mão nas costas do meu pais, deitado também, e outra mão em um livro. Ela sorriu para mim, me permitindo passar.
- Mãe, o Roberto me chamou para conhecer os pais dele hoje. - Ouvi meu pai tossir e sabia que ele estava acordado. Minha mãe riu.
- Claro que você pode ir. Depois me conte sobre eles.
- Certo mãe. Ele vai passar aqui quatro horas para me pegar.
- Ok. - Ela virou novamente para o livro e eu me retirei.
Entrei pro banho para meu cabelo secar logo. Botei uma toalha na cabeça e fui para o quarto. Abri meu guarda-roupa e o encarei. Escolhi uma roupa confortável o bastante para tarde e noite.
O relógio já marcava três e meia. Tirei a toalha e meu cabelo estava quase totalmente seco, o pentiei e fui me vestir. A roupa caiu bem em mim e eu me calcei logo.
Desci as escadas sem presse e passei para a cozinha. O interfone não demorou para tocar. O deixei entrar e fui para fora. No meio do caminho vi meu irmão falando muito doce com alguém no telefone. Eu queria ser mais amiga dele, para ele me contar seus segredos. Acenei e ele retribuiu.
Quando sai da casa um carro esporte preto estava na rua de pedra. Caminhei devagar e a porta do motorista se abriu.
Ele estava totalmente lindo, como sempre. Ele vestia um short jeans e uma camiseta. Seu tênis combinava com a camiseta. Seu cabelo estava para o lado, como sempre. Seus lábios estavam corados, praticamente me chamando. Mas seus olhos não tinham um azul claro, e sim quase o mesmo tom do meu. Mas o que me ocupou foi sua pele que tinha uma cor bem normal, chegar quase a ser branca no sol. Sorri e ele sorriu de volta. Beijou minha testa e me acompanhou para o banco do passageiro como ontem à noite.
O caminho era conhecido mas eu nunca tinha visto aquela casa magnífica. O muro do lado de fora tinha paredes brancas e limpas. O jardim da frente era bem cuidado e seu cheiro era diferente. Na garagem tinha mais três carros. O prateado e dois esportes como o preto. Passamos pelo jardim que eu vira antes para dentro da casa.
A sala era grande e espaçosa. O piso escuro não parecia tão escuro com as janelas grandes. Um sofá beje e estava no meio da sala em frente à uma TV enorme. O resto da sala não me interessou mais quando eu vi a primeira pessoa na casa.
Uma mulher, que mais parecia uma garota, levantou do sofá e veio até a gente. Era a garota do cinema. Ela era mais linda ainda de perto. Seu cabelo preto estava em cachos feitos e seu sorriso estava de uma orelha à outra. Seus olhos tinham uma cor de castanho claro, eram perfeitos. O corpo dela era magro, mas delicado e lindo. Ela parou na minha frente com um sorriso mais enorme ainda, o cheiro que vinha dela parecia das flores lá de fora. Sorri de volta.
- Meu nome é Amanda. - Ela disse em um tom musical.
- Viviane.
- É um prazer, enfim, conhecê-la.
- Igualmente.
- Onde está a Sophia? - Roberto perguntou e sua frase foi interrompida por um som de passos atrás de uma porta.
Uma mulher saiu da porta. Ela vestia um vestido folgado em seu corpo meio cheio. Seu rosto era angelical e doce. Seus lábios em forma de coração tinham um sorriso no meio. Seus olhos tinham um verde claro, quase cinza. Será que todos os olhos da família eram lindos? Seus cabelos eram lisos e iam até o meio das costas. Tinham um tom de castanho bem escuro.Ela caminhou elegantemente até nós.
- Meu nome é Sophia. - Ela disse em sua voz aveludada e doce.
- Ela é minha... mãe. - Roberto disse.
- Prazer conhecê-la. Você é realmente bonita. - Eu disse.
- Obrigada, querida. O Richard já vai vir.
Escutei mais passos no corredor e um homem de cabelos castanhos claros saiu da mesma porta. Ele era lindo, como todos. Seu rosto tinham medidas perfeitas. Ele não deveria estar atrás de televisões? Seus olhos tinham um azul claro, do mesmo tom do que o Roberto costumava ser.
- Olá. Sou o Ricardo. - Ele disse em uma voz grave mas bonita.
- Ele é... meu pai. - Roberto disse atrás de mim.
- Prazer conhecê-lo. - Eu disse e ele sorriu.
Houve silêncio. Fiquei envergonhada com aquela situação. Eu conhecendo a família do meu namorado.
- Vou lhe mostrar o resto da casa. - Roberto quebrou o silêncio.
Segurei a mão dele e ele me guiou até a porta onde todos passaram. Era um corredor grande e com o mesmo piso da sala. Olhei para a direita e tinha uma cozinha linda. Era ampla e limpa. Seguimos pelo resto do corredor e tinha duas portas de madeira uma na frente da outra no corredor.
- Aqui é o escritório. - Ele apontou para a porta da esquerda. - O quarto principal. - Ele apontou para a outra.
A casa devia ser a mais linda que eu já vi. Era bem decorada, mas sem exageros. O corredor contia quadros que pareciam ser antigos. Uma porta de vidro indicava o final do corredor. Ele abriu a porta e me deixou passar.
Um jardim, mais lindo que o do começa, estava na nossa frente. Árvores contornavam as flores baixas e com cores variadas. Era uma bagunça de flores de diferentes tipos e cores, mas era lindo e o cheiro que vinha de lá era tão bom quando o cheiro da Amanda. Passei a vista e vi uma cabana. Uma varanda pequena estava na frente dela, as cortinas azuis das janelas pequenas realçava nas paredes beje do exterior.
- Parece a casa dos sete anões. - Eu sussurrei e ele riu.
- É a minha casa. Na verdade só tem meu quarto lá. - Ele disse.
- Desculpe. Eu pensei alto.
- Tudo bem. Quer entrar? - Ele perguntou erguendo a mão para mim. Eu deveria ir? Era o quarto dele. - Tudo bem se não quiser. - Ele baixou a mão.
- Não, não. É que eu não sei se é correto. - Ele sorriu e eu senti meu rosto ficar vermelho.
