quinta-feira, 9 de abril de 2009

Capítulo Dezoito - Lembranças

O tempo quase não passava, mas até que enfim eu estava em Fortaleza, e mais um avião eu estaria em Juazeiro. Eu estava na fila de comprar a passagem e liguei o celular para saber se a Amanda ainda viu alguma coisa.
- Alô? Amanda, você..
- Graças a Deus! Pensei que você nunca ia chegar. A Maddie está aqui em Oxnard.
- O que?
- Eu acabei de ver. Ela vai levá-la para a antiga casa de vocês.
- Ok, tchau. - Desliguei o celular.
- Qual passagem, senhor? - Uma morena sorridente atrás do balcão me perguntou.
- Los Angeles. - Ela assentiu com a cabeça e começou a digitar.
- Sai um daqui à dez minutos. - A entreguei o cartão de crédito.

Foram as horas mais longas do dia. Eu sabia que a Maddie estava com minha Viviane e isso me deixava nervoso. O avião parou em Los Angeles e eu peguei um Táxi até o último ponto da cidade, já estava de noite e eu podia correr por fora da pista sem ser visto. Eu corri pela South Mountain e a Amanda estava na escadaria de pedra da minha casa. Ela se levantou na medida em que eu chegava.
- É bom irmos para a casa. Viviane ainda dorme pelo remédio que a Maddie deu para ela depois de desacordar ela. - Eu fechei os olhos para esconder minha dor visível dela. Viviane fraca e desprotegida em uma casa com a Maddie. - Ela não está sozinha. Maddie conseguiu alguns vampiros. Eu não os conheço e não posso ver eles.
Entrei na casa e o Richard me parou na sala, ao seu lado estava a Sophia com uma cara de preocupação. Assenti com a cabeça e segui para a mesinha, peguei a chave do carro preto do Richard e voltei para o lado externo da casa. Não havia mais ninguém lá. Fui para a garagem e eles me esperavam do lado de fora do carro.
- Vocês não vão. Não posso perder todos que eu amo.
- Você não vai perder ninguém. - Amanda me disse encostando a mão em mim e eu vi a Viviane beijando meus lábios.
A chave do carro não estava na minha mão e o Richard já estava no banco da frente, pronto para dirigir. Sophia, com todo o seu amor, estava ali, pronta para enfrentar tudo por mim. Era impossível não amar toda minha família, que podia não ser de sangue, mas eu os amava igualmente à minha família biológica. Amanda entrou no carro e o Richard deu ré da garagem. Pegamos a estrada e rapidamente fomos para o outro lado da South Mountain. O carro parou ainda longe da casa.
- Eu vou primeiro. Se algo acontecer comigo, eu quero todos o mais longe daqui. - Eu disse e todos ficaram em silêncio. Sabia que eles não desistiriam de mim tão fácil.
Saí do carro e corri para a frente da casa amarela. A porta pesada da frente estava aberta. Eu a empurrei e vi vários vampiros na sala principal.
- Onde está a Maddie? - Perguntei em inglês, sem saber que língua eles falavam.
Eu fechei minha boca e o elevador fez um barulho, indicando que ele tinha chegado. Todos se afastaram para eu ver o elevador. A porta se abriu e eu vi a Maddie com uma calça jeans e uma blusa azul que ela usava quando namorávamos.
- Fico feliz vendo que você ainda lembra-se de alguma coisa que tínhamos.
- Não faça nada com a Viviane. Ela nem sabe de nada.
- Eu sei, Thomas.
Ela desviou os olhos cor de mel escuro para um moreno alto na fila de vampiros de olhos escuros. Eu sabia o que aquilo significava para mim. Ele andou rapidamente até mim e puxou meus braços para minhas costas e me empurrou até o elevador. Dei uma última olhada para a Maddie que estava com a sua postura ereta e sem sinal de humor no rosto.
Me leve, me mate. Mas deixe-a ir! – eu gritei por dentro para a Maddie, mas ela pareceu não se importar. Deixar a Viviane em paz era o único sentido que eu vi até agora. Andei pelo corredor enorme de minha ex casa com o homem alto me empurrado todo o caminho. Ele parou no último quarto do corredor, onde antes era o quarto do filho que teríamos. Meu coração sentiu uma pontada por saber que eu podia estar com a Maddie e tendo um filho vampiro hoje.
O homem acendeu as luzes e tudo tinha mudado. O quarto tinha uma cor neutra e duas cadeiras no meio da sala. Um pano cobria a janela do fundo e do lado esquerdo tinha correntes, que eu sabia para que elas serviriam. Ele me amarrou pelos braços e pelo tronco me deixando impossibilitado de erguer a coluna. Ele saiu e apagou a luz.

