domingo, 1 de março de 2009

Capítulo Sete - "Miss you"

Levantei sem a menor vontade de levantar. Tomei um banho e vesti-me com um short e uma blusa azul clara. Abri a porta do corredor e o meu celular tocou sobre o livro na minha cabeceira onde eu tinha o colado ontem. Eu parei escutando o toque de meu celular. Dei meia volta com um pulo e peguei o celular. Marcava um número, sem nome. Abri o celular.
- Alô? - Disse quase sem voz.
- Oi. Viviane? - Uma voz masculina disse.
- É. Quem fala?
- Roberto. - Meu coração podia pular mais do que isso? - Não sabia se devia te ligar e...
- Devia sim. - O interrompi. Ouvi a risada doce e rouca dele e sorri mesmo sem ele ver.
- Então. Você vai fazer alguma coisa hoje?
- Hoje? Não tenho nada planejado. Porque?
- Eu também não tenho nada. Você aceitaria ir para algum lugar comigo?
- Qual lugar? Eu tenho que dizer pra onde vou para meus pais.
- Claro. Ainda não sei. Cinema? - Cinema foi o lugar que nos vimos pela primeira vez. Parecia perfeito.
- Claro. Que horas? - Perguntei.
- Três? Me dá seu endereço para eu lhe pegar.
- Eu acho melhor a gente se encontrar lá. Tem algum problema?
- Não, nenhum. Encontro você na frente do cinema às três então.
- Certo. Tchau.
- Tchau, Viviane. - Ele disse e desligou.
Fechei meu celular e sentei na cama sem acreditar no que eu acabara de fazer. Eu tinha 17 anos mas nunca tive um encontro, ou nunca namorei. Olhei o relógio do celular e marcava uma e vinte e sete.
Andei pelo corredor até o quarto de minha mãe. Ela estava sentada na frente de sua penteadeira com um espelho redondo enorme. Na cama grande de casal tinha meu pai todo esparramado e a cortina estava aberta apenas para a penteadeira. A porta do closet enorme de minha mãe estava aberto e com muitos sapatos no tapete.
Virei para minha mãe que botava um batom meio vermelho nos lábios bem desenhados. Ela vestia uma saia cintura alta marrom e uma blusa beje de pano fino por baixo da saia. Ela estava calçnado uma sandália preta alta e uma bolsa da mesma cor do sapato estava ao lado da cadeira onde ela estava sentada.
- Mãe? Eu vou pro cinema três horas.
- Ótimo. Tem dinheiro? - Ela perguntou.
- Acho que tenho.
- Pegue mais. - Ela pegou a bolsa no chão e abriu sua carteira marrom e me entregou o dinheiro.
- Pode pedir para o Carlos vir aqui antes de três?
- Aham. Vá comer alguma coisa.
Dei as costas e desci para a cozinha. Minha cozinha estava cheirando a lasanha, Julia, nossa cozinheira, estava limpando os pratos e meu irmão estava sentado em uma das cadeira do balcão. Sentei na frente de um prato vazio.
- Pode colocar o meu Julia, por favor? - Disse.
- Claro. - Ela disse em um tom amigável.
Julia era pequena e gordinha, mas seus olhos castanhos eram lindos e seu sorriso também. Ela trabalhava na minha casa desde que meu irmão nasceu. Ela pegou meu prato e voltou ao fogão.
- Oi. - Disse para o Bruno.
- Oi. - Ele disse com a boca cheia de comida. Fiz uma careta e ri depois.
- Você tá grande para ser tão nojento. Não acha?
- Não ligo. - Ele disse ainda com comida na boca.
A Julia botou meu prato de lasanha na minha frente e eu agradeci. Comi o meu prato enquanto o Bruno repetia. Olhei para o relógio da cozinha e marcava duas e cinco. Apressei para comer o resto da minha comida.
Meu pai apareceu na cozinha junto com a minha mãe. Meu pai estava vestindo um terno cinza com uma gravata verde escura. Minha mãe deu um beijo na cabeça do meu irmão e depois na minha. Meu pai que pegava alguma comida na geladeira ganhou um beijo de minha mãe de surpresa.
