domingo, 22 de fevereiro de 2009

Capítulo Um - Estranho o Suficiente

Eu estava sentada em um dos banco do único shopping da minha cidade com duas amigas. Elas tagarelavam sobre algo irrelevante para mim. Por mais que eu fosse garota eu não me interessava o suficiente sobre essas coisas. Minhas amigas sempre estiveram do meu lado. Ana com seus cabelos loiros e cachiados como o de um anjo era mais corajosa que ninguém, se metia em todos os problemas e sempre saia deles; seus olhos cor de mel eram pequenos e sempre faziam com o que a pessoa se atordoasse com eles. Mariane tinha os cabelos castanhos e em um liso perfeito; seus olhos eram da cor do cabelo e ela sabia falar as coisas, agradar uma pessoa com apenas uma frase. Se elas participassem de um filme de ficção, com certeza, esses seriam os seus poderes.
Já eu não tinha muitas coisas. Não sabia falar algo que agrade alguém e não sabia deslumbrar alguém com os olhos. Em termos de dinheiro não dava para eu reclamar. Minha mãe dona de uma loja de roupas se dava muito bem e meu pai tinha um dos maiores hospitais da minha cidade pequena. Eu não era a pessoa mais comunicativa do mundo. Eu não gostava de falar com pessoas que eu acabei de conhecer, ou falar demais mesmo com alguém que eu já conheça. Minhas amigas sempre diziam:

