segunda-feira, 2 de março de 2009

Capítulo Oito - "Sinto sua Falta"

Que horas eu ligaria para ela? O relógio estava fazendo mais barulho do que o de costume. Uma e vinte seis. Disquei o celular e apertei telefonar. Chamou duas vezes.
- Alô? - Ela disse com uma voz fraca.
- Oi. Viviane? - Perguntei.
- É. Quem fala?
- Roberto. - Eu disse. - Não sabia se devia te ligar e...
- Devia sim. - Ela me interrompeu e eu ri.
- Então. Você vai fazer alguma coisa hoje?
- Hoje? Não tenho nada planejado. Porque?
- Eu também não tenho nada. Você aceitaria ir para algum lugar comigo?
- Qual lugar? Eu tenho que dizer pra onde vou para meus pais.
- Claro. Ainda não sei. Cinema?
- Claro. Que horas?
- Três? Me dá seu endereço para eu lhe pegar.
- Eu acho melhor a gente se encontrar lá. Tem algum problema? - Menos tempo com você, só isso.
- Não, nenhum. Encontro você na frente do cinema às três então.
- Certo. Tchau.
- Tchau, Viviane. - Desliguei o telefone antes de dizer que amava ela.
Eu teria que esperar uma hora e meia para ver ela? Eu devia ter marcado para agora. Abri a porta da cabana para sair e ver se tinha alguma coisa para fazer. Amanda estava na frente da minha porta mostrando todos os seus dentes em um sorriso.
- Eu vi que vocês dois vão sair hoje. Você não me conta nada. - Ela disse ainda no meio do sorriso.
- E preciso?
- Na verdade sim. Queria saber por você. Melhor do que por um sonho.
- Melhor saber por um sonho do que ter um poder ridículo como o meu.
- Não reclame. Ele irá servir um dia. - Ela disse revirando os olhos.
- Mas eu ainda não sei como.
- Continuando. Vocês vão pro cinema?
- Sim.
- E você vai beijá-la.
- Disso eu não sabia. - Ergui a sombrancelha.
- Mas vai. E eu quero muito que der certo.
Ela me abraçou passando os braços nas minhas costas e eu beijei a cabeça dela. Minha irmã era tudo para mim. Ela era meu porto seguro. E ela até agora tinha me ajudado em tudo, mesmo que minha vida nunca foi nada de interessante.
- Você sabe o que vestir? - Ela me perguntou quando me soltou.
- Na verdade, não.
- Vou lhe ajudar.
Ela poderia ocupar uma hora da minha vida só me fazendo trocar de roupa? Ela fez. Olhei no relógio e já era duas e meia.
- Vou com a blusa azul. Escolha a calça.
- Porque essa blusa?
- Porque ela sabe que eu tenho ela.
- Não será difícil de lhe achar. Você é muito bonito pra se passar despercebido.
- Escolha a calça, por favor.
Ela revirou os olhos e abriu a gaveta de calças jeans. Ela mexeu na primeira coluna de calça sem tirá-las do lugar. Pegou uma calça preta e jogou para mim. Vesti com pressa e beijei a testa dela em forma de agradecimento.
- Boa sorte. - Ela disse quando eu estava indo para a casa principal.
Passei pelo corredor e ninguém fez barulho nenhum enquanto eu passava. Peguei a chave do mesmo carro de ontem e desci para a garagem.
O caminho era curto, mas ficou longo de repente. Caminhei com pressa para o cinema, tinha poucas pessoas. Me sentei em uma cadeira enquanto o lugar ia enxendo. De repente o som que eu conhecia invadio a sala me deixando surdo de amor. Ela parou do meu lado.
- Oi, Roberto.
Eu levantei o rosto e sorri para ela. Me levantei em seguida ficando ao lado dela. Ela vestia uma calça jeans, uma blusa preta por baixo de uma branca. Uma bolsa preta combinava perfeitamente com a sandália. Ela estava absulatamente linda.
- Oi, Viviane. Você escolhe o filme? - Perguntei e ela mordeu o lábio.
- Não assisti nenhum que está passando. Você escolhe então.
