terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Capítulo Três - Foto

Eu estava em uma casa, com um corredor de paredes de madeira. Ele era longo e eu fui em frente sem saber para onde exatamente eu estava indo. O corredor deu um curva sutil e eu só notei quando olhei para trás. Era o fim do corredor escuro apenas com luzes amarelas clareando o lugar. Tinha uma mesa alta com pés finos e uma gaveta com um puxador de ferro. Em cima dela não tinha nada além de poera. Abri a gaveta e tinha um papel. Tirei ele e virei a frente para mim. Era uma foto. Sacudi a foto tirando a poeira e virei de novo.Na foto tinha quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, e era preto e branco.
O primeiro homem estava vestido formalmete, com paletó e gravata. Ele tinha traços bonitos, e seu corpo tinha a postura de um soldado. Não dava pra saber a cor de seus olhos, mas dava para notar que era claro. E seu cabelo era escuro, mas não preto, era mais claro que isso. Ele passava um dos braços na cintura da primeira mulher.
Ela era elegante e vestia um vestido talvez beje, ou rosa claro. Ela mostrava todos os dentes em um sorriso e seus olhos estavam com rugas nos lados do sorriso. Seu vestido era longo e parecia ter pedras em detalhes, mas muito pequenas. Os olhos dela tinha uma cor mais escura, mas eram gentis. O cabelo dela estava preso à uma faixa da cor do vestido, puxando seu cabelo para o alto, mas deixando o solto. Era um penteado elegante que dava para sair para um casamento com ele. Ela tinha a mão no ombro de uma garota.
Era a garota do cinema de ontem. Ela estava sentada com as duas mãos no joelho. Ela dava um meio sorriso bonito e seus olhos mostravam ser claros. O vestido dela ia nos joelhos mas era elegante tanto quanto o da mulher atrás dela. Tinha uma cor mais escura, mas não chegava a ser preto. Seu cabelo estava em um liso bonito e estava na altura da cintura, não até o ombro como ontem.
Na cadeira ao lado dela estava o garoto dos olhos azuis. Mas seus olhos, que foi a primeira coisa que eu olhei, tinha um tom escuro. Ele estava com o queixo rígido e vestido formalmente como o homem atrás. O cabelo dele não estava mais para um lado e sim para trás como se estivessem em 1930. As mãos dele estavam sobe a cadeira e mostrava a sua camisa branca por dentro do paletó. Voltei para os olhos dele e não pareciam ser a mesma pessoa. Podia ser irmão gêmeo. Os olhos dele eram pretos comparando ao paletó. Mas ele continuava sendo lindo. Virei as costas da foto tentando ver o nome dele.
Tinha uma coisa escrita em uma letra linda nas costas da foto: "Setembro de 1926."
Deixei a foto cair entre minha mão e fez mais barulho do que deveria. Ouvi vozes vindo do começo do corredor e virei-me para trás.
Vi sombras entre as luzes amareladas. Eram dois homens e uma mulher. Eles vinham agora mais rápidos. Dei um passo para trás, impenssado. Uma porta saiu dentro da parede com uma luz forte que fez eu proteger os olhos.
- Saia dai, Viviane. - A voz masculina pareceu ter saído do quarto com a luz.
Olhei para frente e eles estavam na curva já. Dei um passo e entrei no quarto. Tudo ficou branco.
Acordei e dei um pulo me sentando na minha cama. Era bom não estar mais em um corredor com três pessoas que eu não sabia quem eram.
"Setembro de 1926". Isso era impossível. Se fosse verdade era para ele ter mais de 90 anos, e não um jovem com olhos perfeitos. Sacudi a cabeça tentando tirar aquelas imagens de minha cabeça e fui para o banho.