- Viviane, você vai morrer solteira se for assim para sempre.
Não me incomodaria com isso. Em minha cidade pequena nunca ninguém agradou meu gosto. Nem eu parei para procurar algo, como as meninas de 17 anos fazem. Acho que minha mente pode aproveitar esse tempo para fazer algo mais construtivo.
- Vivi - Ana chamou.
- Oi - disse.
- O que você acha de irmos ao cinema? - Ela começou a tagarelar sobre filmes que estavam passando, atores, diretores.
- Parece legal - disse.
Compramos um ingresso e entramos para a sala onde tinha ainda pouca gente. Sentamos no canto de uma fila e elas começaram a falar, agora sobre meninos, alguns que estavam à duas filas da gente. Isso não era constragedor? Para mim era.
As luzes abaixaram até estarem apagadas. A tela do cinema ligou e começou a passar patrocinadores de filmes.
- Vou comprar alguma coisa para beber - disse me levantando.
Andei, quase me arrastando, até a lanchonete do cinema. Tinha uma variação de bombons no balcão de vidro e atrás tinha geladeiras de refrigerante. Ao lado uma máquina de fazer pipoca. O lugar estava vazio, a não ser por uma menina e um menino parados na frente do cartaz de algum filme. Fui até o balcão e comprei uma coca. Sentei em um dos bancos tentando me livrar de horas de um filme do qual não sei nem o nome. Eu teria que olhar o nome do filme na saída, para se as meninas perguntarem alguma coisa eu saber pelo menos o nome.
Olhei para o banco ao lado e vi o mesmo casal sentados no banco ao meu lado. O menino era lindo. Os cabelos eram pretos e para um lado. Ele se vestia bem, mas não demostrava gostar de pessoas do mesmo sexo. A calça jeans azul combinava com a blusa azul clara de botões. Ele estava olhando para o chão enquanto a menina falava alguma coisa sem parar, mas baixa o suficiente para eu não ouvir. A menina era igualmente linda. O cabelo preto ia até seu ombro. Ela vestia uma calça jeans apertada, realçando todas suas curvas. Vestia também uma blusa vermelha que parecia ser feita à mão de tão linda que era.
O menino levantou a cabeça e eu pude ver o seu rosto. Ele tinha um queixo firme e seus lábios formavam duas linhas de espessura perfeita. Seu nariz era reto e no lugar correto.
Ele com certeza teria a mulher que quisesse nas suas mãos. Ele passou a mão nos cabelos e virou-se para o lado onde eu estava.
Dois grandes olhos azuis me olhavam com curiosidade. O azul dos olhos dele era um doce azul que talvez fosse a mistura perfeita do céu com o mar. Eu não escutei mais nada no momento. Era como se todo o mundo estivesse acabado naquele exato momento. Minha vontade era de olhar para o resto da sala, mas eu não queria desviar dos olhos que me olhavam. Pisquei o olho duas vezes e na terceira deixei ele fechado por dois segundos.
Ouvi barulhos novamente. Olhei para aquele garoto novamente, mas ele estava encarado a moça linda que o acompanhava. Me levantei, trazendo a coca e voltei para a sala do cinema.
Sentei e o filme já tinha começado. Me sentei e fiquei em silêncio. Era de comédia, eu estava afim de tentar prestar atenção, mas os olhos daquele menino que eu nem sabia o nome estavam em minha cabeça. Meu ar acabou e eu puxei o ar com força.
- Você está bem? - Mariane me perguntou.
- Meu ar faltou. Acho que esse fechado não me ajuda à respirar. Espero vocês lá fora. - Me levantei e elas também.
- Vamos com você - Ana disse.
- Não precisa.
- Mas vamos.
Saímos do cinema pela entrada, onde tinha a lanchonete. Ninguém estava mais lá. Não achava que ele estaria mesmo. Tinha passado mais ou menos uma hora de filme depois que eu entrei, ele com certeza estava em algum filme agora, ou já tinha ido embora. Mas não cabia a mim tentar imaginar onde ele estava naquele momento. Eu não fazia aquilo, é insignificante demais. Ir atrás de algo que você não tem certeza é absolutamente ridículo.
Dei de cara com o motorista de minha casa, Carlos. Agradeci internamente, não queria ficar mais ali.
- Gente, eu já vou - disse.
- Mas, não - Ana disse.
- Carlos tá aqui. Eu não sei por quanto tempo. Melhor ir logo.
- Ok, então - Mariana disse.
- Tchau gente - disse.
- Amo você. - As duas disseram em um coral.
Dei um sorriso aberto praticamente dizendo que eu também as amava. Me declarar nunca foi meu forte. Sair dizendo eu te amo para todo mundo, mesmo que eu amasse, não era uma coisa muito útil da minha parte.
Passei com o Carlos por todo o shopping, pequeno, até a loja de minha mãe. Tinha duas mulheres olhando calças com uma das vendedoras, e outra vendedora estava no corredor do provador, talvez esperando alguém sair. Fui para o balcão onde estava a minha mãe, Marie, na frente de um computador.
Minha mãe era o simbolo da beleza para mim. Seu rosto tinha tudo no lugar certo. Seu nariz era pequeno mas cabia corretamente no seu rosto. Seus lábios pareciam feitos em um quadro de tinta à oleo.Seus cabelos castanhos escuros caiam em cachos pelo ombro e seus olhos estavam mais azuis olhando para a tela do computador. Ela levantou a vista e deu-me um sorriso mostrando todo os seus dentes perfeitos.
- Vai para casa querida? - Ela perguntou.
- Vou sim. Vim aqui avisar.
- Peça para seu irmão sair da frente do computador, por favor.
- Certo.
Fui andando sem pressa para a porta onde o Carlos estava em pé esperando. Passei a vista pela loja novamente e a vendedora que estava perto do corredor de provadores não estava mais só. Uma linda moça com uma blusa vermelha estava de costas para mim e conversando com ela. Era a mesma mulher do cinema. Ouvi a porta do outro provador abrir e abaixei a cabeça sabendo que aquele mesmo menino estaria saindo dali.
Não seria coicidência demais? Nos vermos novamente na loja de minha mãe? Passei pela porta de vidro e olhei pelo canto do olho para a direção de onde eles estavam. A de blusa vermelha estava ainda conversando com a vendedora. Mas o menino olhava para fora. Para mim? Não me atrevi subir o olhar e ver para onde ele estava olhando. Andei de cabeça baixa até sair da vista dele e depois levantei a cabeça. Andei mais dois metros e ouvi um a voz gritar por mim na direção da loja. Virei para lá e minha mãe estava acenando para mim. Ela vestia um vestido preto que mostrava todas suas curvas e um salto alto preto. Minha mãe não podia ser mais bonita do que aquilo. Notei olhares de homens para minha mãe, ficavam abobados. Eu ainda tinha esperança de quando crescer pegar pelo menos um quarto de sua beleza.
Me aproximei dela e ela tinha uma pilha da papel no braço esquerdo. Ela o empurrou para mim, e eu o peguei.
- Entregue à seu pai, por favor.
- Certo, mãe.
- Não esqueça de tirar seu irmão do computador.
Acenti e virei de costas para ela. Olhei novamente para a loja e o menino estava sentado em um dos bancos. Dessa vez eu olhei dentro dos olhos azuis dele. O silêncio invadiu o shopping, como se não tivesse ninguém ali. Ele deu um meio sorriso para mim e eu sai da vista dele. O barulho voltou e eu pisquei duas vezes tentando entender o que era aquilo. Porque não fazia sentido nenhum para mim. Era como se eu ficasse surda por um curto tempo. Aquilo era estranho o suficiente para botar minha curiosidade para fora.

