sábado, 4 de abril de 2009

Capítulo Dezessete - Verdade

Meu medo tomou conta de cada parte do meu corpo. Eu podia sentir a dor do medo. Eu consegui me levantar de susto, mas depois não consegui mexer mais nem um músculo. Meu coração palpitava de pavor, e a única coisa que eu consegui mexer foi os olhos e mais nada. Meu cérebro desligou e eu só pude ver a loira. Vi seu corpo bem feito e seus dentes, mas não pude ver o seus olhos. Ela deu um passo para frente e eu um para trás, ficando encostada na árvore.
Eu tinha certeza que minha vida iria acabar naquele momento. Tinha certeza que eu iria morrer e deixar minha família, meus amigos, e o Roberto. Imagens do Roberto e eu veio na minha cabeça. Meus olhos ainda na loira, de repente, viram o nada. Olhei para o lado e a Maddie estava sorrindo para mim com o rosto à vinte centímetros do meu.
Vi agora os olhos dela. Tinha uma cor de mel, só que escura. Era de dar medo.
- Meus olhos não têm nada demais. - Ela disse em uma voz rouca e musical.
Meus olhos arregalaram-se e dei um passo para o lado, me distanciando dela. Mas tropecei no livro e cai sentada na grama. Engoli em seco quando vi ela ereta na minha frente, com o mesmo sorriso de desprezo e desejo de antes. Ela esticou a mão para minha surpresa, mas eu não a peguei, nem me levantei.
- Eu não mordo. - Ela disse e depois riu. - Pensando bem, melhor você não pegar minha mão. - E riu de novo.
Consegui me erguer e ela ficou séria. Ela ergueu uma sobrancelha me olhando dos pés a cabeça.
- O que você quer? - Perguntei.
- Essa não é uma pergunta boa.
"Ele não está aqui!" gritei por dentro, mas não consegui falar nada.
- Se eu tivesse vindo atrás dele não estaria com você.
- Como...? - Tentei falar, mas nada saiu, além disso.
Ela ergueu as sobrancelhas e em seguida deu uma gargalhada rouca. Olhei para minha casa e estava totalmente apagada.
- Como eu consigo responder antes de você perguntar? - Ela disse mexendo as mãos e dando passos elegantes entre mim e a árvore.
Engoli em seco e pedi para poder sair dali viva, mas tudo indicava que não. Ela passou para trás de mim e eu não pude me mexer. Senti dedos frios passando pela minha nuca por cima do meu cabelo e enrijeci.
Senti meu corpo cair para frente e minha mente apagou.
Abri os olhos e vi um teto branco com um lustre lindo sobre mim. Me sentei de vez e minha cabeça girou. Fechei os olhos, para passar a tontura e para ver que aquilo não passara de um sonho. Quando abri os olhos eu estava em um quarto enorme com paredes de madeira. O piso era igualmente de madeira e os moveis eram de um padrão só. A cama que eu estava era grande e ao lado tinha janelas com cortinas fechadas. Me levantei e notei que não usava mais a minha roupa, e sim um roupão branco. O fechei e andei para a porta que era na frente da cama.
Era o corredor do meu sonho. Um calafrio passou pelas minhas costas. Quando fechei a porta para andar no corredor e descobrir onde eu estava ouvi passos de um lado do corredor e me encolhi na parede.
- Vejo que acordou. - Maddie disse quando eu a vi no lado esquerdo do corredor.
- Onde eu estou?
- Na minha casa. Minha não, mas eu gostei dela.
- Onde está minha família?
- Na sua casa.
Eu sabia que não podia confiar em estranhos, mas algo me dizia que ela contava a verdade.
- Não minto. - Ela disse.
- Como você consegue fazer isso? - Perguntei.
- São alguns segredos. - Eu estava tão cheia de segredos em todos os lugares. - Não se apresse querida. Na verdade, você está atrasada para se vestir. Tem uma roupa sobre o sofá no quarto e se não se importa quero levar você daqui à quinze minutos.
Não discuti, apenas fui para dentro do quarto. Andei até o sofá branco como todos os acolchoados do quarto e vi uma roupa dobrada. Era um vestido branco com rendas feitas à mão. Uma sandália me aguardava na frente do sofá. Tirei o roupão, pus o vestido e calcei a sandália.
Olhei ao redor e vi uma cômoda do lado do guarda roupa. Tinha vários porta-retratos com fotos de pessoas lindas e parecidas. Mas uma delas era do Thomas, com seu sorriso perfeito, junto com a Maddie. Agora que eu estava vendo claramente, não nos meus pensamentos. Eles pareciam felizes, mais do que qualquer outra pessoa.
- Verdade. - Soltei o porta-retrato fazendo-o cair no chão e me virei de vez. Maddie estava na porta. - Está pronta? - Assenti com a cabeça.
Apanhei o porta-retrato com o vidro quebrado e botei sobre a cômoda novamente. A segui para o corredor e andamos para um lado e parecia tudo igual. Eu agora não sabia mais voltar para o quarto. Ela parou na frente de uma porta e a abriu. Tinha uma escada em espiral grande, podia ser dois andares ali. Descemos em silêncio, como pelo corredor e quando terminamos de descer dava para uma sala.