Após uma hora, ou duas, a porta se abriu. Alguém entrou e acendeu um abajur sobre a mesa entre as cadeiras. Os cabelos loiros brilhavam com a luz. Era a Maddie. Comecei com minha imploração interna e ela nem sequer se moveu. Até que a porta foi aberta novamente.
Eu a ouvi antes de vê-la. O som que me fazia feliz, agora, me fez agonia. O que ela estava fazendo caminhando até a Maddie? Queria ter forças para gritar para ela ir embora dali. O coração dela acelerou por algum motivo e o som ficou mais alto em minha mente.
- Não se preocupe. Seu amado está bem. O Thomas só não ficará mais com você. – Maddie disse. Como assim não? Eu a amava e nada poderia me manter longe dela. Se a Maddie não a machucasse eu ficaria com ela para sempre. – Thomas, querido, sabe que eu não machucaria ela. - Ela se levantou e caminhou até mim
Uma luz foi acesa e eu ergui a cabeça. Ela estava com os olhos fechados pela luz acesa rapidamente. Depois os abriu e olhou minhas correntes.
- Ela ama você. - Maddie disse, mas eu não tirei os olhos de minha Viviane.
Ela olhou nos meus olhos e eu não deixei o silêncio ficar na sua mente. Os olhos azuis que eu tanto precisei por uma semana agora sentiam pena de mim, e eu me senti tão mal por ela estar passando por isso. Tentei dar o meu melhor sorriso, mas ela apenas ficou ali olhando para meu rosto e as correntes.
- Você já me tem, deixe-a ir.
- Não quero ir para nenhum lugar sem você, Roberto. - Minha Viviane disse e a Maddie riu. Eu sabia o que ela estava pensando, era sobre o nome. Eu não podia me chamar Thomas em um país estrangeiro.
- Ela mesma não quer ir. - Maddie disse no meio dos risos.
- Não Viviane, vá. Você precisa ir! - Falei com a voz baixa, sabendo que ela não iria.
Ela andou até mim e levantei o rosto quando ela parou na minha frente. Ela olhou para as minhas correntes na coluna e depois para meus olhos. Eu me controlei para não deixar o silêncio nos ouvidos dela. Ela botou a mão no meu rosto e eu fechei meus olhos, descansando o rosto nas mãos dela. Ela encostou os lábios na minha testa e os pressionou. Ouvi o coração dela mais alto e soltei o ar fazendo as pontas do cabelo dela balançarem.
- Me desculpe. - Eu disse quando ouvi a Maddie indo em direção à ela. Era o máximo que eu podia fazer: me desculpar. Principalmente sabendo que ela estava naquela situação por minha causa.
- Não quero nada de dramatização aqui. - Maddie a levou para uma distância não muito grande de mim. - Você quer ou não saber o porquê de estar aqui?
O que? – Não! - Tentei gritar. Vi a Viviane assentindo com a cabeça.
- Muito bem. Quando o "Roberto" tinha 13 anos, ele foi abandonado pelos pais. Ele andou só por muito tempo pelas ruas de Oxnard. O Richard o achou, junto com a Sophia. Eles ficaram cuidando dele. Mas a Sophia e o Richard tinham um segredo, o mesmo do nosso. Eles eram vampiros. – Baixei a cabeça, sabendo que ela olharia para mim. Não queria saber qual seria sua reação – Quer parar de se distrair? – Maddie fez uma pausa pequena. – Vampiros. E não é mentira. Nós somos vampiros. Mas nós não nos alimentamos mais de humanos, às vezes. E nós vampiros quando se apaixonamos, não tem volta, e essa pessoa ama você para toda sua vida.
- Você sente isso por mim? - Ouvi a Viviane perguntar, mas não ergui a cabeça. Maddie limpou a garganta.
- Eu sinto isso pelo Roberto. Ele não sente isso por mim. - Ela explicou algo da mente dela. - São raras as pessoas que são imunes a isso. Ele apenas gostava de mim, como um humano gosta de outro. Mas daí, quando eu soube, não quis mais. E ele foi para o Brasil. E ele sente isso por você. E você irá amar ele mais do que qualquer outra pessoa.
- Mas ainda não entendo porque ele está amarrado e eu onde não conheço.
Claro que não entende. Ela tirou a parte da história que somos perigosos e podemos matar centenas de pessoas em questão de segundos. Tirou também da história que ela era a vampira mais poderosa, em termos de força. Eu não gostava de imaginar minha Viviane correndo riscos. Ouvi passos e o som do coração da Viviane veio aumentando, junto com o volume dos seus soluços. Ela encostou o rosto no meu e eu senti seu cheiro. Senti também uma lágrima descendo no seu rosto, encostei o meu nariz nela, tentando limpá-la. Afastei o rosto e ela trazia uma cara de dor e paz ao mesmo tempo. Queria saber se eu também estava assim. Tentei o meu melhor sorriso e vi suas sobrancelhas se enrugarem.
- Eu amo você. - Sussurrei no ouvido dela.
Esperava que ela respondesse, mas ela beijou meus lábios, dando a resposta que eu queria. Queria abraçá-la e nada mais. E a Maddie a tirou de mim. Viviane saiu arrastada do quarto sem tirar os olhos de mim.