- Veremos o que tem a guerra. - Eu sorri levantando as sombrancelhas.
- Por mim está ótimo.
Fomos em direção ao caixa e eu paguei o ingresso dela. Era o mínimo que eu poderia fazer. Ela fez uma careta quando dei o ingresso para ela mas agradeceu.
Ela comprou um refrigerante mas eu não quis nada, como sempre. Entramos na sala que estava quase vazia. Procurei um lugar bom enquanto ela olhava para o resto da sala. Apontei com a mão a primeira fila e ela passou na minha frente. Seu cabelo trazia um cheiro de shampoo que era delicioso.
- Você tem irmãos? - Ela perguntou.
- Uma irmã. - Sorri lembranco do quanto doce era a Amanda. - E você?
- Um irmão. Mais novo que eu.
- Me desculpe perguntar. - Fechei os olhos com vergonha. - Mas você tem namorado? - Ela soltou uma gargalhada baixa.
- Não. E você?
- Não. - Abri os olhos encontrando com os dela.- Porque você não quiz que eu fosse lhe pegar?
- Não é isso. É que eu não gosto de explicar as coisas aos meus pais. Só evitei.
- Eles achariam ruim? - Frazi a testa.
- Na verdade minha mãe ia achar o contrário.
- Como assim? - Me inclinei sem querer ficando mais perto dela.
- Eu tenho 17 anos e... eu nunca namorei ninguém. E sair com um menino iria transformar isso em muitas perguntas.
- E você responderia o que?
Ela sorriu e mexeu no cabelo baixando a cabeça. Não queria deixá-la assim.
- Desculpe.
- Não. É que eu não saberia o que responder.
- Se ela perguntasse se eu sou bonito o que você responderia? - Brinquei
- Que você é lindo. - Eu sorri.
- Se ela perguntasse se você gosta de ficar comigo. O que você responderia? - Sussurrei perto da orelha dela.
Ela não respondeu apenas virou o rosto nos deixando próximos demais. Lembrei do que Amanda disse sobre hoje e fastei sorrindo dela. As luzes começaram a baixar e o filme tinha começado.
Notei ela impaciente olhando para todos os lugares e só as vezes para tela. O que eu tinha na cabeça de levar uma garota para um filme que só passa sangue?
- Você não está gostando, né? - Sussurrei.
- Mais ou menos.
- Você devia ter dito.
- Eu não me importo com o filme.
- O lance da companhia de novo? - Perguntei sorrindo de alegria. Ela acentiu. - Também gosto de estar com você.
Ela olhou nos meus olhos e não deu tempo de eu pensar direito para voltar o som do lugar. Ela mordeu o lábio inferior e se aproximou de mim.
- É você que faz isso? - Ela sussurrou. - Porque se não for eu estou começando a ficar com medo.
- Me desculpe.
- Então é você?
- Eu consigo fazer isso. Mas eu tento não fazer.
- Mas como você consegue? - Ela perguntou e eu engoli em seco. - Não precisa dizer se não quiser.
- Obrigado.
Como eu diria à ela isso? O medo invadio minha cabeça. Ela era apenas uma garota linda que teria uma vida perfeita sem mim. Mas eu me meti na vida dela e estava querendo mudar a vida dela por completo agora. Metade de mim queria que ela sentisse medo de mim, assim eu poderia ir embora. Mas a outra metade queria que ela me amasse, assim eu poderia viver com ela.
- Você tem medo de mim agora? Eu entendo se tiver. - Disse.
- Claro que não. - Ela revirou os olhos.
Me encostei na cadeira sorrindo. Ela mexeu em uma mexa do cabelo e depois se encostou também. Aproximei meus lábios da orelha dela.
- Me desculpe. - Sussurrei.
Ela se virou, talvez pronta para perguntar pelo que. Mas eu a impedi de falar qualquer coisa com os meus lábios no dela. Os lábios dela tinham um gosto que eu talvez nunca sentisse na vida. O coração dela acelerou e o som ficou mais claro para mim. Passei a mão na cintura dela e a beijei, ela retribuiu e eu tive vontade de pular de alegria. Mas eu não deixaria os lábios dela. Ela passou os dedos no meu cabelo.