Ele passou por minha frente e entrou em um caminho de terra no meio das flores. O segui. Ia ficando mais fechado e escuro, mas ainda parecia o jardim secretos dos livros que eu lia quando pequena. Agora era como um túnel de árvores, estava quase escuro, mas no final eu podia ver o claro.
Outra cabana estava no final do túnel. Mas essa cabana tinha as paredes brancas e plantas subiam por ela, deixando ela ainda mais linda. Uma pequena escada levava para a porta principal e no andar de cima tinha uma varanda. As janelas eram maiores e de vidros, estavam todas fechadas, exceto por uma que deixava uma cortina com um rosa bebê voando por ela. Na frente da cabana mais flores, mas essas mantiam um padrão. Rosa, azul, amarelo, azul, rosa.
- Estou em dúvida, agora. - Eu disse.
- Sobre o que?
- Não sei onde os anões moram agora.
Ele riu e sua risada ecoou pelas árvores, trazendo o som de volta. Ri junto. Minha risada falha junto com a musical dele.
- É a... casa da Amanda. - Ele disse.
- É linda. Mas porque vocês não ficam na casa principal?
- Nós somos adultos. Morar com os pais sim, mas na mesma casa?
- Não vejo problema.
- É apenas para ter mais privacidade. - Ele disse e segurou minha mão.
Voltamos pelo mesmo caminho e eu pude ver a casa principal. Uma janela de vidro mostrava o escritório, talvez. Tinha estantes de livros por toda parte, eu pude ver o pai do Roberto passando pela janela, segurando um livro de capa vermelha escura.
- De quem é esse jardim? - Perguntei.
- Sophia. - Roberto disse.
- Sua mãe, não? - Ele sorriu e acentiu com a cabeça.
Não fomos para a casa principal, e sim passamos para outro caminho de terra que seguia em frente. Estava aberto, mas a cerca viva tampava a visão da casa principal. O caminho era cheio das mesmas flores em desordem. Uma fonte de casa de princesas estava no final do caminho. Caia água dos lados e na frente, pude ver peixes no fundo da fonte. Podia ovir os passarinhos longe dali, mas dava para se ovir eles cantarem. Parecia um pedaço do paraíso.
Olhei ao redor e vi o Roberto olhando os peixes. Seu rosto estava sério mas parecia se divertir olhando os peixes. A pele dele ainda estava com o tom branco mas eu não pude ligar para isso. Os lábios dele estavam entreabertos e eram corados. Os olhos dele se mexiam, talvez acompanhando um peixe. Me pus na frente dele e ele me olhou nos olhos.
O silêncio absoluto inundou minha cabeça. Só estava eu e ele ali. Ele passou as costas da mãos no meu rosto e eu tremi com o toque dele. Me estiquei até seus lábios e tremi novamente. Fechei os olhos sentido sua respiração no meu rosto e o barulho da água voltou. Nos beijamos, e eu, pela primeia vez, me senti completa. Não me faltava mais nada, eu teria tudo ao lado dele.
Nos sentamos na fonte e ele ficou acariciando minhas costas. O céu estava mudando de cor. O rosa e o laranja estavam pelo céu azul. E mais atrás o céu estava quase escuro. Suspirei, sabendo que eu teria que ir para casa e deixar o Roberto.
- Algum problema? - Ele me perguntou.
- Eu vou ter que ir para casa logo. - Olhei nos olhos dele sem me incomodar mais com o silêncio.
- Você não sabe como me sinto sabendo que você gosta de ficar comigo.
- Claro que gosto. - Encostei minha cabeça no ombro dele e continuei vendo a mudança de cor do céu.
Já estava escuro o suficiente para eu ter que ir para casa. Nos levantamos e fomos por entre as flores, agora fechadas. As luzes da casa principal estava acesas iluminando pedaços do jardim. Entramos pela porta de vidro e atravessamos o corredor.
Na sala, agora tinha uma mesa de vidro pequena e uma cadeira de madeira no lado direito da porta do corredor. A Sophia estava sentada com um caderno aberto e um lápis de cor preta na mão.
- Já vai, querida? - Ela perguntou se levantando e vindo até mim.
- Está escuro. Não quero preucupar meus pais. - Eu disse.
- Pode voltar quando quiser.
- Obrigada.
Amanda levantou-se do sofá e foi até onde nós estavamos. Roberto soltou minha mão e foi até uma mesa ao lado da porta.
- Foi um prazer conhecê-la. - Amanda disse.
- O prazer foi meu.
- Sempre que quiser voltar, será bem vinda.
- Obrigada.
Ela me deu um breve abraço e eu retribui. O cheiro dela era realmente o melhor que eu já senti. Sorri para ela e Roberto me guiou para outra porta que dava para uma escada. Acenei para as duas que estavam atrás de mim e elas retribuiram. Desci as escadas e estávamos na garagem. Tinham apenas três carros agora. Um vermelho esporte, o prateado e o preto. As luzes do preto piscaram e ele abriu a porta para mim.
- Não precisa fazer isso sempre. - Eu disse.
- Eu gosto. - Ele disse e fechou a porta quando entrei.
Ele tirou o carro da garagem. O escuro do jardim lindo da entrada me lembrou a mulher no meu quarto. Eu enrijeci lembrando de minha quase morte, irreal ou não.
- Algum problema, querida? - Roberto perguntou pondo a mão no meu ombro.
- É que eu ando tendo sonhos... estranhos. E quando eu acordo não sei se foi bem um sonho. Quer dizer, os outros foram sonhos. Mas o de hoje eu não sei realmente.
- O que acontece nos sonhos?
- Eu vejo uma mulher, loira de cabelos compridos. - A mão que ele tinha no volante se fexou quase o partindo.
- E o que ela fez?
- Até ontem nada. Mas hoje, eu acordei para ir ao banheiro e a vi no meu quarto. Ela andou até mim e eu tive um susto por seu movimento ser impossívelmente rápido. Ai eu apaguei as luzes sem querer. Fechei os olhos e eu pensei que ia morrer. Mas meus pais apareceram e ela tinha somido. Deve ter sido um sonho. Sempre tive problemas com sonâmbulismo.
Ele não disse nada. Apenas ficou olhando para frente e segurando o volamente com a mesma rigidez. O braço que estava no meu ombro agora estava em forma de punho.