- Até mais tarde. - Minha mãe disse saindo da cozinha.
Meu pai se sentou no outro banco do balcão e comeu um pudim com bastante calda por cima. Ele e o Bruno começaram a conversar sobre carros e eu me desliguei da conversa.
O meu suposto encontro estava chegando mais perto. Me levantei do banco e deixei o prato na pia. Peguei um copo e bebi um refrigerante que tinha na porta da geladeira. Botei o copo junto com o prato na pia.
- Pai, eu vou pro cinema. Até mais tarde. - Dei um beijo nele e ele em mim.
- Se divirta querida. - Ele disse e eu sorri.
- Tchau, Vivi. - Bruno disse.
- Tchau. - Passei a mão pelo cabelo dele enquanto eu saia.
Eu e meu irmão não éramos como os irmão adolecentes deviam ser. Nós não brigávamos. Na verdade, mal nos falávamos. Mas eu o amava, e eu sabia que ele me amava. O tinha o respeito um pelo outro que não deixava a gente brigar.
Subi as escadas e fui para o meu banheiro. Escovei meus dentes sem pressa e fui para o meu guarda-roupa. O que deveria vestir quando sai para o cinema com um homem mais velho que você?
Peguei uma calça jeans clara e botei sobre a cama. Uma blusa preta apertada e joguei sobre a cama também. Me vesti com as duas mas a blusa parecia muito vulgar. Abri uma das gavetas e achei uma blusa branca de uma alça só e folgada. Coloquei sobre a blusa preta e ficou melhor. Peguei minha chinela baixa preta e me calcei. Voltei para o banheiro e abri a gaveta do balcão do banheiro onde tinha meus acessórios. Peguei um brinco pequeno pratiado e duas pulseiras prateadas.
Voltei para o quarto e peguei uma bolsa pequena preta de ombro minha. Joguei o dinheiro e o celular dentro. Para encher peguei um brilho e um lápis de olho e botei dentro também. Olhei o relógio e era duas e cinquenta. Desci as escadas e não ouvi mais barulho de dentro da cozinha. Fui para o lado de fora da casa e o Carlos estava ao lado do carro prateado.
- Pro shopping Carlos, por favor. - Dei um sorriso e ele retribuiu.
Entrei no carro e ele também. Ele andou com cuidado, mas não lentamente.
Ele parou na porta perto do cinema e eu sai do carro. Era segunda e tinha pouca gente no shopping. A praça de alimentação estava mais cheia, e o cinema tinha pouca gente na frente. Passei para dentro do restaurante do cinema para encontrar com ele e saber qual filme iríamos assistir.
Tinha poucas pessoas ali mas eu o vi sentado em uma cadeira. Ele vestia uma calça jeans preta e a blusa azul que comprou na loja de minha mãe. Andei até lá.
- Oi, Roberto. - Disse.
Ele levantou a cabeça e sorriu. Ele se levantou e eu tive que erguer meu pescoço para ver o rosto dele. Os olhos dele estavam como sempre, nunca como na foto do sonho. O silêncio nunca mais aconteceu e eu estava me acostumando com isso.
- Oi, Viviane. Você escolhe o filme? - Ele perguntou. Mordi o lábio.
- Não assisti nenhum que está passando. Você escolhe então.
- Veremos o que tem a guerra. - Ele sorriu e levantou as sombrancelhas demostrando excitação pelo filme.
- Por mim está ótimo.
Fomos para o caixa comprar. Ele pagou o meu. Odeio cavalheiros demais, mas era um tipo de encontro. E ele fez o que achava correto. Não briguei por isso.
- Obrigada.
Comprei um refrigerante e ele não comprou nada. Fomos para a sala do cinema e estava quase vazia. Tinha um casal na terceira fila e um grupo de amigos no meio da sala. Duas meninas do outro lado da sala enquanto não começava o filme. Ele indicou a primeira fila com a mão e eu passei na frente dele. Sentei-me no meio da fila para ver a tela de uma maneira boa.