Minha casa era a maior entre as outras casas grandes do meu condomínio. Eu não me socializava muito com os meus vizinhos por serem todos mais novos ou mais velho do que eu, eu não me sentia bem perto deles. Minha casa era a única branca entre as outras coloridas. A porta azul escura era um contraste entre as paredes brancas com as janelas com cortinas também brancas. Depois da porta azul estava a sala, com móveis modernos e bonitos, um sofá de couro branco e uma mesa de centro toda vidro. A escada era de uma madeira clara com os corrimãos brancos, a baixo da escada estava uma estátua de obra de arte. Passei pela sala de jantar com uma mesa de vidro redonda e fui para a cozinha.
Minha cozinha era de dar inveja à todas as mulheres da idade de minha mãe. As bancadas eram brancas como o resto de minha casa e tinha muitos aparelhos modernos nela toda. A geladeira era as típicas americanas, com duas portas. A abri e peguei um pote de sorvete pequeno que estava no congelador. Abri a primeira gaveta da bancada e peguei uma colher.
Na frente da cozinha tinha o escritório do meu pai. Era o único lugar da casa que tinha móveis rustícos. Era toda com madeira escura. Uma mesa grande de madeira estava no meio da sala. Atrás tinha a janela de vidro que dava para o quintal. Duas estantes de livros estavam dos dois lados das janelas e o móvel abaixo da janela estava cheio de papeis.
Meu pai, Emanuel, era lindo. O cabelo preto dele combinava com sua pele branca, assim como eu. Seus olhos eram azuis iguais ao da minha mãe e ao meu, e obviamente, igual ao do meu irmão. Ele era alto e musculoso na precisão dele. Ele tinha um sorriso que tirava o fôlego de qualquer mulher que estava por perto. Ele e minha mãe ficaram junto talvez por suas belezas serem exageradas.
Eu talvez tenha pegado as coisas ruins da minha família, além meu cabelo ser lindo e eu ter um par de olhos de cor maginifica. Nada se encaixava no meu rosto. Meu corpo ainda não era de todo bonito, mas eu ainda tinha esperança de ficar.
Já meu irmão ficou com tudo de bom da família. Os olhos azuis como todo mundo mas os cabelos da cor do de minha mãe. Seu rosto era lindo e eu estou esperando muitas mulheres na minha casa daqui a mais ou menos dois anos. Ele ainda mantém escondido por ter só 14 anos.
Dei um beijo na testa de meu pai e entreguei os papeis para ele.
- Obrigada querida - ele disse.
Apenas sorri e subi para o quarto do Bruno. Ouvi a música saindo do quarto assim que entrei no corredor do andar de cima. O quarto dele era depois do meu e antes do dos meus pais. Bati na porta e a abri. Ele estava na frente do computador, como sempre. Ele virou-se para mim e sorriu, talvez sabendo que eu vinha dar o recado da minha mãe.
- Mamãe disse para você sair daí - disse.
- Sabia. - Ele disse revirando os olhos.
- É bom sair.
Eu passei pro corredor e fechei a porta. Andei o corredor de volta para o meu quarto. O meu quarto obedecia o branco da casa. O guarda-roupa era embutido e as portas eram brancas. Minha cama, em baixo da janela, sempre era forrada por um pano branco. No chão tinha um tapete branco em frente a televisão e a estante de livros, filmes e cds. Do lado da cama tinha minha escrivaninha com livros e meu computador. Tirei minha sandália e a joguei na gaveta de sapatos do meu guarda-roupa. Peguei uma roupa da gaveta e a levei pro banheiro para me trocar.
Meu banheiro tinha azuleijos cinzas-claro. A pia era coberta de produtos que minha mãe ensistia em eu usar. Na parede tinha a banheira, que eu só usava quando queria tirar o
estresse dos estudos, conjunta com um chuveiro. Tirei minha roupa e vesti um vestido folgado para deitar-me e ler um livro até ficar tarde demais para eu ficar acordada.

5 comentários:

  1. Que lindo! parece que será um lindo romance... ou estou enganada?!
    Você escreve muito bem, descreve os cenarios magnificamente bem, parabéns! ^.^
    espero que nao se emporte se eu acompanhar essa história que parece ser um lindo romance! ^.^
    beijos!

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  2. Não me importo mesmo. Eu não estou sabendo como divulgar, mas acho que você achou ele. Obrigada pelos elogios. Beijo

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  3. Gostei da sua descrição dos cenarios e das pessoas! Parabens!

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  4. NuuSs tah muito baum
    vc escreve muito bem
    discriçoes perfeitas
    prometeo que voi ler o maximo que eu poder desssa história
    BjS :*

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  5. Priscila Nunes, adorei este primeiro capítulo. E a característica da cor que vive com a personagem é bem legal.

    Se eu não me engane você é fã de Crepúsculo, não é? Se não lembra muito a forma de escrever de Stephenie Meyer.

    Beijos e sucesso

    ps: Quero a continuação do seu livro!

    PARABÉNS PELA OUSADIA!!!

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