- Disse alguma coisa errada, Roberto?
- Não, não é nada.
O carro parou e estávamos na frente do meu condomínio.
- Não precisa entrar. Eu vou apé daqui.
- Tem certeza? - Ele ainda não me olhava nos olhos.
- Tenho. Tchau.
- Tchau.
Sai do carro e entrei pela porta do porteiro. Quando fui para a frente do condomínio o carro dele não estava mais lá. Andei até minha casa. Eu odiava o caminho de pedras. Mas era melhor do que ver ele quebrando o seu volante.
Havia dois dias de namoro e ele já estava assim comigo. Eu realmente não daria certo com qualquer relacionamento.
Queria que ele me pudesse me dizer qualquer coisa sobre aquela mulher. Mas ele pareceu ficar zangando quando falei dela. Ou outra emoção que eu não saiba definir. Mas definitivamente não ficou feliz.Por essa e outras coisas eu prefiro guardar as coisas apenas para mim.
Entrei na casa e subi para meu quarto. Me troquei e deitei-me com a luz acesa, para prevenir. Minha cabeça não saia da reação dele quando contei. Deveria haver alguma relação entre eles. Procurei mas nada fazia muito sentido para mim.

terça-feira, 10 de março de 2009

Capítulo Dez - Visão

Fazia uns quatro dias que eu não a via. E eu estava com tanta saudades dela que eu tive que me segurar a manhã toda para não ligar para ela e só ligar depois do meio dia que com certeza ela estaria acordada. Me lavantei para pegar o celular e a porta de minha cabana se abriu.
Amanda estava com o sorriso de um lado ao outro da orelha e eu quase a via pular de felicidade. Revirei os olhos sorrindo e continuei andando em direção ao meu casaco onde estava meu celular.
- Espere mais dois minutos se não ela não estará desocupada. - Ela me disse já do meu lado. Peguei o celular e voltei para a cama. - Quando eu posso conhecê-la?
- Ela não sabe do nosso segredo ainda. E você tem o poder se não segurar a lingua nem tem paciência para andar.
- Você tem um poder. Quando ela olha nos seus olhos o que acontece?
- Eu disse isso para ela e ela não está muito anciosa para saber o que isso significa.
- Mas você terá que contar logo para ela. Pode acabar mal isso e eu não quero me mudar de novo. Sabe que da última vez foi ruim quanto à Maddie. E nós não temos total segurança sobre onde ela esteja. Você não tem medo que ela posso machucar a Viviane?
- Tenho sim. Mas não há nada que eu possa fazer quanto à isso.
- Você está certo. Ligue para ela agora.
Peguei meu celular e disquei o número dela. Chamou cinco vezes e na sexta ela atendeu.
- Alô?
- Oi, Viviane. - Ela não respondeu. - Talvez, nós deveríamos nos ver.
- Claro que sim, Rob. - Amanda disse ao meu lado.
- Claro que sim, Roberto. - Viviane disse no telefone. Suspirei por minha irmã está do meu lado mesmo sabendo o que aconteceria.
- Você conhece a cidade melhor que eu.
- Mas é você que está me convidando. - Fiquei em silêncio. - Certo, não sei para onde nos iremos enquanto eu não sei o que a gente tem.
- Como assim?
- O que a gente é um para o outro. - Ela quase gaguejou.
- Entendo. - Houve um silêncio. Um esperando que o outro falasse. - Posso levar você para algum lugar? Você dizendo para seus pais que vai sair comigo? Eu a levo e a deixo em casa.
- Perfeito.
- Oito horas eu passo na sua casa.
- Posso saber mais ou menos o que vestir? - Bufei.
- Você estará perfeita de qualquer jeito. - Ela bufou agora.
- Se eu for mal vestida será por sua causa.
- Certo, certo. - Revirei os olhos mesmo ela sem poder vê-los. - Tchau.
- Tchau. - Ela desligou.
Botei o telefone ao lado do abajur e me virei para a Amanda que esperava eu falar sobre o telefonema.
- Você já viu tudo mesmo.
- Ela irá linda. Quer ver? - Ela esticou a palma da mão para mim.
- Não! - Quase gritei e ela riu.
Sophie apareceu na porta de minha cabana. Ela andou até onde eu estava sentado com a Amanda e sorriu para mim.
- Amanda me disse que você iria pedi-la em namoro hoje. - Me virei para a Amanda e ela estava sorrindo para a Sophie. - Não sabe o quanto estou feliz por você. Depois de tudo que aconteceu com a Maddie.
- Obrigado, Sophie.
- Seu pai está feliz também. Mas ele anda ocupado estudando para passar em um concurso daqui para trabalhar e finalmente a gente vai poder ficar mesmo aqui.
- Eu farei escola mesmo? - Amanda fez uma careta. - Posso me mudar para ter 18 anos.
- Sabe que não pode voltar depois.
- Será melhor assim. Ouvi dizer que os vestibulares daqui são... complicados.
- Mas você pode sempre ver as respostas, certo? - Sorri ironicamente.
- Não seja ridículo, Rob.
- Boa sorte hoje à noite, Thomas. - Sophie disse e saiu da minha cabana.
- Bom, acho que isso é minha deixa. Tenho que comprar roupas para mim.
Revirei os olhos e quando vi ela não estava mais lá. A porta aberta da cabana trazia o perfume do jardim. Inalei o ar e voltei à me deitar. Eu ficaria muito inquieto se ficasse acordado nessa longa tarde.

- Wake up, my prince. - Ouvi a voz da Maddie nos meus ovidos e levantei. Olhei para os lados da cabana já escura mas ela não estava lá. Suspirei de alivio e liguei o abajur. Meu relógio ao lado do abajur marcava sete e quarenta.
Me levantei num pulo e voei para me vestir com a primeira roupa que me viesse. Vesti com pressa e fui para a casa principal com minha velocidade de vampiro. Peguei a chave do carro prata e dei outra olhada no relógio. Sete e cinquenta e cinco.
O caminho era curto e os cinco minutos que restava foi ocupado com o caminho. O porteiro perguntou meu nome e discou o número 108 no interfone. Ele esperou alguns segundos.
- Roberto está aqui. - Ele desligou o interfone. - Pode seguir a terceira rua até o final. Casa branca de porta azul.