Ele sentou-se do meu lado e eu sorri.
- Você tem irmãos? - Perguntei.
- Uma irmã. - A garota do cinema naquele dia, talvez. Ela era igualmente bonita como ele. Não me espantaria serem irmãos. - E você?
- Um irmão. Mais novo que eu.
- Me desculpe perguntar. - Ele fechou os olhos enquanto falava. - Mas você tem namorado? - Eu soltei uma gargalhada baixa.
- Não. - Revirei os olhos ainda sorrindo. - E você?
- Não. - Ele abriu os olhos encontrando os meus.
- Porque você não quiz que eu fosse lhe pegar?
- Não é isso. É que eu não gosto de explicar as coisas aos meus pais. Só evitei.
- Eles achariam ruim? - Ele fraziu a testa.
- Na verdade minha mãe ia achar o contrário.
- Como assim? - Ele se inclinou para o meu lado ficando mais perto de mim.
O cheiro dele invadio de novo o lugar onde eu estava me tirando toda a concentração.
- Eu tenho 17 anos e... eu nunca namorei ninguém. E sair com um menino iria transformar isso em muitas perguntas.
- E você responderia o que?
Sorri e passei a mão no cabelo baixando a cabeça. O que eu iria responder? Não tinha a menor idéia.
- Desculpe.
- Não. É que eu não saberia o que responder.
- Se ela perguntasse se eu sou bonito o que você responderia? - Ele disse brincando.
- Que você é lindo. - Disse. Ele sorriu.
- Se ela perguntasse se você gosta de ficar comigo. O que você responderia? - Ele sussurrou com a boca perto da minha orelha.
As palavras soltavam um sopro que me fez tremer as pernas. Virei o rosto para ele e nossos lábios ficaram à menos de um palmo de distância. Ele sorriu e fastou de mim. Agradeci por ele ter fastado. Virei o rosto para a tela quando as luzes começaram a baixar.
O filme tinha tanto sangue que quase me fez vomitar. O casal não assistiu um segundo do filme. Era mais fácil irem para um quarto. As duas amigas não calaram a boca um segundo e o grupo de meninos soltavam esclamações como "Foi na cabeça!" sempre que jorrava sangue na tela.
Olhei pelo canto do olho o Roberto. Ele estava com o braço encostado no braço da cadeira. Quando a tela iluminava mostrava o seu rosto lindo.
- Você não está gostando, né? - Ele sussurrou chegando mais perto de mim.
- Mais ou menos. - Me esforcei para minha voz sair normal.
- Você deveria ter dito.
- Eu não me importo com o filme.
- O lance da companhia de novo? - Ele disse sorrindo de orelha à orelha. Fiquei vermelha e apenas acenti. - Eu também gosto de estar com você.
Olhei para o olhos dele e o silêncio invadio o cinema. Mordi o lábio inferior e me aproximei dele ainda mais.
- É você que faz isso? - Sussurrei. - Porque se não for eu estou começando a ficar com medo.
- Me desculpe.
- Então é você?
- Eu consigo fazer isso. Mas eu tento não fazer.
- Mas como você consegue? - Perguntei e ele engoliu em seco. - Não precisa dizer se não quiser.
- Obrigado.
Desviei dos olhos dele e o som voltou. Isso não era de todo ruim. Pelo menos eu sabia que não estava ficando louca agora.
- Você tem medo de mim agora? Eu entendo se tiver. - Ele disse.
- Claro que não. - Revirei os olhos.
Ele sorriu e se encostou na cadeira do cinema. Tirei uma mexa do meu cabelo do rosto e a coloquei atrás da orelha. Me encostei também na cadeira. Ele se aproximou de novo de mim e sua boca ficou ao lado da minha orelha.
- Me desculpe. - Ele sussurrou soprando pelo meu pescoço.
Virei-me para ele pronta para perguntar pelo que. E os lábios dele estavam nos meus me impedindo até de pensar. Ele passou uma das mãos para a minha cintura e eu fiquei paralisada ali, apenas escultando meu coração bater mais acelerado do que o de costume. Ele me beijou e eu retribui agora. Passei uma das mãos por dentro do cabelo dele. Ele fastou de mim e eu não pude me mover.