A sala era grande e tinha um sofá com o estofado marrom e uma mesinha com peças de cristais. Uma TV de plasma estava na parede e abaixo dela uma mesa da cor do estofado com mais peças de cristais. Ao lado da TV tinha uma porta de madeira dupla. Do outro lado da sala tinha janelas grandes, sem nenhum espaço entre elas. A lua estava por entre as árvores grandes. Continuei andando e ela parou em uma porta branca e a abriu para o lado.
Era uma cozinha grande com uma mesa redonda no meio. A mesma janela estava na cozinha, e agora dos dois lados. Do outro lado pude ver carros parados e mais árvores. Devíamos estar no meio do nada.
- Pode se servir do que quiser. - Ela disse abrindo a geladeira de porta dupla e mostrando muitas comidas.
Eu não fazia idéia de quanto tempo fiquei desacordada agora, ouvi meu estômago roncar e fui para a geladeira. Comi, e muito. Ela ficou sentada na cadeira, com o olhar na janela enquanto eu comia toda sua geladeira. Terminei e lavei as mãos na pia.
- Vamos. - Ela se levantou e voltamos para a sala. Ela não foi para a escada e sim para uma porta de elevador atrás da escada. Entramos e saindo para um corredor, mas eu não sabia se era o mesmo ou não. Continuamos andando e eu vi a curva do corredor do meu sonho. Parei e ela continuou. Fiquei ali estudando aquele lugar e depois dei a curva no corredor. Tinha a mesma porta e ela não estava mais lá.
A porta estava meio aberta e eu a empurrei. A sala estava escura com as cadeiras no meio, iluminadas pelo abajur sobre a mesa. Andei, respirando alto, para dentro do lugar. Se era meu sonho mesmo era para o Roberto estar ali, e a ânsia de vê-lo me deixou agitada.
- Não se preocupe. Seu amado está bem. O Thomas só não ficará mais com você. Foi a frase dita no sonho e dita agora. Me contorci de dor por dentro.
- Thomas, querido, sabe que eu não machucaria ela. - Ela se ergueu e andou pelo escuro.
Uma luz foi acesa, fazendo doer meus olhos. Mas a dor nos olhos não foi nada quando eu abri e o vi. Preferiria morrer a vê-lo assim.
- Ela ama você. - Maddie disse para o Roberto.
Eu olhei para ele, os olhos dele eram os mesmo azuis claros de sempre. O rosto dele trazia dor e deu um meio sorriso para mim. Ele estava amarrado e com as costas dobradas. Eu preferiria estar no lugar dele a vê-lo naquele lugar.
- Você já me tem, deixe-a ir. - Ele disse, fazendo meu coração se deliciar com o som da voz dele.
- Não quero ir para nenhum lugar sem você, Roberto. - Maddie riu quando eu disse.
- Ela mesma não quer ir.
- Não Viviane, vá. Você precisa ir! - Ele disse com a voz baixa.
Eu andei até ele. Parei na frente dele e ele levantou o rosto, tentando ajeitar a coluna que agora, eu vi que estava amarrada também. Botei as mãos no rosto dele e ele fechou os olhos. Cerrei a boca segundo as lágrimas que estavam prontas para vir. Beijei a testa dele e ele soltou o ar nos meus cabelos.
- Me desculpe. - Ele disse e eu fui puxada.
- Não quero nada de dramatização aqui. - Maddie disse me puxando para uma distância, ainda pequena, do Roberto. - Você quer ou não saber o porquê de estar aqui? - Ela me perguntou.
- Não! - Roberto fez um esforço e quase gritou. Assenti com a cabeça para a Maddie.
- Muito bem. Quando o "Roberto" - eu pude ouvir as aspas entre o Roberto. - tinha 13 anos, ele foi abandonado pelos pais. Ele andou só por muito tempo pelas ruas de Oxnard. O Richard o achou, junto com a Sophia. Eles ficaram cuidando dele. Mas a Sophia e o Richard tinham um segredo, o mesmo do nosso. Eles eram vampiros. - Minhas sobrancelhas se enrugaram. Isso não era hora de mentir! Olhei para o Roberto e ele estava com a cabeça baixa. - Quer parar de se distrair? - Maddie perguntou, me fazendo voltar para ela. - Vampiros. E não é mentira. Nós somos vampiros. Mas nós não nos alimentamos mais de humanos, às vezes. E nós vampiros quando se apaixonamos, não tem volta, e essa pessoa ama você para toda sua vida.
- Você sente isso por mim? - Perguntei pro Roberto. Maddie limpou a garganta.
- Eu sinto isso pelo Roberto. - Claro, que estupidez a minha. - Ele não sente isso por mim. São raras as pessoas que são imunes a isso. Ele apenas gostava de mim, como um humano gosta de outro. Mas daí, quando eu soube não, quis mais. E ele foi para o Brasil. E ele sente isso por você. - Não consegui deixar de sorrir. - E você irá amar ele mais do que qualquer outra pessoa.
- Mas ainda não entendo porque ele está amarrado e eu onde não conheço.
Ela deu um sorriso e levantou as sobrancelhas. É claro! Ela queria matar a gente, por ele não a ter amado e por eu ter roubado o amor dele. Olhei para o Roberto, Thomas, e ele estava com a cabeça baixa. Só queria poder ir lá e dar um último beijo nele. Andei para ele, sem me importar com a Maddie.
