segunda-feira, 13 de abril de 2009

Capítulo Dezenove - História

Maddie estava com um sorriso irônico e seus olhos estavam mais escuros do que eu lembrava. Eu botei uma das mãos nas costas do Roberto, tentando me equilibrar para não cair ali mesmo. Eu engoli em seco e baixei a cabeça. A porta estava aberta. Ainda passou pela minha cabeça correr até ela e descer as escadas atrás da Amanda, Richard ou Sophia. Mas pela velocidade que eu vi deles, eu não conseguiria dar um passo além do que eu estava ali.
Lembrei que a Maddie conseguia ler mentes, ou algo parecido. Levantei o rosto e ela estava em pé ao meu lado. Roberto virou para frente dela, me deixando ainda atrás dele. Ela soltou uma risada baixa e deu um passo em direção ao Roberto, que não se mexeu. Por que ele não corria dali? Ele podia sair do quarto em menos de um segundo.
- Maddie, por favor. Deixe-a ir. Ela não fez nada. - Roberto suplicou.
- Você não vê? Eu não a quero. Ela é só um meio para chegar perto de você. - Houve silêncio. - Eu sei. Mas isso não é totalmente culpa minha, é? - Roberto balançou a cabeça, dizendo que não.
- Eu não estou entendendo nada. - Eu disse com o pouco fôlego que me restava de minha respiração silenciosa.
- Você devia explicar para ela, Thomas. Talvez não tenha outra chance.
Soltei-me dos braços do Roberto e a Maddie voltou a se sentar na poltrona. Roberto virou para mim com a cabeça baixa. Me estiquei para baixo e vi os olhos dele. O silêncio voltou e eu dei um meio sorriso para ele, e ele não moveu um músculo do rosto.
- Tem coisas que você não sabe. - Roberto me disse.
- Não foi tudo o que a Maddie me contou? - Ele balançou a cabeça que não.
- Eu nasci aqui em Oxnard no ano de 1890. Minha mãe era costureira de nobres que moravam em casarões daqui e meu pai era pintor. Eu não era rico, nem pobre. Eu vivia definitivamente bem. Até que meu pai entrou em uma briga com alguns arruaceiros que apedrejaram a loja de minha mãe. Em uma noite quando eu tinha 13 anos, em 1903, eles invadiram minha casa, e levaram meus pais. Eu estava em baixo da escada e não sai dali até o outro dia quando a polícia entrou na minha casa. Eles me levaram para a delegacia e eu passei o dia inteiro lá. Eles iam me levar para um orfanato, mas eu não queria isso. Eu fugi da delegacia, e como eu conhecia todas as montanhas daqui, fui para a South Mountain. Eu passei dias morando em sombras de árvores e me alimentando de frutos. Eu sempre caminhava pela manhã, para encontrar outro lugar para passar alguns outros dias. Quando achei uma casa, branca, com janelas e portas de ferro. Eu nunca tinha visto ela, e ela não estava perto de nenhuma das trilhas. Eu pensei estar abandonada e deitei sobre a escadaria e adormeci. Quando acordei eu estava em um quarto bem arrumado. Eu pensei que estava no orfanato e comecei a gritar e chorar. Uma mulher, a mais linda que eu já vi, entrou no meu quarto e me mandou fazer silêncio, que eu não estava no orfanato, e que eles iriam apenas me ajudar. A Sophia me ajudou a superar a morte dos meus pais, se isso foi possível. Depois de um mês eu conheci o Richard e ele me explicou tudo. Eles eram vampiros. Eu tive medo no início mas a Sophia me tranquilizou. Eu soube que eles não iriam me machucar. Depois de um mês convivendo com os vampiros comendo ainda apenas os frutos por eles não poderem aparecer na cidade sem nunca terem sido vistos, e eu menos ainda. Richard me perguntou se eu queria me tornar um deles, mas seria para sempre. Eu não poderia me tornar humano de novo. Eu aceitei. Richard e a Sophia me explicaram os perigos que seria me transformar comigo daquela idade, mas eu aceitei por não aguentar mais comer frutos. Eles me transformaram e eu descobri tudo que vampiros podiam e não podiam fazer. Descobri que os vampiros não se alimentavam mais de humanos – alguns – e que tinha essa bebida que os japoneses fizeram, que contém algo que matam nossa sede.
