segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Capítulo Dois - Olhos doces

Eu iria ter que suportar minha, digamos, irmã o dia todo? Ela me carregou faz uma hora para acompanhar ela no shopping. Eu não gostava de ficar no meio dos humanos. Eles nos achavam lindos e não sabiam o quanto nós éramos perigosos.
Minha irmã entrou no cinema, mas nós não tinhamos comprado ingresso. Ela parou na frente de um cartaz de filme, do qual eu não olhava. Olhei para a parede e tentei ver as falhas das tintas, mas aquilo não seguraria minha ansia de ir embora dali.
Amanda atrapalhou meus pensamentos com uma risada dela. Virei-me para ela com uma sombrancelha erguida perguntando sobre aquilo. Ela apenas sorriu e balançou a cabeça. Prendi os olhos nos dela e eu sabia, tanto quanto ela, o que aquilo significava. Ela ficaria surda, só existiria o som que eu quisesse.
- Não faça isso - ela pediu fechando os olhos.
Tirei os olhos dela e virei-me novamente para a parede enquanto ela via o mesmo cartaz de filme. Ela me puxou para perto dela e botou a boca perto do meu ovido.
- Tá na hora, Rob. - Ela sussurou.
- Do que, Amanda? - perguntei. - Não quero es...
Um som invadio o lugar onde eu estava. Meu coração podia bater? Naquele momento eu quase senti que eu podia bater.
Era o som do coração pulsando para mim. Nós, vampiros, sabíamos o que isso significava. Amor. Sem mais saídas. Apenas o amor mais puro. Era uma humana, uma humana fraca sem poderes contra mim. Uma garota a qual eu iria amar assim que botasse os olhos nela, e eu sabia disso.
Começei a virar para ela, mas a Amanda botou a palma da mão na minha e deixou eu ler seus pensamentos. Esse era o meio de comunicação silencioso entre os vampiros, apenas um toque. Ela pensou em eu vendo aquela garota. Ela poderia ser mais linda?
Seus olhos azuis eram mais claros que o meu, claro. Seus cabelos caiam em cachos pretos nas pontas. E seu sorriso era relusente, o qual eu iria me deslumbrar. Seu corpo era lindo, usava um
vestido preto colado em seu corpo que via todas as suas curvas bem definidas, e eu o desejaria como nunca desejei nenhuma mulher.
Tirei a mão de Amanda das minhas e virei-me para onde aquele coração pulsava cantando para mim. Ela estava sentada em uma mesa sozinha, ela encarava a sua lata de refrigerante. Me sentei na mesa ao lado da dela, de costas para ela ainda. Amanda sussurava coisas de seus sonhos, mas eu não parei para ovir, ela sorriu para o nada e eu olhei para trás.
Ela absorveu meus olhos, como se fosse tudo naquela sala. Eu sabia que ela estaria surda nesse momento. Mas ela não fez nada, apenas ficou olhando meus olhos, e eu olhando os dela. O barulho que cantava para mim apareceu novamente. Eu não podia fazer nada aquela garota. Ela deu duas piscadas rápidas e na terceira fechous os olhos. O som voltara para ela naquele instante. Eu olhei novamente para a Amanda que estava imóvel sentada ao meu lado.
Ouvi a cadeira dela se mexer e ouvi os passos dela de volta para a sala de cinema dela. Amanda sorriu para mim como se tivesse satisfeita de apresentar a mulher que eu amaria para o resto da vida. Talvez fosse um favor, mas eu não me sentia assim. Se eu a machucasse? Eu nunca me perdoaria.
Mesmo não sabendo de nada sobre ela. Se quer seu nome. Eu tinha uma adoração por ela, que não dava para simplesmente sumir. Eu guardaria a imagem dos sonhos da Amanda e dos olhos daquela garota linda para sempre.
Talvez eu deixasse ela viver sem mim, deixar ela livre de qualquer perigo. Mas eu suportaria a dor de ver ela sem mim? Meus olhos feixaram e a Amanda passou a mão sobre as minhas costas como se me segurasse.
Ela me guiou para fora do cinema e nós paramos em um dos bancos do shopping pequeno de Juazeiro do Norte. Sentei e botei o rosto nas minhas mãos.
- Desculpe por isso, Rob. Não sabia que lhe faria tão mal. - Amanda disse em um tom que alcamaria todos.
- Não. Não tem o que se desculpar.
- Só queria que você a conhecesse.
- Entendo. E agradeço. Mas eu não sei o que fazer quanto à isso.
- Você fará a escola certa, Rob - Ela pronunciou meu nome com sutaque inglês dela.