- Obrigado. - Como se eu não soubesse o caminho.
Fui pela rua e quando cheguei na metade dela a Viviane apareceu pela porta azul. Ela vestia uma calça jeans clara e uma blusa vermelha que realçava todas as suas curvas. Ela vestia a mesma blusa branca grande por cima mas agora estava caida em um dos ombros. Parei o carro e ela estava na calçada me esperando.
Olhei nos olhos dela e demorei o mínimo possível do silêncio.
- Você está absurdamente linda. - Eu disse como um bobo apaixonado.
- Obrigada. Não existe nenhum adjetivo para descrever você. - Revirei os olhos.
Estiquei a mão para ela e ela a pegou em questão de segundos e eu ouvi o coração dela mais alto. Não deixei de sorrir para mim mesmo enquanto a levava para o meu carro. Abri a porta e ela entrou. Entrei no carro e seguimos para o restaurante.
Ela ficou o olhando com ar de surpresa. Fiquei feliz por ela ter ficado surpresa com uma pequena coisa que eu fiz para ela.
- Você é surpreendente. - Não respondi porque acho que ela falou para si mesma. Ela abriu a porta e saiu do carro. Me apressei tirando a chave do painel e sai do carro.
Circulei pela frente do carro e ela estava parada do lado da porta do carro olhando para dentro, ela olhou para a roupa rapidamente e encolheu os ombros. Passei a mão nas costas dela e a levei até o restaurante. Pedimos uma pizza que ela escolheu que eu estive me preparando para comer.
- Você contou para seus pais que ia sair comigo? - Perguntei.
- Contei.
- E você disse o que sobre o que sermos um para o outro? - Ela tossiu engasgada e tomou um gole do seu refrigerante.
- Nada. - Eu ri.
- Deveríamos ajeitar isso então. Namorados talvez. O que você acha? - Ela engoliu em seco. - Tudo bem se não quiser e...
- Não! Não é isso. Eu sou tímida o suficiente para ficar envergonhada com isso. - Ela fez uma careta e eu ri.
- Isso foi um sim?
- Você fez um pedido?
- Creio que fiz. - Falei com obviedade na voz.
- Então isso é foi um sim.
Me estiquei para frente tocando nossos lábios. O coração dela palpitou e eu me deliciei naquele som tão adorável aos meus ovidos. O garçom limpou a garganta segurando uma bandeija de prata. Maldito! Comi a pizza, fazendo cartea quando ela não estava olhando.
Meu celular tocou e eu o atendi.
- Oi querida.
- Oi Rob. Você está sozinho? - Amanda perguntou.
- Não, não. - Disse tentando não parecer nada para a Viviane que me observava. Me levantei e ela acentiu dizendo que eu podia ir. Fastei da mesa e fui para onde tinha umas pias. - Pode falar agora Amanda.
- Rob, eu vi a Maddie de novo. Não queria ligar, mas ela parecia com raiva agora.
- Isso não deve ser nada. Quando chegar a gente se falar.
- Certo. Desculpe ligar, Rob.
- Não tem nada. - Desliguei e voltei para a mesa.
Sorri para ela e ela colocou uma garfada na boca. Voltei a comer minha pizza com gosto de nada. Ela riu e quando a olhei ela estava com a cabeça baixa rindo baixo.
- Não ouvi alguma piada? - Perguntei curioso.
- Tem duas mulheres que estavam me fuzilando com os olhos e agora estão olhando para você.
- Não me importo com elas. - Pensei que ela já tivesse notado.
Me estiquei novamente para ela e a beijei já que nenhum garçom viria agora. O coração dela pulou alto e eu fastei, ainda tendo meu rosto perto do dela. Ela mordeu o lábio inferior e ficou puxando o ar com força pelo nariz. Me aproximei dda orelha dela e beijei a ponta onde tinha um brinco pequeno e bem escolhido e senti ela tremer.
- Você está extremamente linda, querida. - Sussurrei.
Ouvi ela puxando o ar mas não ouvi uma palavra sair da boca dela. Fastei e ela sorriu como se não acreditasse no que eu acabara de dizer.
- Deixe eu fazer uma coisa. - A olhei nos olhos.
Trouxe o som da conversa das duas mulheres para os ovidos dela.
- Ele deve estar louco. - Uma disse e a outra bufou.
- Essa magricela horrorosa... Ele devia ter alguém mais proximo da beleza dele.
- Você que não é. - Disse com nojo e ela riu.
- Também acho. Talvez deviamos trazer a atenção dele para nós. - Revirei os olhos tirando dos dela.
- Isso foi... interessante. - Ela disse. - A magricela aqui gostou. - Ela disse brincando mas eu não ri.
- Você não é nada disso. Na verdade não acho ninguém mais bonito que você.
Ela ficou com o rosto com um rosa e eu me aproximei dela novamente para beijá-la. Ela passou os dedos nos meus cabelos, me prendendo totalmente à ela.
- Já está tarde. Não devemos ir?
- Por mim, eu não iria. - Disse.
- Acredite, por mim também não. - Sorri por ela me querer por perto.
Nossa viagem de volta demorou muito menos do que eu queria. Parei com o carro na frente da casa de porta azul e ela suspirou olhando para sua casa.
- Tchau. - Ela sussurrou e abriu a porta.
Me aproximei dela e segurei o braço dela. Ela se virou e nossos rostos estavam perto o suficiente para eu sentir a respiração dela no meu nariz. Sorri e ela sorriu depois de mim. Contornei o queixo dela com o dedo e a beijei. Ela sorriu mostrando todos os seus dentes e saiu do carro. Ela andou pela calçada de pedra do jardim dela e abriu a porta. Ela virou para mim e acenou. Minha vontade era de correr até ela e ter ela para sempre. Liguei os faróis e ela entrou na casa, acelerei e olhei pelo retrovisou a porta azul se feixando por ela.
Sai do condomínio e praticamente corri pelas ruas vazia até minha casa. Estacionei o carro e quando abri a porta da sala a Amanda estava na minha frente. Ela antes de alguém falar alguma coisa esticou a palma da mão para me mostrar.