"Nós podemos mudar nossos metabolismo da idade. Eu posso ficar mais velho em questão de horas. Eu me adiantei apenas dois anos, ficando com 15. Passei cinco anos com 15 anos. Depois mudei novamente para 18 anos. Nesse meio tempo, nossa família recebeu a Amanda, vinda da Dakota do Norte. Ela era uma vampira também e estava apenas de passagem quando me viu correndo pelas montanhas. Ela me parou. Ela nesse tempo tinha 8 anos, e aumentou seu metabolismo para 19, e isso foi um erro. Ela me disse que ainda se alimentava de humanos, mas nem sempre conseguia pegá-los por ser muito jovem. A levei para casa e a Sophia e o Richard a receberam de braços abertos. Mais dois anos depois nós conhecemos outra família de vampiros. Ela se mudou para o outro lado da South Montain. Nós fomos nos apresentar para não ocorrer conflitos. Eles bebiam a bebida japonesa também. Eram quatro. Rebecca, Marissa, Daniel e Jean. Eles disseram que queriam se manter em um lugar para não precisar se mudar tanto. Mas eles disseram que havia um quinto membro na família deles, a Maddie. Disseram que ela chegaria dias depois e nos chamariam para apresentá-la. Como dito, eles marcaram uma noite para visitá-los. A Sophia e o Richard foram na frente e eu esperei a Amanda terminar de se arrumar. Quando chegamos lá a Marissa nos recebeu e fomos conhecer a Maddie. Eu lembro quando a Amanda a viu, e viu que ela sentiria aquilo por mim. Eu a vi. Ela era linda. Os cabelos dourados faziam cachos nas pontas e ela vestia um vestido xadrez azul. Mas os olhos dela eram, naquele tempo, um mel derretido e bonito. Nos apresentamos e dias depois nós começamos a namorar. Passamos muito tempo namorando, tempo para se noivar e casar, coisas de humano. Nós estávamos decididos a adotar uma criança e quando ela fosse mais velha ela se tornaria vampiro. Mas quando nós marcamos a data do nosso casamento a Amanda disse que queria conversar algo comigo. Ela me disse tudo sobre o que a Maddie sentia por mim. Eu a levei para nossa casa, a que você estava mais cedo, e conversamos sobre isso. Quando eu contei que não sentia isso por ela, ela enlouqueceu e fugiu. Como eu a amava, de um jeito comum, eu esperei ela por algum tempo. Mudamos-nos para o Juazeiro querendo viver algo novo e poder sair de casa. Nós trabalharíamos e a Amanda iria estudar, somente pela noite. Mas vi você naquele cinema. E eu senti o que a Maddie sentia por mim. Eu a amei assim que botei os olhos em você. Eu tive medo de você não sentir nada por mim, por eu não ter sentido pela Maddie. Mas então nós começamos a namorar. Quantos avisos sobre a Maddie eu escutei da minha família quando namorei com você? Mas eu queria tentar e conseguir viver com você. Eu não contei nada disso para você com medo de perdê-la. Mas você disse que viu a Maddie no seu banheiro e eu fiquei com medo e vim para Oxnard e deixe você sozinha. "Se eu não tivesse fugido você estaria em casa agora.""
Ele baixou a cabeça quando viu algo em meu rosto. Eu não saberia bem responder o que eu estava sentindo. Raiva por ele não ter me contado antes, medo por estar cercada de vampiros, amor por ele sentir aquilo por mim...