Quando cheguei perto dele notei que eu soluçava de chorar. Não sabia se era o medo, ou o meu amor por ele. Encostei meu rosto no dele e eu pude sentir o aroma de sua respiração. Ele passou a ponta do nariz dele sobre uma lágrima minha e afastou o rosto para me mostrar o sorriso dele no rosto. Como ele podia sorrir sabendo que iríamos morrer?
- Eu amo você. - Ele sussurrou no meu ouvido, me fazendo tremer.
O beijei nos lábios. Um beijo de despedida. Um beijo que me fez querer sumir dali no segundo seguinte e não ver mais o rosto dele nos meus pensamentos.
A Maddie passou o braço na minha barriga e me arrastou dali. Vi o rosto dele pela última vez. Ele era tudo que eu queria. Passei para o corredor e ela continuou me arrastando.
Ela abriu uma porta em alguma parte do corredor e me jogou dentro. Fiquei sentada, sem poder mexer um músculo. E ela fechou a porta. Estava escuro e fiquei apenas com minhas lágrimas por alguns muitos minutos. Eu me levantei e tateei a parede atrás de um interruptor, achei ele e acendi.
O quarto estava lotado de gente, que eu não conhecia. Seus olhos tinham cores diferenciadas, e era a única coisa que eu via deles. Suas feições, suas belezas, nada. Apenas os olhos em mim.
Abri a porta e sai para o corredor. Ele parecia igual para mim. Andei para o lado direito e vi a curva conhecida. Não tinha mais porta, era a mesa. Andei depressa para ela e abri a gaveta. A foto estava lá, a foto do meu sonho. Minhas pernas queriam quebrar. Mas minha mente viu o que aconteceria depois. Virei as costas e vi as sombras das pessoas. Me encostei na mesinha, esperando minha morte. Senti mãos em mim e não abri os olhos, depois de três minutos eu estando viva, as mãos me soltaram e eu abri os olhos.
Eu estava em uma sala escura. Parecia que nenhum lugar que eu fosse era claro naquela casa. Senti uma mão em mim e começei a me debater.
- Está tudo bem. - Roberto sussurrou.
Mesmo no escuro eu o encontrei para abracá-lo. Os braços dele me cercaram, me fazendo sentir bem. Eu me sentia salva, mesmo sem saber onde eu estava. A luz acendeu e eu o Roberto nos soltamos. Eu estava no quarto de mais cedo, a janela estava aberta e eu vi uma sombra de alguém saindo pela janela.
- Se segure. - Ele disse e me botou nos braços. Me segurei na blusa dele e botei o rosto no pescoço dele. Senti o vento passando por a gente e tirei o rosto do pescoço dele. Nós estávamos do lado de fora da casa. Ela tinha três andares e era toda pintada de um beje claro, ou amarelo. O escuro não me deixava ver. Um carro preto, que eu conhecia, esperava a gente no caminho de terra entre as árvores.
Roberto entrou comigo no banco traseiro do carro e eu sentei ao lado dele. O Ricardo dirigia o carro e a Sophia estava no banco do passageiro.
- Você está bem, querida? - Sophia me perguntou. Assenti com a cabeça.
- Onde está Amanda? - Roberto perguntou.
- Já está vindo. - Ricardo respondeu e os três olharam para o lado de fora do carro, em direção a casa.
Olhei também e a casa parecia calma. Mas um vulto passou pela janela aberta no terceiro andar e veio na direção do carro. Eu iria entrar em desespero, quando ouvi o suspiro dos três. Roberto me puxou e afastou para o meio do banco. Amanda entrou no carro, ajeitando o cabelo assanhado.
- Anda! - Ela gritou voltando o rosto para a casa.
Eu acompanhei o olhar e vi vários vultos passando. Me espremi no peito do Roberto e ele passou os braços por mim. Senti o carro acelerando e o Roberto beijou meu cabelo. Fiquei inspirando o cheiro da camisa dele, tentando me acalmar. O carro parou e eu abri os olhos. Todos estavam saindo do carro, e o Roberto me ajudou a sair.
Paramos na frente de uma casa linda. Das que se vê em cinema. Ela tinha uma cor de madeira clara e era quase toda de vidro. Ninguém estava mais do nosso lado. Roberto me ajudou a entrar na casa e era uma sala grande, com um sofá de couro branco lindo. A Amanda estava fechando as cortinas beges de toda a sala. Roberto me sentou no sofá e caminhou por uma porta que parecia ser a cozinha. O Richard passou por mim com uma caixa de madeira e a botou sobre uma mesa de madeira pequena na sala. Ele a abriu e a Amanda se juntou a ele. Os dois ficaram conversando baixo. Me levantei e fui para a direção que o Roberto tinha ido. Ele bebia alguma coisa em um copo escuro. Quando ele me viu ele jogou o copo na pia e foi em minha direção.
- O que era aquilo? - Perguntei.
- Agora não, querida. - Ele disse e me guiou de volta para a sala.
Mas ele não me deixou no sofá, ele me levou para o andar de cima. Tinham três portas no corredor com uma janela imensa já fechada pela cortina. Ele me guiou até a última porta do corredor e a abriu para mim. Era um quarto, e as cortinas ainda estavam abertas. O Roberto parou na minha frente e passou os braços em volta de mim, atrás dele.
Ergui meu pé para enxergar sobre o ombro dele. A Maddie estava sentada em uma poltrona branca mexendo nas mãos sobre o colo. Ela ergueu a cabeça e sorriu para nós.