Desci as escadas me arrastando depois de me vestir com a roupa mais confortável do meu guarda-roupa. Era domingo, e estávamos nas férias. Nada mais tediante. Encontrei minha mãe na cozinha fazendo um suco para ela.
- Bom dia Vivi. - Ela disse quase cantarolando.
- Bom dia mãe. - Eu disse abrindo a geladeira.
Tirei um iogurte e a jarra de suco de maracujá e sentei na mesa.
- Me dá uma colher, por favor?
Ela me entregou e sentou na minha frente.
- Pode ir ficar na loja hoje à tarde? É que eu preciso resolver umas coisas no telefone. - Ela disse.
- Não acredito - murmurei. - Vou sim.
- Obrigada, querida.
O dia passou, lentamente, mas passou. Tomei meu banho sem muita pressa para ir na loja, passar o resto da tarde. Vesti-me com um vestido amarelo e coloquei uma faixa na cabeça. Peguei minha bolsa marrom e joguei o meu mp5 dentro. A tarde iria ficar mais entediante sem ele comigo. Desci e minha mãe estava esperando por mim no carro.
A viagem não era tão longa quanto eu queria. Ela me deixou na porta mais perto da sua loja e eu desci do carro.
- Te devo uma, querida. - Ela disse.
Acenei dando tchau e entrei no shopping. Domingo era um dia para descansar, mas o povo de minha cidade usava o domingo para ir ao shopping. O shopping estava quase lotado, mas ele era pequeno demais para saber o que era lotado ali dentro. Atravessei o shopping sem olhar para os outros rostos que estavam me cercando. Entrei na loja e estavam duas vendedoras mostrando roupas a uma turma de cinco mulheres. A outra vendedora me aguardava no balcão.
- Daqui a poco fica cheio. Ainda bem que a sua mão lhe mandou. - A vendedora loira, Juliana, disse.
- Certo.
Me sentei no balcão e fiquei observando revistas de moda que estavam no balcão. Chegou mais duas mulheres e a Juliana se ocupou com elas.
Trabalhar no balcão não era cansativo. Eu ficava ali sentada somando as contas e entregando as notas fiscais.
Ainda não tinha botando o mp5 e ouvi a Juliana conversando com a vendedora ruiva de corpo perfeito, Maria.
- Você viu aquele menino que eu atendi ontem à noite? - Juliana perguntou a ruiva.
- Vi de longe. Mas deu para perceber que era muito bonito.
- Ele aperenta ser mais novo que eu. Mas os olhos dele são tão lindos, apesar de eu não ter olhando nos olhos.
- Ele deve ter 17 anos - a ruiva disse.
- Qual menino não gosta de uma mulher mais velha? - A loira disse rindo.
Eles estariam falando sobre o garoto de olhos azuis? Lembrei que quem tinha atendido eles foi a Juliana mesmo.
Uma voz masculina, mas bonita, saiu do meio da loja.
- Vim trocar uma camisa - ele disse.
- Trocas é no balcão. - A vendedora de cabelos castanhos disse.
Virei para a loja e ele estava ali. Ele vestia uma calça jeans azul clara com uma camiseta vermelha. O cabelo dele estava para o lado igual à ontem. Ele olhava para o chão enquanto caminha em direção ao balcão.
- Meu Deus. Não acredito. É ele. Olha. - A loira disse em um tom de excitação.
Ele parou na minha frente e botou uma sacola em cima do balcão. Ele ergueu a cabeça com um sorriso, mostrando os dentes. Tive que morder o lábio inferior para não deixar minha boca abrir. Engoli em seco e dei um meio sorriso.
- Comprou quando? - Perguntei quase sem voz.
- Ontem. - Ele disse em um tom de voz sexy e confortável.
Ele olhou nos meus olhos. Os olhos dele estavam no mesmo tom de azul inacreditável de ontem. Mas o som não sumiu, como eu previa. Pisquei os olhos duas vezes e baixei a cabeça para a sacola em cima do balcão.
- Vai trocar por outra peça? - Perguntei.
- Queria. Mas ainda tenho que escolher.
- Certo. - Alguém, que não seria eu, teria que atender ele. - Vou chamar uma...