A Maddie levantou da cadeira bruscamente e parou do meu lado, interrompendo meus pensamentos mal feitos. Minha cabeça ainda girava por tudo que ele acabara de falar. Eu tive a sensação que ia desmaiar, ou vomitar. Os olhos dos dois estavam em mim agora. Os do Robert com a cor de um céu pela manhã sem nuvem e o dela de uma cor de ouro endurecida.
Não sabia o que deveria fazer agora. Deixar o Roberto aqui e talvez nunca mais vê-lo? Ficar aqui e talvez nunca mais ver minha família e meus amigos?
Maddie voltou a sentar-se na poltrona e o Roberto me abraçou. Como eu ainda pensei em sair dali? Eu ficaria com ele mesmo que o fim fosse trágico. Eu o amava. Por mais estranho que aquilo me parecesse, amar depois de um mês, eu o amava.
- Eu te amo. - Sussurrei no ouvido dele e ele me abraçou mais forte. Pensei que meus ossos fossem se quebrar, mas ele soltou antes de meu fôlego faltar.
- Eu te amo. - Ele falou e botou meu rosto entre suas mãos. Sorri para ele e ele sorriu para mim.
A Maddie se levantou da poltrona e limpou a garganta. Olhamos para ela e ela estava em pé ao nosso lado agora.
- Chega de filminho de romance agora, certo?
Virei-me para ela, mas minha ação foi interrompida por um bate na janela do outro lado do quarto. Virei-me para lá, junto com o Roberto. Dois homens com a pele morena e altos estavam na janela do quarto, eles tinham olhos pretos, realmente pretos, e sorriam. As narinas deles estavam infladas, o que fazia meu coração disparar de medo. Eles deram um passo para nossa direção e o Roberto deu um para trás, me levando também, quase me derrubando no chão se não fosse suas mãos na minha cintura. Olhei para o Roberto e ele não tirava os olhos dos dois homens que estavam ali dentro. Os dois passaram por cima da cama e ficaram ao lado da Maddie em menos de duas batidas do meu coração. Eles ainda tinham o sorriso no rosto e olhavam para mim e para o Roberto.
Olhei para o Roberto e o rosto dele não tinha como decifrar. Era uma mistura de medo com ira. Os olhos dele iam para os três quase ao mesmo tempo. Me agarrei na sua cintura e levantei o rosto para ver ele. Ele baixou a cabeça e ficou me olhando. O seu rosto não trazia mais a ira, apenas o medo agora. Eu queria que me matassem agora, mas não me tirassem dele.
Maddie começou a bater palmas.
- Vocês dois estão me surpreendendo cada vez mais. Estou adorando realmente o amor entre vocês dois. Isso é melhor que qualquer seriado de TV. E eu não estou suportando falar português esse tempo todo. - Ela bufou e houve silêncio por uns poucos segundos. - Eu estive pensando em deixar vocês dois livres, sabe como é, ser boa uma vez. Mas você se lembra dos nossos planos para filhos, Thomas? Se lembra de tudo que a gente passou? E como você quer que eu deixe vocês dois apenas irem?
- O que você vai fazer com a gente? - Perguntei. Mesmo quase sabendo a resposta.
- Não será dar doces, lhe garanto. - Maddie me respondeu. - Então. Mas eu ainda não decidi o que fazer com vocês e...
Todos os quatro viraram para a porta e eu fui a última a me virar. O Richard estava parado no corredor, junto com a Amanda e a Sophia. Graças a deus! Estamos salvos! Queria sorrir, vibrar, pular de alegria. Mas nada me garantia que estaríamos salvos. Eles entraram no quarto e o Richard foi para cima de um dos morenos altos, ele saltou sobre suas costas, dando-lhe mordidas em seu pescoço. A Sophia e a Amanda foram para o outro, Amanda o segurou enquanto a Sophia mordia seu pescoço também. O barulho que isso fazia era extremamente insuportável, era como se batessem panelas, ou algo mais barulhento, no meu ouvido. Roberto sussurrou um "fuja" e foi para cima da Maddie, ele a jogou no chão, fazendo o barulho aumentar. Eu botei a mão nos ouvidos e me encostei na janela de vidro atrás de mim. Eu fechei os olhos com as mãos no ouvido e pedi para que aquilo acabasse logo.