Se todo primeiro beijo fosse assim não entendo o porque de todos terem medo dele.
Abri os olhos e ele ainda estava perto do meu rosto de olhos fechados ainda. Os lábios dele estavam entre abertos e eu o beijei de novo, colocando toda minha timidez de lado.Meu coração acelerou novamente. Ele retribuiu agora mexendo no meu cabelo.
Nos fastamos e ele sorriu para mim.
- Tá desculpado. - Disse. Ele riu e eu ri junto.
As luzes acenderam e eu notei que todos estavam saindo agora. Me levantei e ele levantou junto. Ele saiu pelo corredor de cadeiras na minha frente e eu o segui. Botei minha bolsa no ombro e andamos para fora do corredor. Ele pegou minha mão e meu coração palpitou, mais fraco do que pouco antes.
O corredor da saida do cinema estava vazio por as outras pessoas que estavam no cinema demorarem menos que a gente para sair. Ele me puxou pela mão que estava segurando e eu vi ele sorrindo.
Ele passou uma das mãos na minha cintura e eu fiquei na ponta dos pés para beijá-lo. Meu coração ainda batia frenéticamente com o beijo dele. Ele passou as duas mãos na minha cintura agora e eu passei uma mão no pescoço dele.
Continuamos andando de volta para o shopping enquanto eu recuperava meu fôlego.
- Você quer comer alguma coisa? - Ele perguntou.
- Não estou com fome.
Meu telefone tocou e eu dei um meio sorriso soltando a mão dele. Peguei meu celular dentro da bolsa.
- Oi, Bruno.
- Vivi, eu to com o Carlos aqui fora do shopping; Já acabou o cinema?
- Já sim.
- Você pode ir com a mamãe mais tarde se quiser.
Olhei para o Roberto que me olhava sem pressa no telefone.
- Vou agora. Me espere dois minutos.
- Certo.
Desliguei o celular e o botei e volta na bolsa. Olhei para o Roberto e fiz uma careta.
- Você tem que ir? - Ele perguntou fazendo uma careta também.
- Tenho.
- Você pode voltar comigo, se quiser.
- Evitar perguntas. Lembra?
- Eu vou te ligar de novo então. - Ele passou a ponta do dedo no meu nariz. Eu franzi o nariz.
- Pode ligar.
Me estiquei e toquei os lábios dele de novo. Sai em direção à porta e ele ficou ali ainda.
O carro prateado esperava no acostamento do estacionamento. Abri a porta do passageira da frente e o Bruno estava sentado, a fechei e fui para o banco de trás. Meu celular vibrou e eu o tirei da bolsa.
"Miss you. Roberto." Sorri lendo a mensagem e a arquivei. Botei o celular dentro da bolsa de novo.
O carro parou na frente da minha casa e eu e o Bruno saimos do carro.
- Você tava fazendo o que no shopping? - Perguntei. Ele limpou a garganta e abriu a porta. Eu ri e entrei depois dele. - Não precisa sentir vergonha, é normal.
- Vou pro meu quarto.
Ele subiu de dois em dois degraus e passou pro quarto dele. Meu quarto estava arrumado agora. Tirei a blusa branca e a guardei. Tirei meu sapato e botei na gaveta de sapatos. Me deitei na cama e peguei a bolsa.
Abri meu celular em mensagens e abri a mensagem de novo. "Miss you". Se ele soubesse que assim que dei as costas já estava com saudades. Cliquei em responder.
"Também sinto sua falta. Vivi." E enviei. Botei o telefone dele na agenda.

(Gente, novamente me desculpem pela gramática ou pela repetição de palavras. Estou me esforçando o máximo para sair cada vez melhor.)

2 comentários:

  1. Tudo bem Priscila! Isso é completamente normal! Estou anciosa pra o próximo capitulo!

    ResponderExcluir
  2. lindo,lindo esse clima de romance amei *;*

    ResponderExcluir