Maddie ainda estava com seu cabelo loiro lindo, mas não estava mais até sua cintura e sim até os joelhos. Os olhos cor de mel dela estavam de uma cor mais dura, quase um marrom. Ela estava com sede? Ela sussurrou o meu nome em inglês, Thomas, e a visão da Amanda parou.

domingo, 8 de março de 2009

Capítulo Nove - Jantar

Minhas noites nunca foram tão pertubadas quanto a de hoje. Acordei talvez cincou ou seis vezes na noite e sempre tinha o mesmo sonho.
Eu estava no mesmo corredor, mas no final dele não tinha a mesinha e sim uma porta de madeira pesada. Quando eu a abria via duas cadeiras uma na frente da outra. Uma janela estava no fim da sala coberta com um pano preto. Uma mesa no meio das cadeiras iluminava o espaço. Uma mulher estava sentada em uma delas.
Os cabelos loiros dela estavam em um tamanho fora do comum. Ela sentada e seus cabelos batiam quase no chão. Os cachos eram bem definidos e do mesmo tamanho da raiz até as pontas. Os olhos dela tinham uma cor de mel, mas escuro. Ela vestia uma calça preta e uma blusa com detalhes pretos. Sua pele quase iluminava na luz do abajur. Ela sorriu para mim e apontou para a cadeira vazia na frente dela.
"Sente, Viviane querida." Ela disse um tom convidativo. Eu não hesitei em sentar ao lado daquela mulher de feições tão perfeitas. Agora que eu estava mais perto dela notava que seus lábios tinham um formato de coração e seus olhos eram bonitos apesar de dar medo pela sua cor endurecida. "Não se preucupe. Seu amado está bem. O Thomas só não ficará mais com você."
Eu não conhecia o Thomas como ela disse. Ela soltou uma gargalhada por entre os lábios quase fechados e olhou para trás no escuro do resto da sala. "Thomas, querido, ela ficará bem." Ela se levantou e andou desfilando pela escuridão da sala. Ouvi um rugido por dentro do escuro e ouvi novamente a risada da loira. Uma luz acendeu e eu vi o Thomas atrás de uma grade com ferros grossos. Seus olhos estavam com um azul escuro agora, mas ele olhava para mim com dor. "Roberto". Soltei o nome dele num sussurro.
"É assim que você o chama?". A loira falou ao lado da grade. "Você sabe mentir muito bem, Thomas. Estou surpresa de verdade. Mas você mentiu sobre nossas origens". Ele soltou um rugido.
Meus olhos abriram para o claro do meu quarto agora. Puxei meu celular de cima da mesinha e vi a hora. Marcava dez horas em ponto. Eu não podia dormir mais e ver aquela loira novamente nos meus sonhos.
Me arrastei para o banheiro e tomei um banho gelada para acordar. Vesti meu camisolo ainda e liguei meu computador.
Passei até o doze horas perambulando entre os sites que não tinham nada de interessante. Vesti uma roupa mais descente e desci para a cozinha que vinha um cheiro convidativo. Tinha passado quatro dias desde meu último encontro com o Roberto. E eu estava sentido tanta falta dele.
Almocei vendo meu irmão se lambuzar com comida como um porco. Subi para meu quarto e meu celular estava tocando desesperadamente em cima de minha cama. O atendi sem ver o número antes que ele desligasse.
- Alô?
- Oi, Viviane. - Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar. - Talvez, nós deveríamos nos ver.
- Claro que sim, Roberto. - Ouvi um suspiro no telefone segurei uma risada.
- Você conhece a cidade melhor que eu.
- Mas é você que está me convidando. - Ele ficou em silêncio. - Certo, não sei para onde nos iremos enquanto eu não sei o que a gente tem.
- Como assim? - Ele perguntou confuso.
- O que a gente é um para o outro.
- Entendo. - Fiquei em silêncio esperando ele dizer alguma coisa. - Posso levar você para algum lugar? Você dizendo para seus pais que vai sair comigo? Eu a levo e a deixo em casa.
- Perfeito.
- Oito horas eu passo na sua casa.
- Posso saber mais ou menos o que vestir? - Ele bufou.
- Você estará perfeita de qualquer jeito. - Eu bufei agora.
- Se eu for mal vestida será por sua causa.
- Certo, certo. Tchau.
- Tchau. - Eu desliguei.
Botei o telefone na mesinha e encarei meus pés.
- Você está be, querida? - Minha mãe perguntou.
Levantei a cabeça e ela estava parada na minha porta. Ela vestia suas roupas de sempre e um salto alto.
- Estou, mãe. Pode vir aqui? - Ela deu passos pequenos e elegantes e sentou ao meu lado na cama. - Eu acho que tenho um encontro hoje. - Ela levantou as sombrancelhas e deu um sorriso.
- Quem é ele?
- Roberto. Eu o conheci na sua loja e nós saímos e ele me convidou para sair hoje.
- Boa sorte querida. Mas vocês vão pra onde?
- Então. Ele queria me buscar e me levar para algum lugar, acho que é um restaurante, não sei.
- Ele vir lhe buscar? Ele tem carteira de motorista? - Acenti com a cabeça. - Por mim tudo bem querida. Confio em você. - Ela se levantou. - Tenho que ir. Tchau. - Beijou minha cabeça e saiu com os mesmos passos para o corredor.
Minha mãe sempre me entendia. Era sempre compreensiva e boa. Agradecia ter uma mãe desse jeito, porque meu pai era antiquado por os dois.
A tarde nunca passara tão lenta como essa. O relógio nunca queria marcar sete horas, para eu começar a me vestir. Era seis e meia e eu tinha que ir escolhendo minha roupa.
Abri meu guarda-roupa e o encarei por um bom tempo. Achei um vestido xadrez vermelho, uma calça jeans escura e outra clara, uma blusa roxa de botões, e uma camiseta vermelha. As joguei em cima da cama e as encarei por mais tempo agora.
Grunhi e sentei em cima das roupas. Porque ele não dizia logo pra onde íamos? Cruzei os braços como uma criança que não ganhou presente de natal. Tomar banho primeiro!