Juliana parou do meu lado limpando a garganta, interrompendo a minha frase. Olhei para ela e ela sorria de orelha à orelha. O cabelo loiro dela estava presto em um rabo de cavalo bem feito. E seu sorriso era radiante, talvez de animação. Ela não tirou os olhos do garoto. Olhei para ela e para ele e segurei um sorriso.
- Ela irá lhe atender no que precisar. - Eu disse.
- Obrigado. - Ele disse sem o tom sexy mais.
Olhei para ele enquanto ele dirigia para a arara de blusas masculinas. Ele era incrivelmente lindo e todas as garotas de minha faixa etária na loja estavam olhando para ele. Baixei a cabeça de volta para a revista e passei as páginas. Eu às vezes olhava por baixo ele. Ele não aparentava olhar para mim. Nem para a Juliana com a calça jeans apertada.
Juliana caminhou junto com ele para o balcão segurando uma blusa azul, o tom quase igual o da blusa dele. Juliana saiu sorrindo para ele depois de deixar a blusa no balcão. Ele mostrou seus dentes em seu sorriso de tirar o fôlego.
Olhei nos olhos dele e o silêncio invadio o lugar. Minha reação não foi a de sempre, piscar e desviar o olhar. Eu sorri mostrando meus dentes mas ele não sorriu de volta e o barulho voltou.
- É você que faz isso? - Perguntei.
- Fazer o que? - Ele perguntou rindo sem humor.
- Nada. Deixa pra lá.
Baixei a cabeça e olhei para a blusa. Sorri da idiotice que acabei de fazer. Mas era sempre que eu olhava nos olhos dele ficava um silêncio absoluto em meus ovidos.
- Me desculpe. Devo ter sido grosso. - Ele disse em seu tom sexy de volta.
- Não. É só uma idiotice da minha cabeça.
- Eu sou o Roberto. - Ele esticou a mão para mim e eu a apertei. Sua pele era macia como mostrava ser.
- Viviane.
Eu não me atrevi olhar mais nos olhos dele. Mexi na blusa. Era uma camisa de botões com o tom de azul dos olhos dele. A blusa era mais cara que a que ele devolveu.
- Essa é mais cara.
Ele tirou o cartão de crédito do bolso e me entregou. Era no nome de Ricardo Miller Green.
- Seu pai? - Perguntei.
- É sim.
- O nome de vocês. Vocês são daqui?
- Não. Somos da Califórnia.
- Ah.
Devolvi o cartão dele e me abaixei para pegar uma sacola. Levantei a cabeça e ele estava esticado para frente. Sorri e fastei o rosto. Ele deu uma gargalhada rouca e suave ao mesmo tempo.
- Desculpe. - Ele disse. Entreguei a sacola. - Obrigado.
Acenti com um meio sorriso e ele deu-me as costas. Ele andou elegantemente de costas para mim. Meu coração apertou por ele estar indo embora, mas eu não podia fazer nada. Sentei-me de novo na cadeira e o resto da tarde passou devagar.
Estava anoitecendo já e minha mãe chegou na loja. Me levantei e ela sentou no meu lugar.
- Seu pai vem já lhe buscar.
- Vou comer alguma coisa - eu disse.
Peguei minha bolsa e fui para a praça de alimentação. Pedi um milkshake e fui andando até a loja de sanduiches. Me sentei em uma mesa de duas cadeira no canto esquerdo da lanchonete enquanto meu pedido não chegava. Fiquei lendo o cardápio, por mania.
- Posso sentar? - Uma voz masculina me perguntou.
Ergui a cabeça e ele estava sorrindo com a mesma roupa de mais cedo. Olhei nos olhos dele e o silêncio invadio a minha cabeça, mas por apenas alguns segundos e depois o barulho voltou.

2 comentários:

  1. que lindo!
    to doida pra ler a continuação, ta muito linda a história! posta o mais rapido possível por favor... estou enlouquecendo aki de ansiedade... rsrsrs
    bjos...
    ^.^

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  2. uau nossa tah muito baum msm
    tem alguma coisa nele que me fascina não bem o que klkkkkkkk

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