Gente, oi. :D Queria que vocês entrassem na comunidade que eu fiz ;D Lá vai ter sempre avisando quando o post sair e outras coisas. Podem botar elogios e críticas, e tals. Mas não deixem de comentar aqui, certo? Beijo :*
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=85976513

8 comentários:

  1. Essa Maddie é louca... *medo*
    quanto mistério Pri..
    adóóro!
    e cláro que já to comu! ;)

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  2. Ai assim você vai me deixar louca de curisidade!
    Esperando o proximo post *-*

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  3. ja to na comu :D
    meudeusdocéu, POSTA LOGO OUTRO CAPITULO!
    nao vou aguentar até o proximo FDS
    tenta postar mais de 1 cap por semana ;OOO
    AMANDO (L)
    Roberto(thomas?!) s2 Viviane

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  4. Ai que tudooooooooooooO

    *-*
    Quero o proximo cap.

    Lindo...lindo...lindo

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  5. Eu não to podendo postar pela semana, como antes. Por causa das provas e tal. Mas vai ter esse feriadão, né? Então eu vou adiantar as coisas ;D

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  6. eba,*-* ta muiito bom,estou curiosa. :B

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  7. Obaaa, curiosidade matando!!!
    Que venha o feriado!!!
    =D

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  8. Noooss, to muito curisa -qiso
    ta mto legal pri *-*
    continue continue continue :D

    ps: postei tambem la no Um olhar ao pôr-do-sol *-* depois lê lá o/

    beijos :*

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