Meu banho demorou menos que eu esperava. Escovei meu cabelo com uma lentidão exagerada e voltei para o meu guarda-roupa. Abri minha gaveta e vi uma blusa de pano fino branca que eu usara no cinema. Ela ficaria bonita com a camiseta vermelha. Vesti a calça jeans clara e a camiseta vermelha. Botei a branca por cima e soltei uma das alças para cair sobre o ombro. Botei brincos e pulseiras prateadas. Me cancei com uma sandália branca com salto baixo. Me olhei no espelho e depois fui para o relógio.
Sete e quarenta e cinco. Será que ele era pontutal de chegar às oito em ponto? Me deitei na cama e fechei os olhos cansados da noite mal dormida. Abri os olhos com o interfone tocando. Levantei pegando meu celular e botando no bolso. Corri para a cozinha e o atendi sem ar.
- Roberto está aqui.
- Pode deixar entrar. - Disse para o porteiro.
Passei pela sala e me olhei no vidro da janela. Passei o dedo pelo meu cabelo e abri a porta azul. Um carro cinza vinha pela rua e eu andei até a calçada. O carro parou com a porta do motorista parado para mim. Ele saiu do carro.
Ele vestia uma calça jeans escura e uma blusa preta de botões. Seu cabelo estava ainda de lado como um garoto de 18 anos e seu sorriso me causava arrepios. O olhei nos olhos e o silêncio durou menos de cinco segundos.
- Você está absurdamente linda. - Ele disse em seu tom de voz sexy.
- Obrigado. Não existe nenhum adjetivo para descrever você. - Ele revirou os olhos com um sorriso.
Ele ficou de pé ao meu lado e esticou a mão como um rei chama sua rainha para uma dança. Não hesitei em pegá-la e meu coração acelerou. Ele me levou até a porta do passageiro e a abriu para mim. Entrei no carro e não o vi passando até a porta do motorista. Ele ligou o motor e saiu do meu condomínio. Entramos na avenida e ele seguiu ela até chegar em um restaurante lindo.
- Você é surpreendente. - Eu disse mais comigo mesmo.
Não ouvi a resposta e abri a porta do carro. Olhei para dentro do restaurante e todos estavam conversando e vestindo roupas diferentes da minha. Eu estava bem vestida? Encolhi os ombros e senti uma mão nas minhas costas. Ele segurou minha mão e andamos para dentro do restaurante. Não notei nenhum olhar para mim ou minha roupa, mas agradeci quando nos sentamos.
Pedimos uma pizza nordestina e me perguntei se ele ia comer já que ele rejeitava toda comida.
- Você contou para seus pais que ia sair comigo? - Ele perguntou.
- Contei.
- E você disse o que sobre o que sermos um para o outro? - Me engasguei com o ar. Falar por telefone era uma coisa, olhando nos olhos azuis dele era outra.
- Nada. - Ele riu.
- Deveríamos ajeitar isso então. Namorados talvez. O que você acha? - Engoli em seco. - Tudo bem se não quiser e...
- Não! Não é isso. Eu sou tímida o suficiente para ficar envergonhada com isso. - Falei fazendo uma careta e ele riu.
- Isso foi um sim?
- Você fez um pedido? - Perguntei.
- Creio que fiz.
- Então isso é foi um sim. - Deixei a timidez de lado se não perderia ele.
Ele se empurrou para frente na mesa e tocou os lábios nos meus. Meu coração palpitou só com o toque dos nossos lábios. O garçom limpou a garganta e serviu nossa pizza. Ele comeu, fazendo careta quando eu fingia que não estava vendo. O telefone dele tocou e ele atendeu na mesa mesmo.
- Oi, querida. - Ele disse e houve silêncio. - Não, não. - Ele fastou a cadeira e sorriu para mim pedindo licença, acenti com a cabeça.
Ele andou até onde tinha espelhos de banheiro e continuou com o telefone no ovido. Me desviei dele e notei duas mulheres de mais ou menos 20 anos, uma com um loiro falso e outra ruiva, olhando para mim com cara de nojo. Baixei a cabeça envergonhada e voltei a comer minha pizza.
A cadeira do Roberto fastou e ele sentou ao meu lado sorrindo. Botei outra garfada na boca para não perguntar quem era. Ele voltou a comer também.
Levantei a cabeça e vi que as mulheres olhavam para o Roberto agora. Eu ri baixando a cabeça.
- Não ouvi alguma piada? - Ele perguntou sério.
- Tem duas mulheres que estavam me fuzilando com os olhos e agora estão olhando para você.
- Não me importo com elas.
Ele se esticou novamente e me beijou, agora não apenas tocando meus lábios. Senti meu coração palpitando mais forte e ele fastou do beijo. Mordi o lábio inferior e respirei apenas pelo nariz, tentando fazer minha respiração voltar. Ele ainda tinha o rosto perto do meu e botou a boca perto da minha orelha e beijou a ponta dela, me fazendo tremer.
- Você está extremamente linda, querida. - Ele sussurrou.
Peguei o ar duas vezes para falar mas nada saiu. Ele fastou e eu sorri em forma de agradecimento para ele.
- Deixe eu fazer uma coisa. - Ele disse e olhou nos meus olhos.
Tudo ficou em silêncio e depois ouvi as vozes das duas mulheres.
- Ele deve estar louco. - Uma disse e a outra bufou.
- Essa magricela horrorosa... Ele devia ter alguém mais proximo da beleza dele.
- Você que não é. - Roberto disse e eu ri.
- Também acho. Talvez deviamos trazer a atenção dele para nós. - Ele revirou os olhos e desviou os olhos de mim trazendo barulho de novo.
- Isso foi... interessante. - Eu disse. - A magricela feia aqui gosto. - Brinquei.
- Você não é nada disso. Na verdade não acho ninguém mais bonito que você.
Senti meu rosto ficar vermelho e ele se aproximou para me beijar de novo. Passei os dedos no cabelo dele. Acho que nada tinha o gosto parecido com o beijo dele.
A noite foi assim até o fim. Entre as mastigadas ele me dava um beijo e sempre era bom e fazia meu coração sair do lugar.
- Já está tarde. Não devemos ir? - Perguntei mesmo querendo o contrário.
- Por mim, eu não iria.
- Acredite, por mim também não.