Eu fastei e fiquei apreciando aquele momento de olhos fechados. Meus lábios estavam entre abertos aproveitando cada segundo daquele momento. Os lábios dela estavam nos meus e eu retribui o beijo. Passei a mão no cabelo dela trazendo o cheiro para mim.
Nos fastamos e eu sorri de orelha à orelha para ela.
- Tá desculpado. - Ela disse e eu ri.
Eu poderia passar o resto de minha vinda sentado ali com ela. Mas as luzes acenderam e todo mundo já tinha levantado. Levantei junto com ela. Sai pelo corredor da nossa fila de cadeiras e ela me seguiu. Ela estava ajeitando a bolsa no ombro. Eu segurei a mão livre dela. O coração dela soou mais alto, mas ela controlou.
O corredor estava vazio, por eu andar tão humanamente devagar. A puxei pela mão que eu segurava e sorri quando ela se virou para mim. Passei minha mão pela cintura dela e ela levantou os pés para tocar nossos lábios. Eu segurei a cintura dela como se ela fosse embora quando o coração dela começou a acelerar mais ainda. Ela passou a mão no meu pescoço sem me deixar sair. Como se eu quisesse.
Continuamos andando pelo corredor da saida do cinema.
- Você quer comer alguma coisa?
- Não estou com fome. - Ela disse.
O telefone dela tocou dentro da bolsa e ela me deu um meio sorriso soltando minha mão. Queria segurá-la de volta, mas ela estava pegando a bolsa agora.
- Oi, Bruno. - Houve silêncio por pouco tempo. - Já sim. - Ela olhou para mim. - Vou agora. Me espere dois minutos.
Ela botou o celular na bolsa e virou para mim com uma careta linda.
- Você tem que ir. - Disse como uma afirmação, mas ela entendeu como pergunta.
- Tenho.
- Você pode voltar comigo, se quiser.
- Evitar perguntas. Lembra?
- Eu vou te ligar de novo então. - Eu passei o dedo no nariz dela e ela o fraziu.
- Pode ligar.
Ela se esticou e tocou os lábios no meu. Não o tempo que eu gostaria. Deu as costas e saiu com a velocidade normal dela. Me encostei na parede. Imagens dela depois do nosso beijo veio na minha cabeça.
Peguei meu celular e abri em uma nova mensagem. O que eu escreveria? Te amo era muito desesperado, porém verdade. Sinto sua falta muito clichê. Miss you. Ela sabia que eu falava inglês, e provavelmente ela também falava.
"Miss you. Roberto." Procurei o nome dela na agenda e enviei a mensagem.
Eu peguei meu carro no estacionamento e voltei para casa. Não queria vigiar ela hoje. Passei muito tempo com ela. Meu celular bipou quando eu saia do carro na garagem de minha casa.
"Também sinto sua falta. Vivi." Arquivei a mensagem e guardei o celular no bolso.
Olhar ela não me parecia tão mal mais. Quando peguei as chaves novamente a Amanda apareceu do meu lado sorrindo com uma ansiedade nos olhos.

(Ainda estou com problemas para divulgar. Divulguei em algumas comunidades no orkut, mas não acho que deu certo. É uma pena. Estou anciosa para outros comentários sobre minha história.)

3 comentários:

  1. É realmente os comentários de uma só pessoa é muito monótono! Bem que tipos de comus você divulgou a sua história?
    Cap. 8! *-*

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  2. Várias comus. Não tem uma específica. Vou procurar outras.

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  3. ai lindo, só o que eu tenho a dizer *;*

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