Um barulho mais alto do que antes me fez abrir os olhos. Eu vi o homem alto caido no chão e o Richard pulou em cima dele e rodou-lhe o pescoço. Me espremi ainda mais na parede. Richard levantou-se e foi para o outro homem alto que ainda estava tentado se soltar da Sophie e Amanda. Eu vi os cabelos da Maddie rodando ali, mas preferi não olhar para onde Roberto estava. Tinha medo de ver. Fechei os olhos novamente, apenas escutando os barulhos insuportáveis.
- Querida. - Ouvi entre os barulhos. - Querida, levante. - Abri os olhos e vi a Sophia com a mão estendida para mim.
Não hesitei em pegá-la. Ela me levou andando para o corredor. Arrisquei uma última olhada. Eu pude ver o Roberto, com os dentes a mostra para a Maddie. O medo que eu temia veio para mim. Agarrei mais a mão da Sophia e ela me levou para a sala no andar de baixo. Ela passou pelo sofá branco comigo e pegou chaves e uma caixa de madeira com uma mão só. Passamos pela porta da frente e fomos para o carro preto que ainda estava parado ali. Ela me levou para o banco do passageiro e em menos de um segundo estava no do motorista. Ela dirigiu e eu vi luzes de longe e o mar. Eu estava em Oxnard.
Ela dirigiu por mais ou menos uma hora e paramos em uma estrada vazia. Ela botou a caixa no colo e começou a mexer.
- Ponha isso. - Ela me entregou uma roupa. Notei agora que eu ainda vestia a roupa que a Maddie me dera.
Eu vesti o vestido que ela me deu e ela trocou de roupa também. Me deu uma peruca grande de cabelos castanho e um par de lentes de contato. Botei a peruca e depois sofri para botar a lente.
Ela andou mais dez minutos e entramos em Los Angeles. A cidade passava rápida ao nosso lado com o sol nascendo entre as palmeiras. Paramos no aeroporto e ela me deu duas bolsas.
- Na maior tem apenas panos, retalhos. Só para encher. Nessa pequena tem um telefone celular, um lenço e dólares e reais. Você vai para Fortaleza e de lá para Juazeiro.
Assenti com a cabeça e ela entrou na fila para comprar a passagem. Entrei na fila de embarque e ela veio para mim com as passagens.
- Tenha uma boa viagem, querida.
- Mas e o Roberto?
- Ele ficará bem e vai lhe encontrar em Fortaleza. Quando chegar lá ligue o celular e veja as mensagens de voz, terá uma dele. - Assenti com a cabeça e ela beijou-me na testa. - Até logo.
E se misturou na multidão.
Eu iria para casa, sem o Thomas e sem uma boa explicação para minha mãe.

Quem não entrou, entra, por favor.: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?rl=cpp&cmm=85976513

5 comentários:

  1. Caaara, nunca mais o Thomas parou de falar! =O
    aushaushaushuahsuhasuhasa
    super adoeri,
    só que, vc me resolve um mistério e deixa outro de brinde!

    *curiosa*

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  2. Essa Maddie é doente??
    Adorei o capitulo...Adorei a história dele...
    Curiosidade, louca para o proximo capitulo!!!

    =D

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  3. só que, vc me resolve um mistério e deixa outro de brinde! (+1
    SUHAIUSHOIAHOSIUAOSUHA, ameeei mesmo *-*
    hiper curiosa coomo sempre

    beeijos :*

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  4. Capítulo Nove na área... dá uma olhadinha lá o sumiiida do msn!

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