Pedimos a conta e entramos no carro. A viagem foi mais curta do que nós dois queriamos. Ele parou na frente da minha casa e eu suspurei sabendo que aquilo era o tchau de hoje. Soltei o cinto e sussurrei um tchau. Abri a porta e ele pegou meu braço. Me virei para ele e seu rosto estava mais perto do que eu imaginava. Ele sorriu e eu sorri junto, ele passou a ponta dos dedos contornando meu queixo e depois me beijou. Sorri e sai do carro. Andei até minha porta e a abri. Virei as costas e acenei uma última vez e vi os farois sendo ligados e ele acelerou. Fechei a porta e meu pai estava na porta do escritório dele me olhando.
- Oi, pai. - Disse quase sem voz.
- Oi, Viviane. Sua mãe falou do seu... encontro. - Eu caminhei devagar até ele enquanto ele falava. - Quem é ele?
- Roberto. Eu e ele... meio que estamos namorando. - Minha voz foi sumindo até a última palavra e ele ficou vermelho.
- Porque vocês tem que crescer? - Ele perguntou para si mesmo e me deu as costas entrando no seu escritório.
Levantei as pernas e andei, quase correndo, para meu quarto. Me deitei sem tirar a roupa e me cobri com o cobertor.

- desculpem a demora para postar o nove. eu tive uma semana com muitas coisas na escola. :)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Capítulo Oito - "Sinto sua Falta"

Que horas eu ligaria para ela? O relógio estava fazendo mais barulho do que o de costume. Uma e vinte seis. Disquei o celular e apertei telefonar. Chamou duas vezes.
- Alô? - Ela disse com uma voz fraca.
- Oi. Viviane? - Perguntei.
- É. Quem fala?
- Roberto. - Eu disse. - Não sabia se devia te ligar e...
- Devia sim. - Ela me interrompeu e eu ri.
- Então. Você vai fazer alguma coisa hoje?
- Hoje? Não tenho nada planejado. Porque?
- Eu também não tenho nada. Você aceitaria ir para algum lugar comigo?
- Qual lugar? Eu tenho que dizer pra onde vou para meus pais.
- Claro. Ainda não sei. Cinema?
- Claro. Que horas?
- Três? Me dá seu endereço para eu lhe pegar.
- Eu acho melhor a gente se encontrar lá. Tem algum problema? - Menos tempo com você, só isso.
- Não, nenhum. Encontro você na frente do cinema às três então.
- Certo. Tchau.
- Tchau, Viviane. - Desliguei o telefone antes de dizer que amava ela.
Eu teria que esperar uma hora e meia para ver ela? Eu devia ter marcado para agora. Abri a porta da cabana para sair e ver se tinha alguma coisa para fazer. Amanda estava na frente da minha porta mostrando todos os seus dentes em um sorriso.
- Eu vi que vocês dois vão sair hoje. Você não me conta nada. - Ela disse ainda no meio do sorriso.
- E preciso?
- Na verdade sim. Queria saber por você. Melhor do que por um sonho.
- Melhor saber por um sonho do que ter um poder ridículo como o meu.
- Não reclame. Ele irá servir um dia. - Ela disse revirando os olhos.
- Mas eu ainda não sei como.
- Continuando. Vocês vão pro cinema?
- Sim.
- E você vai beijá-la.
- Disso eu não sabia. - Ergui a sombrancelha.
- Mas vai. E eu quero muito que der certo.
Ela me abraçou passando os braços nas minhas costas e eu beijei a cabeça dela. Minha irmã era tudo para mim. Ela era meu porto seguro. E ela até agora tinha me ajudado em tudo, mesmo que minha vida nunca foi nada de interessante.
- Você sabe o que vestir? - Ela me perguntou quando me soltou.
- Na verdade, não.
- Vou lhe ajudar.
Ela poderia ocupar uma hora da minha vida só me fazendo trocar de roupa? Ela fez. Olhei no relógio e já era duas e meia.
- Vou com a blusa azul. Escolha a calça.
- Porque essa blusa?
- Porque ela sabe que eu tenho ela.
- Não será difícil de lhe achar. Você é muito bonito pra se passar despercebido.
- Escolha a calça, por favor.
Ela revirou os olhos e abriu a gaveta de calças jeans. Ela mexeu na primeira coluna de calça sem tirá-las do lugar. Pegou uma calça preta e jogou para mim. Vesti com pressa e beijei a testa dela em forma de agradecimento.
- Boa sorte. - Ela disse quando eu estava indo para a casa principal.
Passei pelo corredor e ninguém fez barulho nenhum enquanto eu passava. Peguei a chave do mesmo carro de ontem e desci para a garagem.
O caminho era curto, mas ficou longo de repente. Caminhei com pressa para o cinema, tinha poucas pessoas. Me sentei em uma cadeira enquanto o lugar ia enxendo. De repente o som que eu conhecia invadio a sala me deixando surdo de amor. Ela parou do meu lado.
- Oi, Roberto.
Eu levantei o rosto e sorri para ela. Me levantei em seguida ficando ao lado dela. Ela vestia uma calça jeans, uma blusa preta por baixo de uma branca. Uma bolsa preta combinava perfeitamente com a sandália. Ela estava absulatamente linda.
- Oi, Viviane. Você escolhe o filme? - Perguntei e ela mordeu o lábio.
- Não assisti nenhum que está passando. Você escolhe então.
- Veremos o que tem a guerra. - Eu sorri levantando as sombrancelhas.
- Por mim está ótimo.
Fomos em direção ao caixa e eu paguei o ingresso dela. Era o mínimo que eu poderia fazer. Ela fez uma careta quando dei o ingresso para ela mas agradeceu.
Ela comprou um refrigerante mas eu não quis nada, como sempre. Entramos na sala que estava quase vazia. Procurei um lugar bom enquanto ela olhava para o resto da sala. Apontei com a mão a primeira fila e ela passou na minha frente. Seu cabelo trazia um cheiro de shampoo que era delicioso.
- Você tem irmãos? - Ela perguntou.
- Uma irmã. - Sorri lembranco do quanto doce era a Amanda. - E você?
- Um irmão. Mais novo que eu.
- Me desculpe perguntar. - Fechei os olhos com vergonha. - Mas você tem namorado? - Ela soltou uma gargalhada baixa.
- Não. E você?
- Não. - Abri os olhos encontrando com os dela.- Porque você não quiz que eu fosse lhe pegar?
- Não é isso. É que eu não gosto de explicar as coisas aos meus pais. Só evitei.