A luz apagou-se, mas eu não mexi nem os olhos. Senti uma das minhas correntes do braço se soltar e a ouvi cair no chão. Seguida da outra mão e depois a da cintura.
- Hi, little brother. - Amanda me saudou no escuro. Ela pegou minha mão e me guiou no escuro para a porta do corredor. - Não sei como entrei, mas tive sorte. E com sorte sairemos daqui.
- Não vou a lugar nenhum sem a Viviane.
- Já imaginava. - Ela disse.
Ouvi passos apressados para o outro lado do corredor. E ouvi-a. Olhei para a Amanda e ela soube o que aquilo significava. Amanda correu pelo corredor e segui atrás dela. Amanda segurou a porta enquanto eu seguia o corredor. Dei a curva e a vi. Ela estava com os olhos fechados e uma foto nas mãos. Ouvi passos no corredor e a levei para dentro da porta do lado direito. Eu sabia o que era ali. Era a antiga biblioteca, ela levava aos dois andares de cima da casa. As prateleiras de livros eram do chão até o teto do andar seguinte e um sofá com várias almofadas no chão. A mesa de vidro no canto do sofá tinha o vidro quebrado. Desde a última vez que eu fui ali.
- Eu não posso explicar porque isso acontece comigo, Maddie.
- Você vai ter que explicar pro Richard sua volta para casa, Thomas. - Ela gritou e jogou o porta retrato em cima da mesa.

Fora nossa última conversa. Pude ver o porta retrato no chão, mas eu estava ocupado demais para ver isso. A segurei mais nos braços e subi as escadas, levando para o andar de cima. Abri a porta para o corredor e fui para o meu antigo quarto.
A soltei e depois botei as mãos nela, procurando abraçá-la. Ela começou a se debater e bater em mim.
- Está tudo bem. - Sussurrei e ela, não sei como, me achou para me abraçar.
A luz acendeu e eu a soltei. Vi a Amanda saltando da janela e depois vi o rosto de espanto da Viviane. Eu teria que tirá-la de lá agora.
- Se segure. - A botei no braço e ela botou o rosto no meu pescoço. Pulei os três andarem e ela tirou o rosto do meu pescoço, olhando para trás. O carro do Richard nos esperava pelo caminho que nos levaria para casa. Entrei com a Viviane no banco traseiro e ela relaxou os ombros quando sentada.
- Você está bem, querida? - Sophia perguntou para a Viviane ela assentiu com a cabeça.
- Onde está a Amanda? - Perguntei sabendo que ela já devia ter passado para cá.
- Já está vindo. - Richard me respondeu e eu olhei para o lado de fora do carro. A Amanda saltou da janela do terceiro andar e eu suspirei de alívio por saber que ela estava viva. Puxei a Viviane e nos afastei para a Amanda entrar sem dificuldades no carro para sairmos logo dali.
- Anda! - Amanda gritou voltando o olhar para a casa.
Vi várias pessoas, das quais não conhecia, saindo do quarto e da porta da frente. Viviane me abraçou e eu passei os braços por ela. Richard acelerou e eu beijei a testa da Viviane. Logo ela estaria longe dali, de mim e de todo o perigo. Durante o caminho a Amanda ficava olhando para a traseira do carro, mas ninguém nos seguia. A Sophia olhava para a Viviane nos meus braços.
Chegamos enfim em casa e eu ajudei Viviane a sair do carro, porque ela parecia imóvel demais para se mexer. A ajudei a subir a escadaria de pedra e a deixei na sala, onde a Amanda, tampava as janelas com as cortinas. Passei para a cozinha. Eu precisava me hidratar depois da correria de hoje, depois de tanto tempo de tranquilidade entre nós e os humanos, nós quase éramos humanos e nos acostumamos a não fazer coisas como correr ou atacar alguém. Enquanto eu bebia o terceiro ou quarto gole a Viviane entrou na cozinha. Eu joguei o copo na pia e fui em sua direção.
- O que era aquilo? - Ela perguntou.
- Agora não, querida. - Disse levando-a de volta para a sala.
Richard conversava com a Amanda sobre como fugirmos com ela, por ela estar ilegalmente no país. A levei para o andar de cima, onde poderíamos conversar sobre essa noite. E ela poderia dizer o que significava tudo que ela ouviu da Maddie hoje. Andamos em silêncio pelo corredor do andar de cima e eu abri a porta do meu quarto. Quando vi a Maddie sentada em minha poltrona. Passei para frente da Viviane e envolvi os braços pelos lados dela.
Maddie levantou o rosto ao pararmos e sorriu para nós.




Gente, a parte em itálico é um flashback ok? Só explicando. Porquê a Nicole não entendeu. Quem ainda não entrou, por favor: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?rl=cpn&cmm=85976513

3 comentários:

  1. asuhasuhaushausha
    "Só explicando. Porquê a Nicole não entendeu."
    Oi, eu não tinha entendido aquela parte! ;)

    oq a Maddie vai fazer? *medo*

    adóro tua história, FATO

    beijos ;*
    http://historiamaisqueavida.blogspot.com/

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  2. aaai Maddie vaca loira -.-* cara ela é doente ou o q ?
    OIEUOAIUEOIAWUEIOWUEOI
    oq a Maddie vai fazer? *medo*(+1

    beeijos e muito curiosa :*

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  3. Poxa ve se não demora a postar em!? To muito curiosa! *-*
    Beijooo

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