Ela se levantou e entrou em uma loja que estava na frente do nosso banco. Marie's Story. Alguém daqui sabia traduzir isso? Uma cidade de interior, que eu usei para me abrigar, não vi muitas pessoas que soubessem mais do que o português aqui. A acompanhei e ela estava falando elegantemente com uma moça de cabelos loiros. Amanda sorriu para mim e a moça olhou em minha direção. Evitei olhar nos olhos dela mas vi seu rosto com um pouco de adimiração. Era isso que eu causava em humanos, adimiração. Mas eu não precisava de nada disso.
Depois de minutos longos com Amanda provando roupas e mais roupas ela jogou uma blusa preta de botão para eu provar. Entrei no provador e começei a trocar a roupa.
Ouvi um barulho conhecido para mim, agora. O som do coração dela cantando para mim. Tirei a blusa preta em quentão de segundos estava vestida em outra. Abri a porta da cabine e a Amanda estava conversando com a mesma moça. Mas eu a vi passando de cabeça baixa pela loja. Ela passou pela vitrine de cabeça baixa ainda, mas ela olhou por baixo para onde eu estava.
Ela teria me notado então? O que eu faria agora? Eu não podia mais ovi-lá, mas ela estava a poucos metros de mim. Uma mulher linda com um vestido preto passou pela loja, suas feições me lembravam o rosto daquela garota. Os olhos dela tinham o mesmo tom de azul da garota, mas o cabelo era um castanho escuro e não preto. Ela parou de pé na porta da loja.
- Viviane! - Ela gritou.
De repente eu a vi passar pela vitrine olhando ainda para a mulher. Ela parou em pé na frente da mãe que entregou alguns papeis para ela. Notei agora o que a garota vestia. Uma calça jeans azul clara com uma blusa branca de manga. Eu sentei em um dos bancos em frente ao provador. Ela virou para a loja e eu a olhei nos olhos. Deve ter ficado um silêncio incomum novamente nos ovidos dela. Ela não piscou, apenas ficou olhando para meus olhos, com aqueles olhos doces e de um azul lindo. Eu dei um meio sorriso e ela saiu de minha vista.
- Vai levar a blusa? - A moça loira me perguntou olhando para a blusa preta que estava abaixo dos meus braços. Ela segurava uma pilha de roupas de diferentes cores.
- Sim - disse.
Entreguei a blusa e ela levou em direção ao balcão onde estava a mulher linda que falou com a Viviane, junto estava a Amanda com o cartão de crédito nas mãos. Me juntei à ela e a mulher deu a conta para Alice. Fiquei olhando para os óculos de sol que estavam em cima do balcão para distanciar os olhos daquela mulher.
Amanda pegou as muitas sacolas e entregou-me algumas para levar.
- Porque você compra tantas roupas? - perguntei.
- Preciso delas.
Andamos até o estacionamento e entramos no carro preto do Richard, seu nome brasileiro era Ricardo para não haver curiosidade sobre nossas origens. Richard era como nosso pai, ele cuidou de nós desde que acordamos para essa nova vida.
A vi entrando em um carro branco acompanhada de um homem que não parecia ser sua família. A segui, sem querer parecer muito para a Amanda. Era o caminho de nossa casa até ela entrar em um condomínio grande e nós precisavamos ir direto. Parei o carro ao lado do condomínio.
- Pode dirigir? Vou ficar por aqui. Chego em instantes - eu disse.
Amanda fechou os olhos e eu sabia que ela estava vendo para onde eu estava indo. Ela deu um sorriso ainda de olhos fechados e virou-se para mim. Olhei nos olhos dela e ela os fechou rápido.
- Claro. Mas você tem que aprender a controlar esse seu poder.
Fechei a porta do carro.
- Droga de poder desnecessário - murmurei.
Entrei entre umas árvores ao lado do condomínio e eu sabia que ali ninguém me veria por já estar escuro. O carro branco tinha estacionado na frente de uma casa branca. Corri para as árvores ao lado da casa branca e fiquei no escuro de uma árvore na frente da casa branca. Ela saiu do carro e meus ovidos encheram com aquele som. Ela andou pela pacarela de pedra em caminho a porta azul de sua casa. Ela a abriu e eu não a ouvi mais.
Aquela garota na porta azul era sedutoramente a garota mais linda que já vi. A que iria fazer parte dos meus sonhos e talvez do meu futuro imortal.

2 comentários:

  1. Nossa incrivel! É mais do que um simples romance... tem ficção... Vampiros... amei, nossa tá d+! amei mesmo.
    ^^

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