- Eles achariam ruim? - Frazi a testa.
- Na verdade minha mãe ia achar o contrário.
- Como assim? - Me inclinei sem querer ficando mais perto dela.
- Eu tenho 17 anos e... eu nunca namorei ninguém. E sair com um menino iria transformar isso em muitas perguntas.
- E você responderia o que?
Ela sorriu e mexeu no cabelo baixando a cabeça. Não queria deixá-la assim.
- Desculpe.
- Não. É que eu não saberia o que responder.
- Se ela perguntasse se eu sou bonito o que você responderia? - Brinquei
- Que você é lindo. - Eu sorri.
- Se ela perguntasse se você gosta de ficar comigo. O que você responderia? - Sussurrei perto da orelha dela.
Ela não respondeu apenas virou o rosto nos deixando próximos demais. Lembrei do que Amanda disse sobre hoje e fastei sorrindo dela. As luzes começaram a baixar e o filme tinha começado.
Notei ela impaciente olhando para todos os lugares e só as vezes para tela. O que eu tinha na cabeça de levar uma garota para um filme que só passa sangue?
- Você não está gostando, né? - Sussurrei.
- Mais ou menos.
- Você devia ter dito.
- Eu não me importo com o filme.
- O lance da companhia de novo? - Perguntei sorrindo de alegria. Ela acentiu. - Também gosto de estar com você.
Ela olhou nos meus olhos e não deu tempo de eu pensar direito para voltar o som do lugar. Ela mordeu o lábio inferior e se aproximou de mim.
- É você que faz isso? - Ela sussurrou. - Porque se não for eu estou começando a ficar com medo.
- Me desculpe.
- Então é você?
- Eu consigo fazer isso. Mas eu tento não fazer.
- Mas como você consegue? - Ela perguntou e eu engoli em seco. - Não precisa dizer se não quiser.
- Obrigado.
Como eu diria à ela isso? O medo invadio minha cabeça. Ela era apenas uma garota linda que teria uma vida perfeita sem mim. Mas eu me meti na vida dela e estava querendo mudar a vida dela por completo agora. Metade de mim queria que ela sentisse medo de mim, assim eu poderia ir embora. Mas a outra metade queria que ela me amasse, assim eu poderia viver com ela.
- Você tem medo de mim agora? Eu entendo se tiver. - Disse.
- Claro que não. - Ela revirou os olhos.
Me encostei na cadeira sorrindo. Ela mexeu em uma mexa do cabelo e depois se encostou também. Aproximei meus lábios da orelha dela.
- Me desculpe. - Sussurrei.
Ela se virou, talvez pronta para perguntar pelo que. Mas eu a impedi de falar qualquer coisa com os meus lábios no dela. Os lábios dela tinham um gosto que eu talvez nunca sentisse na vida. O coração dela acelerou e o som ficou mais claro para mim. Passei a mão na cintura dela e a beijei, ela retribuiu e eu tive vontade de pular de alegria. Mas eu não deixaria os lábios dela. Ela passou os dedos no meu cabelo.
Eu fastei e fiquei apreciando aquele momento de olhos fechados. Meus lábios estavam entre abertos aproveitando cada segundo daquele momento. Os lábios dela estavam nos meus e eu retribui o beijo. Passei a mão no cabelo dela trazendo o cheiro para mim.
Nos fastamos e eu sorri de orelha à orelha para ela.
- Tá desculpado. - Ela disse e eu ri.
Eu poderia passar o resto de minha vinda sentado ali com ela. Mas as luzes acenderam e todo mundo já tinha levantado. Levantei junto com ela. Sai pelo corredor da nossa fila de cadeiras e ela me seguiu. Ela estava ajeitando a bolsa no ombro. Eu segurei a mão livre dela. O coração dela soou mais alto, mas ela controlou.
O corredor estava vazio, por eu andar tão humanamente devagar. A puxei pela mão que eu segurava e sorri quando ela se virou para mim. Passei minha mão pela cintura dela e ela levantou os pés para tocar nossos lábios. Eu segurei a cintura dela como se ela fosse embora quando o coração dela começou a acelerar mais ainda. Ela passou a mão no meu pescoço sem me deixar sair. Como se eu quisesse.
Continuamos andando pelo corredor da saida do cinema.
- Você quer comer alguma coisa?
- Não estou com fome. - Ela disse.
O telefone dela tocou dentro da bolsa e ela me deu um meio sorriso soltando minha mão. Queria segurá-la de volta, mas ela estava pegando a bolsa agora.
- Oi, Bruno. - Houve silêncio por pouco tempo. - Já sim. - Ela olhou para mim. - Vou agora. Me espere dois minutos.
Ela botou o celular na bolsa e virou para mim com uma careta linda.
- Você tem que ir. - Disse como uma afirmação, mas ela entendeu como pergunta.
- Tenho.
- Você pode voltar comigo, se quiser.
- Evitar perguntas. Lembra?
- Eu vou te ligar de novo então. - Eu passei o dedo no nariz dela e ela o fraziu.
- Pode ligar.
Ela se esticou e tocou os lábios no meu. Não o tempo que eu gostaria. Deu as costas e saiu com a velocidade normal dela. Me encostei na parede. Imagens dela depois do nosso beijo veio na minha cabeça.
Peguei meu celular e abri em uma nova mensagem. O que eu escreveria? Te amo era muito desesperado, porém verdade. Sinto sua falta muito clichê. Miss you. Ela sabia que eu falava inglês, e provavelmente ela também falava.
"Miss you. Roberto." Procurei o nome dela na agenda e enviei a mensagem.
Eu peguei meu carro no estacionamento e voltei para casa. Não queria vigiar ela hoje. Passei muito tempo com ela. Meu celular bipou quando eu saia do carro na garagem de minha casa.
"Também sinto sua falta. Vivi." Arquivei a mensagem e guardei o celular no bolso.
Olhar ela não me parecia tão mal mais. Quando peguei as chaves novamente a Amanda apareceu do meu lado sorrindo com uma ansiedade nos olhos.

(Ainda estou com problemas para divulgar. Divulguei em algumas comunidades no orkut, mas não acho que deu certo. É uma pena. Estou anciosa para outros comentários sobre minha história.)